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Elcio Xavier |
Neste poema, Elcio Xavier, o Príncipe dos Poetas, nos conduz por um universo de emoções contrastantes, onde desejos e realidade se encontram em tensão. Entre sombras e luz, frio e orvalho, solidão e amor, o eu lírico revela suas limitações e a passagem inexorável do tempo. Cada imagem é um convite à reflexão sobre os sonhos, as frustrações e a beleza melancólica da vida.
O poema apresenta um diálogo imaginário entre desejo e realidade, onde o eu lírico reconhece suas limitações e a impossibilidade de atender plenamente ao outro.
A leitura do poema é um mergulho poético na sensibilidade de um autor que soube transformar sentimentos em imagens vivas e duradouras, reafirmando seu título de Príncipe dos Poetas.
O jornal O Norte Fluminense homenageia o Dia do Poeta apresentando uma obra-prima do bonjesuense Elcio Xavier, o Príncipe dos Poetas, intitulada "Poema do Desalento", de Elcio Xavier, publicada em ROSAQUARIUM, 2ª edição, 2017, Editora O Norte Fluminense.
POEMA DO DESALENTO
Elcio Xavier
Tu me pedias o silêncio
da flor que chora olhares,
e dei-te a solidão e mar.
Querias o frio e uivos nos vales
onde corações se perdem,
dei-te sombras andrajosas,
o velho mosteiro sem calor
e encruzilhadas fatídicas.
Agora me pedes a luz implume
com orvalho nos raios
e sons de amor na face.
Queres as ondas delicadas
onde se banham folhas
e perdidas aves matizam
suas asas de aventura.
Dar-te-ei apenas o crepúsculo
de meus olhos envelhecidos.
Estrutura e forma
O poema não segue métrica ou rimas regulares, aproximando-se de um verso livre, típico da poesia moderna.
É organizado em três estrofes, cada uma com progressão de significado:
1. O que foi dado em resposta ao pedido (sombras, solidão, frio).
2. Novos desejos e expectativas (luz, amor, natureza).
3. Resposta final do eu lírico (crepúsculo, olhos envelhecidos).
Há paralelismo entre o que é pedido e o que é oferecido, reforçando tensão entre desejo e realidade.
Tema
Impossibilidade e limitação do amor ou da experiência: o eu lírico não consegue atender plenamente aos desejos do outro.
Solidão e frustração: Há sempre um contraste entre expectativa e realidade.
Passagem do tempo: o “crepúsculo de meus olhos envelhecidos” sugere envelhecimento, memória e talvez arrependimento.
Natureza como reflexo emocional: o frio, os vales, ondas, folhas e aves refletem estados de espírito e sentimentos.
Linguagem e estilo
Lírico e simbólico: O poema usa imagens poéticas intensas para evocar sensações e emoções.
Ex.: “o velho mosteiro sem calor”, “sombras andrajosas”, “ondas delicadas onde se banham folhas”.
Contraste e antítese
Primeiro quadro: solidão, frio, sombras, encruzilhadas.
Segundo quadro: luz, orvalho, sons de amor, natureza viva.
O contraste enfatiza o descompasso entre o que se deseja e o que se pode oferecer.
Personificação e metáfora
Flores que “chora(m)olhares” dão vida à natureza para expressar sentimentos.
“Crepúsculo de meus olhos envelhecidos” metaforiza a limitação, a experiência e a tristeza do eu lírico.
Atmosfera e tom
Melancólico e contemplativo: o poema transmite nostalgia, arrependimento e consciência da impossibilidade de corresponder plenamente ao desejo do outro.
Introspectivo: O foco está no eu lírico, sua percepção, memória e limitações diante da expectativa alheia.
Simbolismo
Silêncio, frio, sombras, encruzilhadas: Representam dor, solidão, limites e frustração.
Luz, orvalho, ondas, aves: Representam amor, esperança, leveza e liberdade.
Crepúsculo: Símbolo de fim, transição, envelhecimento e despedida, condensando todas as experiências do eu lírico.
A voz de Elcio Xavier ainda habita as margens do Itabapoana, onde cada curva do rio é verso, cada vento é canção, e o tempo, paciente, guarda os ecos de uma terra que nunca se cala.
Viva Elcio Xavier, mestre da palavra e do sentimento!
Que o Príncipe dos Poetas ecoe para sempre!
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