segunda-feira, 20 de outubro de 2025

No Dia do Poeta, trazemos “Poema do Desalento”, uma obra-prima de Elcio Xavier, o Príncipe dos Poetas

 

Elcio Xavier 

Neste poema, Elcio Xavier, o Príncipe dos Poetas, nos conduz por um universo de emoções contrastantes, onde desejos e realidade se encontram em tensão. Entre sombras e luz, frio e orvalho, solidão e amor, o eu lírico revela suas limitações e a passagem inexorável do tempo. Cada imagem é um convite à reflexão sobre os sonhos, as frustrações e a beleza melancólica da vida.

O poema apresenta um diálogo imaginário entre desejo e realidade, onde o eu lírico reconhece suas limitações e a impossibilidade de atender plenamente ao outro.

A leitura do poema é um mergulho poético na sensibilidade de um autor que soube transformar sentimentos em imagens vivas e duradouras, reafirmando seu título de Príncipe dos Poetas.

O jornal O Norte Fluminense homenageia o Dia do Poeta apresentando uma obra-prima do bonjesuense Elcio Xavier, o Príncipe dos Poetas, intitulada "Poema do Desalento", de Elcio Xavier, publicada em  ROSAQUARIUM, 2ª edição, 2017, Editora O Norte Fluminense.


POEMA DO DESALENTO


Elcio Xavier


Tu me pedias o silêncio

da flor que chora olhares,

e dei-te a solidão e mar.

Querias o frio e uivos nos vales

onde corações se perdem,

dei-te sombras andrajosas,

o velho mosteiro sem calor

e encruzilhadas fatídicas.


Agora me pedes a luz implume

com orvalho nos raios

e sons de amor na face.

Queres as ondas delicadas

onde se banham folhas

e perdidas aves matizam

suas asas de aventura.


Dar-te-ei apenas o crepúsculo 

de meus olhos envelhecidos.



Estrutura e forma

O poema não segue métrica ou rimas regulares, aproximando-se de um verso livre, típico da poesia moderna.

É organizado em três estrofes, cada uma com progressão de significado:

1. O que foi dado em resposta ao pedido (sombras, solidão, frio).

2. Novos desejos e expectativas (luz, amor, natureza).

3. Resposta final do eu lírico (crepúsculo, olhos envelhecidos).

Há paralelismo entre o que é pedido e o que é oferecido, reforçando tensão entre desejo e realidade.

Tema

Impossibilidade e limitação do amor ou da experiência: o eu lírico não consegue atender plenamente aos desejos do outro.

Solidão e frustração: Há sempre um contraste entre expectativa e realidade.

Passagem do tempo: o “crepúsculo de meus olhos envelhecidos” sugere envelhecimento, memória e talvez arrependimento.

Natureza como reflexo emocional: o frio, os vales, ondas, folhas e aves refletem estados de espírito e sentimentos.

Linguagem e estilo

Lírico e simbólico: O poema usa imagens poéticas intensas para evocar sensações e emoções.

Ex.: “o velho mosteiro sem calor”, “sombras andrajosas”, “ondas delicadas onde se banham folhas”.

Contraste e antítese

Primeiro quadro: solidão, frio, sombras, encruzilhadas.

Segundo quadro: luz, orvalho, sons de amor, natureza viva.

O contraste enfatiza o descompasso entre o que se deseja e o que se pode oferecer.

Personificação e metáfora

Flores que “chora(m)olhares” dão vida à natureza para expressar sentimentos.

“Crepúsculo de meus olhos envelhecidos” metaforiza a limitação, a experiência e a tristeza do eu lírico.

Atmosfera e tom

Melancólico e contemplativo: o poema transmite nostalgia, arrependimento e consciência da impossibilidade de corresponder plenamente ao desejo do outro.

Introspectivo: O foco está no eu lírico, sua percepção, memória e limitações diante da expectativa alheia.

Simbolismo

Silêncio, frio, sombras, encruzilhadas: Representam dor, solidão, limites e frustração.

Luz, orvalho, ondas, aves: Representam amor, esperança, leveza e liberdade.

Crepúsculo: Símbolo de fim, transição, envelhecimento e despedida, condensando todas as experiências do eu lírico.

A voz de Elcio Xavier ainda habita as margens do Itabapoana, onde cada curva do rio é verso, cada vento é canção, e o tempo, paciente, guarda os ecos de uma terra que nunca se cala.

Viva Elcio Xavier, mestre da palavra e do sentimento!

Que o Príncipe dos Poetas ecoe para sempre!








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