domingo, 5 de outubro de 2025

Os Cinco de Pirapetinga e a Mangueira da Esperança


 Por Adalto Boechat Júnior 



A mangueira da resistência: uma lição de vida e de amor que brota do coração de Pirapetinga


A velha mangueira da praça de Pirapetinga, mesmo cercada por asfalto, esquecimento e abandono, nos presenteia todos os anos com suas melhores mangas.

Ela é uma mestra silenciosa, ensina que nenhuma agressão, verbal ou física, é capaz de impedir a vida de florescer.

As vozes e ações destrutivas até podem rondar a fonte da vida, mas serão sempre derrotadas.

Por ideia de dona Dulcineia, uma das integrantes do grupo Cinco de Pirapetinga - seu Norberto, dona Dulcineia, João Victor, eu e Dra. Lina -,  produzi cinquenta mudas de mangueira e as distribuímos para quem deseja produzir frutas.

Acho que essa é mais uma lição para a humanidade: é preciso cuidar, a cada dia, de fazer brotar as sementes do amor, mesmo em meio ao ódio que tenta contaminar o mundo.

E surge seu Norberto, agrônomo experiente, orientando o preparo das sementes. Ele e dona Dulcineia, já idosos, guardam ideias novas e corações jovens. Dona Dulcineia, perfeccionista e delicada, ensina como lidar com as crianças: como agir com elas, como conversar, como compreender suas dificuldades e seus encantos.

Em outro momento, sementes de flores foram lançadas no projeto Florescer com os Meninos de Quinta-feira, o grupo de crianças que se reúne semanalmente para aprender e criar. Hoje, flores coloridas embelezam as áreas vizinhas ao asfalto, como um recado vivo: a dureza da vida jamais impedirá que a poesia e a beleza prosperem.

Entre os que alimentam esse sonho está também Dra. Lina, presença constante e generosa, sempre apoiando as iniciativas educativas e culturais de Pirapetinga. Ela acredita, e ensina, que só a cultura liberta.

No dia da colheita da horta, os cães que a guardam receberam com alegria as crianças, a mim e João Victor Oliveira.

As crianças aprenderam a regar as flores e cuidar da horta, enquanto João Victor as ajudava com os deveres de casa e eu preparava a refeição com o  mesmo carinho de um tio. Entre uma tarefa e outra, ecoavam vozes pequenas, cheias de verdade: “Eu sou feliz desenhando”, diz uma. “Aqui a gente aprende muito”, comenta outra. “Aqui a gente é feliz!”, exclama a terceira.

O número cinco, símbolo da mudança, da liberdade e da harmonia, atravessa muitas tradições. Na fé, representa a graça de Deus; nas antigas culturas, os cinco elementos da criação: terra, água, fogo, ar e espaço. É também o número do equilíbrio, o ponto central entre o céu e a terra.

Em Pirapetinga, o cinco ganha corpo e alma no quinteto da esperança: seu Norberto, dona Dulcineia, João Victor, Dra. Lina e minha humilde contribuição.

Pode-se dizer que somos os Cinco de Pirapetinga, sementes humanas que ensinam ao mundo que a verdadeira revolução é a do cuidado, da amizade e da partilha. E enquanto houver uma mangueira florescendo entre o asfalto e o abandono, a vida continuará escrevendo sua poesia na terra fértil do amor.











 


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