segunda-feira, 24 de junho de 2024

OS 85 ANOS DA LIRA OPERÁRIA BONJESUENSE, LANÇAMENTO DO CD E DA RÁDIO NOVA CULTURA


 

SER FELIZ

 

Wilma Martins Teixeira Coutinho 


Eu nasci de um Poeta

Sou toda poesia.

Cada linha que traço 

Cheio de melodia


Quando o dia amanhece

Com estrela ainda no Céu 

Agradeço a Jesus

Seu amor tão fiel!


É feliz quem acredita.

Nessa força do amor

Meu coração acredita

Com todo o fervor


Wilma

domingo, 23 de junho de 2024

"Festas Juninas Em Pleno Vapor", por Rogério Loureiro Xavier

 


Olá 👋 pessoa amiga e do bem. 


*"Festas Juninas Em Pleno Vapor ... 🤠🔥🎼🎶🎵🪗🥁"*


(As Festas Juninas são as comemorações mais famosas que acontecem pelo Brasil no mês de junho.)


Essa comemoração é realizada, principalmente, em celebração ao Santo Antônio (13/06), São João (24/06) e São Pedro (29/06)


As festas são pura alegria, cheias de comidas deliciosas, músicas e danças animadas e uma decoração encantadora, que contagia todos que estão presentes, levando felicidade do mais velho ao mais novo. 


Vamos festejar, cantar e brincar no ritmo das festas em homenagem a São João. Vamos pular a fogueira, dançar quadrilhas, bebemorar (com moderação) e se deliciar com as tradicionais guloseimas.  

   

Desejo que no seu Arraiá do bem não falte os verdadeiros amigos, amor, paz e alegrias.

 

*Minha felicidade é saber que você esta feliz!* 


*Nesta noite de festança, todos caem na dança alegrando o coração. Foguetes, cantos e troça, na cidade e na roça, em louvor a São João!*


✍ ... Amigo Rogerio LX



DANIEL GONÇALVES É O CORRESPONDENTE INTERNACIONAL DO JONF (JORNAL O NORTE FLUMINENSE) NOS AÇORES

 

Daniel Gonçalves 



Daniel Gonçalves é um carioca açoriano de 39 anos, pai da Maria Flor, à espera da segunda filha Ana Lua e esposo de Monique Vieira, sua eterna companheira e fonte de inspiração. É Historiador pela UFRJ, pós-graduado em História do Rio de Janeiro e em Gestão escolar, mestre em Tecnologia da Educação pela CEFET e doutorando em História Política e Cultural pela UERJ. Atua como professor, formador, contador de histórias, pesquisador e agente cultural há mais de 10 anos. À frente da Florescer Educação, empresa de projetos culturais e educacionais, trabalha acreditando ser possível compor o mundo por meio do acolhimento de ideias e de pessoas tendo como ferramenta a educação.  

A história de Daniel com os Açores começa no berço familiar, pois foi criado num lar que respirava a cultura açoriana e sempre brincou nos salões da Casa dos Açores do Rio de Janeiro, onde seu pai foi Diretor e vice-Presidente e seu avô foi Presidente por longos mandatos. Porém as desventuras da adolescência o distanciaram da cultura açoriana até que recebeu o convite para cursar uma formação de viola da Terra na Ilha Terceira, realizado pelo Direção Regional das Comunidades do Governo dos Açores, quando tinha os seus áureos 18 anos.

Daniel topou o desafio e acabou se apaixonando não só pela música, mas pelo folclore e pela cultura de seus antepassados. Retornou não só com o compromisso de ingressar no mais antigo grupo de folclore açoriano no mundo fora dos Açores, o Grupo Folclórico Padre Tomáz Borba, da Casa dos Açores do Rio de Janeiro, mas trocou sua faculdade de Economia pela faculdade de História e enveredou no cominho acadêmico para redescobrir suas raízes e registrar a memória de sua comunidade.  

Durante toda sua formação acadêmica, trabalhou com pesquisas na área de emigração açoriana e associativismo, principalmente para a sua cidade de origem, o Rio de Janeiro. Escreveu artigos, participou como autor e organizador de livros e produziu dois documentário, em parceria com a Casa dos Açores do Rio de Janeiro, sobre o tema. É pesquisador convidado do CHAM (Centro de Investigação da Universidade dos Açores) e, amante da história e da cultura açoriana que faz parte de sua vida desde a infância.  

Essa experiência e o afeto pelos Açores o levaram ao cargo de Diretor Cultural da Casa dos Açores do Rio de Janeiro, que ocupa há mais de uma década. Por causa de sua atuação profissional, contribuiu para o início de uma linda história com a cidade de Bom Jesus do Itabapoana (RJ): ao promover uma tertúlia sobre as festas do Divino Espírito Santo na Casa dos Açores do Rio de Janeiro, recebeu a visita de Antônio Borges, ilustre pesquisador, morador e apaixonado pela história e cultura Bonjesuense, local que tem suas origens na ocupação e na colonização açoriana da cidade. Antônio ficou logo encantado com a proximidade da cultura de sua cidade natal com a apresentada na Casa dos Açores e tratou de fazer amizade com o açoriano Francisco Gonçalves, pai de Daniel, que demonstrou grande entusiasmo ao seu filho ao pedir que fossem feitas pontes e tratativas com o Governo dos Açores para que essa comunidade entrasse no mapa da diáspora açoriana. Daniel percebeu a importância da cidade de Bom Jesus para o mapa de açorianos no mundo, reconheceu a linda história de preservação cultural continuada por Padre Melo, que une a sociedade Bonjesuense aos Açores, e buscou, com o apoio de parcerias, divulgar a notícia e estabelecer o contato entre Bom Jesus de Itabapoana, a cidade de Viana (ES) e o Governo Regional dos Açores, para que fosse criada a Casa dos Açores do Espírito Santo, na qual exerce também o cargo de Diretor de Relações Institucionais.  

Daniel Gonçalves também foi eleito Conselheiro da Diáspora Açoriana pelo Estado do Rio de Janeiro, em 2021, representando a comunidade açoriana de sua terra natal. Buscando uma vida mais tranquila e a realização de um sonho de infância, emigrou com sua família em maio de 2023 para a Ilha Terceira, terra de seu pai, Francisco Gonçalves e de seu avô materno Francisco Machado Evangelho.  

Hoje, nos Açores, cria novas formações para o Centro de Qualificação dos Açores e é formador da Rede Valorizar, além de promover oficinas educativas para crianças, adolescentes e adultos em conjunto com sua esposa, que é pedagoga e mestre em Psicologia Social. Como família estão trilhando um bonito caminho de auxílio aos cidadãos açorianos, já reconhecido pela comunidade com visibilidade em diferentes mídias dos órgãos de comunicação do arquipélago, levando um pouco da alma carioca e do acolhimento e da humanidade nas relações pessoais e profissionais por meio de projetos educacionais.

Por conta dessa experiência, tanto acadêmica quanto de vida de relacionamento com os Açores, o historiador, o açordescendente e o amante da cultura das Ilhas de Bruma se dispôs a ser nosso correspondente internacional para nos trazer informações sobre temas históricos e atuais do arquipélago que deu origem aos primeiros habitantes de nossa cidade de Bom Jesus do Itabapoana e marcará presença mensalmente em nosso jornal.



Bandeira dos Açores 

Bandeira de Bom Jesus do Itabapoana 


Suspiro de Amor

 

Wilma Martins Teixeira Coutinho 


Que dia maravilhoso neste domingo de sol. As aves voando aos céus, as asas dançando em balé, felizes em liberdade para o além do espaço pleno. Liberdade! De pensar. Liberdade de amar! Liberdade de sonhar! Somos prisioneiros da paixão que põe grades em nossos corações acorrentados com a saudade. Voar é alcançar a plenitude do amor, que às vezes distante, está tão próximo, mas não o enxergamos. O amor vital, o amor amado. O amor que enobrece a alma, o amor que delira, o amor que perdoa. O amor sublime que vem da alma. Esse Amor é imortal.


Wilma

A II FLICbonjê e a Editora Revidreams

 

Alessandra Ribeiro de Abreu 


A Editora Revidreams é representada por Alessandra Ribeiro de Abreu, natural de Vitória – ES. A editora nasceu do sonho de levar às pessoas a esperança, o desejo de seguir em frente e que tudo é possível. Hoje, já conta com mais de 10 autores de estados diferentes do Brasil. Alessandra, filha de Claudia Regina Ribeiro de Abreu Reis e José Carlos Borges de Abreu, é neta de Maria Teresinha Borges de Abreu e Agostinho Teixeira de Abreu. Desde pequena vai a Bom Jesus do Itabapoana para ver a família, e a cidade é muito importante para ela.

Alessandra é pós-graduada em Revisão de Texto e Alfabetização e Letramento, com graduação em Letras - Português. Cursa ainda Direito e Complementação Pedagógica. Escreve desde pequena, mas teve seu primeiro livro publicado em 2020. Em 2022, fundou a Editora Revidreams. É Acadêmica Correspondente da ACLAPTCTC, Acadêmica Correspondente da Academia Cariaciquense de Letras e Acadêmica Efetiva da ACALEJES. Também participa do coletivo Diversidade Literária. Participou de diversas feiras literárias, como 1ª Feira Literária de Jardim Camburi, Feira Literária Itinerante, 1ª Feira Literária da Mulher Capixaba. Agora é uma das organizadoras da II FLICbonjê, feira literária que ocorrerá de 8 a 11 de agosto de 2024 em Bom Jesus do Itabapoana e que contará com a presença de autores e academias de várias cidades, inclusive Vitória - ES, sua cidade.

Um dos livros publicados pela Editora Revidreams 


Livros publicados pela Editora Revidreams 





sábado, 22 de junho de 2024

22 de junho: 5 anos de saudade de Delton de Mattos, um dos gênios da literatura brasileira


Delton de Mattos, um dos gênios de nossa literatura 


Há cinco anos, teve início a saudade do bonjesuense Delton de Mattos, um dos gênios da literatura brasileira.

Filho de Mário Nunes da Silva e Pautilha Nunes de Mattos, nasceu na Serra do Tardin, no dia 20 de abril de 1925. Seus avós paternos foram Elias Nunes da Silva e Maria da Silveira Nunes. Os avós maternos, por sua vez, foram Porphirio Franca de Mattos e Etelvina de Mattos Picança.

Aos 12 anos, ingressou no Colégio Rio Branco, onde cursou o exame de Admissão.

Foi colaborador do jornal O Norte Fluminense, fundado por Ésio Bastos, no dia 25 de dezembro de 1946, desde o início das atividades deste.

Autor de vários livros, editou ainda obras preciosas de autores bonjesuenses e bonjesuistas, como Padre Mello, Octacílio de Aquino, Romeu Couto, Athos Fernandes e Antônio Dutra.

Foi um dos grandes intelectuais do Brasil, tendo sido o pioneiro nos estudos da Tradutologia.

Dennys Silva-Reis, de Brasília, da Universidade de Brasília, Mestre em Estudos da Tradução (POSTRAD) e doutorando em Literatura (POSLIT) pela Universidade de Brasília, tradutor e cronista em seu blog Historiografia da tradução no Brasil (http://historiografiadatraducaobr.blogspot.com.br). E-mail: reisdennys@gmail.com. Brasília, Brasil. salientou bem a importância de Delton de Mattos para as letras do país, como se segue.


Delton de Mattos - um pioneiro dos Estudos de Tradução

"Atuou na universidade de Brasília como o pioneiro na formação do curso de Letras-Tradução. Todavia, ele é memorável por ter sido sua a iniciativa da publicação de 3 livros sobre tradutologia (talvez, a época da publicação, conceito ainda inexistente no Brasil):

Delton de Mattos (org.), A formação do tradutor em nível universitário.Horizonte, 1980.

Delton de Mattos (org..), Cultura e tradutologia. Thesaurus, 1983.

Delton de Mattos (org.), Estudos de tradutologia. Kontakt, 1981.

Somente pelos títulos do livros organizados podemos imaginar o quanto à época eles eram inovadores para a área de Letras e para os Estudos de Tradução.

Provavelmente, devem existir outros artigos e textos sobre o assunto de autoria de Delton Mattos. Uma pesquisa mais profunda sobre sua contribuição para os Estudos de Tradução no Brasil seria bem vinda.

Dennys Silva-Reis"

Em 2016, O Norte Fluminense publicou a seguinte matéria:

Delton de Mattos e a Panificadora Família Borges

Há cerca de 25 anos, Delton de Mattos, um dos gênios de nossa literatura, apontou, em uma de suas crônicas, que não encontrava em nosso município uma "casa de chá", cujo clima "aconchegante" propiciasse o encontro das pessoas.

Disse ele: "Não encontrei em Bom Jesus a possibilidade de tomar um chá, nos bares e restaurantes. Uma casa de chá é sempre um local aconchegante, que estimula a aproximação entre as pessoas, além de oferecer alternativa ao consumo exagerado da cafeína, tão nociva ao estômago e aos nervos " (1991) (publicado em "Só uma penca de bananas", 1994).

Muitos anos depois, a Panificadora Família Borges veio transformar em realidade o sonho de Delton de Mattos, estabelecendo em Bom Jesus, num prédio histórico de 1922, um local aconchegante que favoreceu o encontro não apenas das pessoas, mas de nossa história.

O Café Bistrô, que sucedeu à Panificadora Família Borges, constitui hoje um extraordinário local de encontro das pessoas e da história.

Delton de Mattos foi alvo de importante homenagem no Rio de Janeiro, como revela o texto a seguir.


GRANDE HOMENAGEM A DELTON DE MATTOS


Pelo Dr. Sebastião Freire


      Foi realizada, no dia 09/11/2018, na capital do Estado, no colégio Maria Raythe, Tijuca, uma justíssima e grande homenagem ao ilustre e Eminente Bonjesuense – DELTON DE MATTOS.

      O mega evento foi organizado por seu grande amigo e companheiro de trabalho, Dr. ROBERTO BENATHAR, a quem o cumprimentamos e aplaudimos em nome de todos os bonjesuenses e familiares do Dr. Delton de Mattos.

      A justa homenagem foi em razão da profícua administração de DELTON DE MATTOS junto ao colégio Maria Raythe, onde o Autor da solenidade compilou uma extensa apostila com as realizações importantes do DELTON DE MATTTOS em prol da cultura científica do Brasil.

      É importante ressaltar o valor de uma amizade que uniu DELTON e Dr. ROBERTO, que teve a gentileza de encaminhar dois exemplares de referida apostila, através do bonjesuense e ilustre Advogado Dr. JOÃO JOSÉ ASSAD, filho do saudoso Alexandre José Assad, que compareceu à Reunião de Homenagem, para ser entregue ao Poder Legislativo de Bom Jesus do Itabapoana e a outra para ser enviada aos familiares de DELTON DE MATTOS.

O Poder Legislativo de Bom Jesus do Itabapoana, que, embora convidado, não mandou representante, que na nossa ótica foi, no mínimo, decepcionante.

Parabenizamos o autor da solenidade, bem como ao Dr. JOÃO JOSÉ ASSAD, que está sempre atento ao que se diz respeito aos interesses de nossa Bom Jesus do Itabapoana-RJ. 

No dia 3 de outubro de 2015, ocorreu uma noite memorável em homenagem a Delton de Mattos, conforme matéria de O Norte Fluminense que segue. 

NOITE HISTÓRICA RESGATA GÊNIOS DA CULTURA BONJESUENSE

Ocorreu no dia 03 de outubro passado (2015), na Câmara Municipal, um dos maiores eventos culturais da região, em comemoração à implantação da Câmara de Vereadores, que sucedeu no dia 04 de outubro de 1947, após a nossa 2ª emancipação.

A solenidade foi organizada pelo advogado Sebastião Freire Rodrigues, um dos nomes mais respeitados nossa sociedade, que promoveu o lançamento de quatro livros de gênios da literatura bonjesuense: Padre Mello, Octacílio de Aquino, Romeu Couto e Athos Fernandes,editados por Delton de Mattos, outro monstro sagrado das nossas letras. 

O salão da Câmara ficou lotado para a noite histórica

Este evento histórico, marco em nossa região, distribuiu gratuitamente 1.500 (mil e quinhentos) livros dos autores mencionados.

Na oportunidade, Sebastião Freire Rodrigues foi agraciado com a Medalha Tiradentes, a maior honraria concedida pelo estado do Rio de Janeiro, através da Assembleia Legislativa. 

Dr. Sebastião Freire Rodrigues (centro), recebeu a Medalha Tiradentes, a maior honraria concedida pelo estado do Rio de Janeiro. À esquerda: Dra. Andreia Guimarães (representante do deputado estadual Marcus Vinícius), que entregou a honraria, Dra. Suzanyh Peres Veniali, Flavia Nunes, (filha do Dr. Sebastião). Dr. Sebastião Freire Rodrigues, Ledyr Nunes Rodrigues (esposa Dr. Sebastião) e Luciano Nunes (Presidente da Câmara Municipal de Bom Jesus)

O advogado Sebastião Rodrigues, quando foi procurador da Câmara de Vereadores, promoveu tratativas para a obtenção do apoio financeiro necessário para que Delton de Mattos pudesse publicar as obras que se basearam em textos extraídos do jornal A Voz do Povo, fundado por Osório Carneiro. Este jornal foi o repositório de alguns dos monstros sagrados da literatura bonjesuense, capitaneados por Padre Mello, o pai da cultura bonjesuense.

Delton de Mattos realizou as ricas pesquisas no jornal, contando com o apoio de dra. Nísia Campos, redatora de A Voz do Povo.

Mil e quinhentos livros estão sendo distribuídos gratuitamente para a sociedade bonjesuense

Na noite memorável, marcaram presença o consagrado Grupo Musical Amantes da Arte e a Lira Operária Bonjesuense, conhecida como A Furiosa. 

O magistrado dr. Luiz Alberto Nunes da Silva discorreu sobre Octacilio de Aquino (ver discurso ao final), dra. Nísia Campos falou sobre a obra de Padre Mello, Maria Izabel Monteiro Nunes considerou sobre a obra de seu pai Athos Fernandes, dra. Suzanyh Péres Veniali referiu-se a Romeu Couto, representando Roulien Boechat, responsável pela Biblioteca Romeu Couto, de Bom Jesus do Norte (ES), dr. Ederaldo do Carmo, que foi o autor do prefácio do livro sobre Padre Mello, esmiuçou sobre Delton de Mattos, enquanto o desembargador Antonio Izaias da Costa Abreu falou sobre a vida de Octacílio de Aquino e sobre Delton de Mattos.

O advogado Sebastião Freire promoveu a entrega aos familiares de Delton de Mattos, de um Diploma de Mérito, como reconhecimento pelo trabalho em prol do resgate da História e Cultura de Bom Jesus.

Os vereadores também fizeram também a entrega de uma Moção de Aplausos e Louvor aos familiares de Delton de Mattos pelo seu trabalho realizado no Município de Bom Jesus e no Estado do Rio de Janeiro.

Na oportunidade, foi entregue à senhora Marlene Mattos, irmã de Delton de Mattos, cópia de uma das primeiras Atas de instalação da Câmara Municipal, ocorrido no dia 04 de outubro de 1947, onde seu pai, Mário Nunes, foi eleito pela primeira Câmara de Vereadores de Bom Jesus.

Utilizando a palavra, a esposa de Delton de Mattos, Iantes Mattos, visivelmente emocionada, agradeceu a todos pelas homenagens que receberam.

No final da Sessão, dra. Andreia de Oliveira Pádua, advogada militante da capital do Estado, entregou ao dr. Sebastião Rodrigues o Decreto da Assembleia Legislativa (RJ) que outorgou a ele, através do deputado Marcus Vinícius, a Medalha Tiradentes, maior Honraria do Estado do Rio de Janeiro.

Pode-se dizer que a noite histórica promovida pelo dr. Sebastião Freire Rodrigues teve a grandeza evocada pela figura de Tiradentes na medalha a ele outorgada: assim como o herói nacional, com sua luta, ajudou a criar as circunstâncias para a independência de nosso país, Sebastião Freire Rodrigues promoveu nesta noite memorável um evento libertário que estabeleceu as condições para o resgate do nosso passado grandioso também na área da cultura literária.

Em homenagem aos gênios bonjesuenses, O Norte Fluminense publica os seguintes textos: 

"Padre Mello", de Athos Fernandes (poesia)

"A Lição de Ulisses", de Octacílio de Aquino (crônica)

"Flor de Luz", de Padre Mello (poesia)

"Uma recomendação de Octacílio de Aquino", de Delton de Mattos (crônica) e

"ABANDONO", de Elcio Xavier (poesia).


ATHOS FERNANDES


PADRE MELLO


O que vos poderei dizer do Padre Mello? 

Certo que o conheci e com orgulho o digo, 

pois dele recebi muito conselho amigo, 

naquele jeito seu, cativante e singelo. 


Recém-chegado aqui, trazia então comigo 

no jovem coração ardente o nobre anelo 

Queria ser poeta e erguer um templo ao belo 

e ao sólio protetor vinha pedir abrigo. 


Recebeu-me o velho, o sacerdote-artista. 

Poliu meu estro inculto,abriu-meda alma a vista 

em novas dimensões na língua portuguesa... 


Pela vida exemplar do vigário e do esteta, 

não sei qual o maior: se o padre, se o poeta, 

entre os cultas a Deus e os cultos à beleza.



  OCTACÍLIO DE AQUINO


A LIÇÃO DE ULISSES 

                

       Recordemos a admirável página de Eça, uma das mais de ouro entre os seus Contos.

        Encontrava-se havia mais de sete anos, Ulisses, "o mais sutil dos homens", entre as magnificências de Ogigia, entregue à hospitalidade doce da ninfa Calipso, deusa e amante. Nada lhe faltava ali, onde tudo era deslumbramento e placidez, fartura e imortalidade certa.

    Seus pensamentos, no entanto, voavam para Ítaca, onde havia deixado esposa e filho.

    Uma tarde, ao cabo de uma dessas saudades longas em que, dia por dia, mergulhava o inconsolável guerreiro, desce à ilha encantadora, que o acolhera - após o naufrágio de sua grande nau, de proa rubra-, um deus, que o procurava. E o deus transmitiu a Calipso a decisão de Júpiter: deixasse voltar à pátria Ulisses o guerreador de Tróia.

      A deusa obedeceu. Não podia senão obedecer. Mas, obedecendo, ainda insistia prometendo a Ulisses, para que ficasse, as armas extraordinárias que Vulcano mandaria especialmente forjar no ....

      - Armas?- replicava o herói. Mas de que servem armas quando não há combates?

   E, permitida a viagem de regresso, Ulisses derrubou essas árvores para uma jangada. E construiu a jangada. E pegou o instante da partida. Nunca - descreve o artista moroso - "nunca a ilha resplandecera com uma beleza tão serena, entre um mar tão azul, sob um céu tão macio". É, em meio a todo esse espetáculo de alegria e de suavidade, "tantos eram os frutos nos vergéis, e as espigas nas messes, que a ilha parecia ceder, afundada no mar, sob o peso da sua abundância!" Embora! O navegador ousado partiria mesmo...

     A deusa, então, lançou ao herói o derradeiro e mais comovente apelo. Se lhe não fosse a esposa, a terna e tão lembrada Penélope, se não fosse o filho, o jovem e tão lembrado Telêmaco, ainda assim deixaria ele a ilha maravilhosa?

    Sim, ainda assim Ulisses regressaria a Ítaca. Porque precisamente o que o fatigava em Ogigia era a perfeição extrema.

   "Considera ó deusa, que na tua ilha nunca encontrei um charco; um tronco apodrecido; a carcassa dum bicho morto e coberto de moscas Zumbidoras. Ó deusa, há oito anos, oito anos terríveis, estou privado de ver o trabalho, o esforço, a luta e o sofrimento..."

      Ah! que vontade, para o mortal glorioso, farto da paz Imensa da ilha sem defeitos, que vontade de "encontrar um corpo arquejante sob um fardo; dois bois fumegantes puxando um arado; homens que se injuriem na passagem de uma ponte; os braços suplicantes duma mãe que chora; um coxo, sobre a sua muleta, mendigando à porta das vilas!..."

   E subia, torturadamente, o tom de seus queixumes. "Deusa, há oito anos que não olho para uma sepultura... Não Fosso mais com esta serenidade sublime! Toda a minha alma arde no desejo do que se deforma, e se suja, e se espedaça, e se corrompe..." Em Ítaca ele encontraria a fome e o desespero, o quadro triste da ignoralidade e da opressão, e, ao lado do poema incomparável da vida, quando há esse poema, toda a infinita amargura da torpeza humana...

     Partia, enfim. Beijando-o, no minuto extremo, Calipso:

    " - Quantos males te esperam ó desgraçado! Antes ficasses, para toda a imortalidade, na minha ilha perfeita, entre os meus braços perfeitos"...

    Já Ulisses, porém, de pé no dorso da jangada, cortava as primeiras ondas do mar em que se espelhava o céu, voltando, assim, deliberadamente, "para os trabalhos, para as tormentas, para as misérias - para a delícia das coisas imperfeitas"...

     E era isso, a desigualdade e o erro, era isso, a violência flagrante dos contrastes, isso, a mentira e as iniquidades dos homens e da sorte, mas isso que lhe desafiava o ideal de contribuir, lutando, pela verdade e pelo bem comum, era isso o que o seduzia na desditosa terra de seu berço, mas, também na terra que era tudo para o seu coração sonhador e de guerreiro...

  Cada homem, dos que se formaram irresistivelmente para a luta franca, não reproduz, no quadro eterno as ambições e dos interesses, as ânsias e a atitude final do velho Ulisses?

                                                      Março de 1944



PADRE MELLO


FLOR DE LUZ


Há uma flor que desponta

De noite, na escuridão,

Uma flor que assim que nasce

Logo é flor sem ser botão


Flor que metálico fio

Em um momento produz,

Flor que o tato não encontra,

Flor do é ter, flor da luz.


Por pétalas tem mil raios,

Por seiva a eletricidade,

Por colora a chama viva,

Por perfume a claridade.


Flor que à noite a lua inveja

E que o sol invejaria

Se por ventura em seu trono

Pudesse vê-la de dia.


Mas nasce quando sol morre

E morre quando o sol nasce,

E se ressurge de dia

E onde o sol não transpasse


Vós que viveis nas montanhas,

Quereis a glória da luz?

Vinde passear à noite

Nas ruas de Bom Jesus.


DELTON DE MATTOS


Uma recomendação de Octacílio de Aquino


     Ao mudar-me para São Paulo, em março de 1947, embora estivesse politicamente em posição antagônica à União Democrática Nacional (UDN) bonjesuense, a que pertencia Octacílio de Aquino, não tive dúvida em procurá-lo para despedir-me, pois minha admiração e respeito pela sua personalidade cultural pairavam acima de quaisquer eventuais divergências de ordem política. Pediu-me ele, naquela oportunidade, que fizesse o possível de entrar em contato com o escritor Monteiro Lobato, de quem era profundo admirador, já tendo mesmo escrito em A Voz do Povo sobre a sua obra "Urupês". 

     Inicialmente, tal aproximação parecia impossível, pois não podia imaginar de que maneira um obscuro e desconhecido bonjesuense, que ainda não tinha sequer iniciado os estudos do segundo grau, poderia ter a oportunidade de tão ousada aventura.

     Mas na verdade, fazia eu tabula rasa de tudo que poderia acontecer na vida daquela grande metrópole e do poder aglutinador das suas realizações culturais, que sempre estiveram à disposição de qualquer forasteiro. Como tinha chegado em São Paulo depois de encerradas as matrículas no segundo grau, passei a freqüentar, desde o primeiro dia, a imensa biblioteca Mário de Andrade, que ficava à disposição do público nos sete dias da semana, isto até altas horas da noite, sem falar das constantes palestras literárias que se realizavam no seu majestoso auditório. Mas além disso, essa biblioteca era o principal ponto de encontro dos intelectuais de São Paulo e não demorou para que eu conhecesse ali, a romancista Rosália Simonian que era amiga de Monteiro Lobato e logo me levou à sua presença no apartamento em que ele residia ali bem perto.

     Dessa maneira, foi surpreendentemente fácil cumprir a recomendação de Octacílio de Aquino, que entretanto, na sua proverbial modéstia, já tinha recebido do consagrado autor de "Urupês" palavras elogiosas, e até de agradecimento sobre apreciação crítica da sua citada obra.

      Recentemente, chegou às minhas mãos, cópia de uma pequena carta escrita por Monteiro Lobato em 5.10.1943, dirigida ao seu amigo Bruno de Martino, então jornalista em Miracema (outra surpresa!), nos seguintes termos: "Em mãos sua carta de 29 setembro e o número de "A Voz do Povo", em que vem o seu nobre devaneio filosófico "Concepção Gratuita", que li com o prazer que me causam todas as coisas pensadas, e também o belo artigo de Octacílio de Aquino a meu respeito. Muita coisa vem aparecendo sobre o meu livro URUPÊS neste tempo de suas bodas de prata, mas o artigo de Octacílio de Aquino é dos que mais dizem e mais penetrantemente. Peço transmitir a ele o meu abraço de agradecimento. E vão aqui esses retratos, a única lembrança que posso mandar destes distintos amigos. Com a maior cordialidade, Monteiro Lobato". Bruno de Martino, que nos deixou o romance "Saias de Bronze", enviou cópia dessa carta ao seu amigo bonjesuense, com a seguinte observação: "Este é o meu presente de Natal e de Ano-Bom! Fraternalmente do seu Bruno de Martino". 

     Em maio de 1949, republicava eu na revista Alliance, de São Paulo, um artigo de Octacílio de Aquino, sob a forma de "carta" e que constitui um belo resumo já escrito a respeito da vida e obra de Monteiro Lobato. Esse artigo reaparecerá em breve no 4o volume da coleção "Série Literatura Bonjesuense". É só esperar.

11 de julho de 2004


ELCIO XAVIER

ABANDONO

                         

Ah! que ânsia de ser rio ou cais,

de atingir num suspiro o voo

dos seres alvos de minha imaginação!

Que desejo de ver e abordar

nos meus sentimentos a rosa

ou as caravelas de outros mares

transportando ocasos de Maio!

Por que, ó ondas líquidas de nuvens

que transitais pelos meus olhos,

não trazeis ao meu corpo vossa alegria?

E vós, véus de seres distantes,

por que não vindes agitar

"VIVAM AS FESTAS JUNINAS!" , por Rogério Loureiro Xavier


 OLÁ 👋 PESSOA AMIGA E DO BEM. 


CHEGOU A HORA DA FOGUEIRA, É NOITE DE SÃO JOÃO 🤠🔥🎹🪗🎤🥁


VIVAM AS FESTAS JUNINAS!  


VIVA, VIVA!!!


SANTO ANTÔNIO CASA,

SÃO JOÃO BATIZA,

PARA ENTRAR NO CÉU...

SÃO PEDRO É QUEM AUTORIZA.


✍ ... Amigo Rogerio LX



O CAFÉ DA MANHÃ NO CAFÉ BISTRÔ










 



sexta-feira, 21 de junho de 2024

LEILÃO SHOW DE GENÉTICA COLOCA BOM JESUS NO CENÁRIO ESTADUAL DOS GRANDES LEILÕES

Sérgio Rocha Inácio, conhecido como Show, é um grande empreendedor, imbuído de consciência histórica e cultural


No dia 15 de junho, ocorreu, no Parque de Exposições da CAVIL, o 1º LEILÃO SHOW DE GENÉTICA DE BOM JESUS DO ITABAPOANA.

Às 14h, ocorreu a apresentação dos animais. O leilão teve início às 18h, com embriões, Tourinhos Gir Por, Vactas em Lactação, Bezerras CG6 1/2 e Gir Po, Novilhas Amojando Prenhas de Embrião CGC 1/2.

A organização foi da empresa "Progredir, Eventos, Leilões, Projetos e Consultorias". A realização foi da Fazenda Boa Fama, de Mutum, propriedade de Sérgio Rocha Inácio, conhecido como Show, assim como de Girolando SP e Girolando MM, de Mimoso do Sul (ES).

O evento contou com o apoio institucional da Prefeitura Municipal de Bom Jesus do Itabapoana.

O grande número de participantes e de negócios realizados colocou o evento no roteiro dos leilões de destaque no estado.

Veja, no link, ao final desta postagem, como ocorreu esse grandioso evento.



 
Pedra do Mutum 

Empreendimento de Show, em Mutum de Baixo 





Inauguração do Museu do Show em 2014. No primeiro plano: Tânia Aparecida Rocha Inácio, Sérgio Rocha Inácio Jr., Beatriz Ofrante Inácio, Sérgio Rocha Inácio (conhecido como Show) e Neusa Maria Ofrante Inácio. Sentados: Almim Henrique Inácio e Luzia Rocha Inácio





Arquivo: 2017



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quinta-feira, 20 de junho de 2024

O DIA DO MAESTRO MUNICIPAL BONJESUENSE

 


Foi apresentado, hoje, na Câmara Municipal, pelo vereador Clerinho da Soledade, o projeto instituindo o Dia Municipal do Maestro Bonjesuense.

O projeto foi encaminhado para análise das comissões.



Gotinhas de História

 

COLHEITA DE CAFÉ EM VARRE-SAI



Isabel Menezes, Professora e Historiadora 


Em fins de outono, durante todo o inverno e início da primavera, Varre-Sai, colônia italiana, capital estadual do café do noroeste fluminense, vive o momento da colheita do café. Esse ano o grãozinho está valendo ouro e recompensando o trabalho de proprietários, meeiros, diaristas e “panhadores” sazonais.

É um tempo de muito trabalho e alegria, mas também de muita expectativa com relação a preços da saca. O mercado oscila, a adrenalina sempre em alta nos homens e mulheres do café.

Muitas histórias em torno dessa “época da panha”. Inclusive conta-se que na Fazenda da Onça, lá no Valori, rolava o caso de um enterro que passava todas as sextas-feiras de agosto, à meia noite, com homens rezando. Todos os elementos vestidos com capas pretas e levavam um enorme caixão de madeira. Quem viu ficou horrorizado, com o tamanho do caixão. Dizia-se que os homens de capas pretas, “chegavam a morgar” de tanto peso. E iam passando... e iam rezando... e iam cantando hinos fúnebres, até sumirem na curva da estreita estradinha de terra.

-Era um horror! Dizia sr. Joaquim.

-Só de pensar dava arrepios! Falou compadre Chico.

-Que caixão enorme! Olhei pela greta da janela. Maria das Neves era corajosa!

-Os homens pareciam muito tristes! Zé do Canto observou.

-Os que seguravam as alças do caixão, davam sinais de cansaço extremo. Foi o que dona Maria Perpétua pode observar.

E assim, todos os anos, no mês de agosto era aquele “converseiro”. Um viu o caixão, outro viu também. E todos na redondeza morriam de medo. Em plena colheita do café, ninguém saía a noite no mês de agosto, nem ir a venda comprar açúcar ou querosene para o lampião. Esqueceu de comprar de dia, a noite é que ninguém ia.

E essa história perdurou por muitos anos, até que chegou aquela comunidade um meeiro novo, vindo de Minas Gerais. Dizem que da Pedra Dourada. João Álvaro, o novo meeiro, ouviu a história dos companheiros, pensou e guardou o assunto para ele mesmo.

Era uma sexta-feira de agosto e ele se colocou perto da janela. Vez por outra enrolava um cigarrinho de palha. Todos dormindo, faltavam ainda alguns segundos para a meia noite e já começou a ouvir os hinos fúnebres. João Álvaro sacou sua arma, um revólver Rossi Princess Modelo 13 cal22, carregado para 7 tiros e ficou a espreita. Ao passar a procissão mortuária, todos contritos e cabisbaixos, investidos em suas capas pretas, João Álvaro disse com voz forte:

- Parem em nome da lei! E começou atirar.

Foi homem correndo para todos os lados e se embrenhando no mato. O valente mineiro, terminou de descarregar sua arma e gritou ao povo da fazenda:

- Saiam para fora, que agora vamos ver quem é o defunto!

Muitos não saíram de suas casas, tremendo de medo.

Os que saíram, presenciaram João Álvaro abrir o enorme caixão de madeira, com o machado e dele derramar milhares de grãos de café pilado. Estava desvendado o mistério. Era roubo de café.

Os curiosos meeiros, suas mulheres e filhos, presenciavam tudo aliviados, pois há quanto tempo sofriam, todo mês de agosto, prisioneiros em suas próprias casas, amedrontados pelo caso do caixão que passava.

Octacilio de Aquino, o grande pupilo bonjesuense do açoriano Padre Mello, um gênio da civilização e da cultura

 



Em 1925, Octacílio de Aquino, um dos pupilos bonjesuenses mais brilhantes de Padre Antônio Francisco de Mello, um gênio açoriano da cultura e da humanidade, escreveu um belo texto sobre o Mestre, que reproduzimos adiante.

Em sequência, em outro magnifico texto publicado no  jornal O Norte Fluminense, em 1947,  após a morte do Mestre, ele finalizou afirmando que "surgiu no céu mais um santo: Santo Antônio Mello de Bom Jesus!"


PADRE MELLO, por Octacílio de Aquino, fevereiro de 1925


 Octacílio de Aquino


Sempre notei um traço de grande superioridade em todas as pessoas que me encorajaram, material ou moralmente, nas lutas acadêmicas. Por isto meu pai revelou-se-me, desde muito cedo, uma inteligência viva, um caráter inflexível, um ânimo de fé inquebrantável e, sobretudo, a consciência mais completa que ainda conheci.

Desde cedo também tive esses mesmos pensamentos e sentimentos em relação à minha avó materna, Maria Luiza de Saltes Machado, o coração mais capaz de afetos que se possa imaginar, a de quem é lícito dizer o que já se disse de uma famosa mulher - é um homem de bem!

Toda a gente que me conhece sabe o que representa para a minha vida a fase do meu mundo intelectual que vai do beabá à colação de grau em Direito. Foram anos de trabalhos formidáveis, meus e dos meus, trabalhos sem hesitações que me deram no seio augusto do meu povo contemporâneo, a glória invejável de precursor nos estudos em nossa cidade.

Enquanto outros, beijados pela fortuna, fugiam ao maior ideal que a mocidade pode sonhar, depois do amor, eu, adiando no coração a pujança do meu primeiro afeto, estudava com um fervor que só as dificuldades podem operar, cercadas das competições daqueles que julgaria mais felizes do que eu, se não considerasse, antes, a felicidade como uma simples questão de ponto de vista.

Os confortos que tive nas asperezas relativas dos estudos jamais fugiram do pensamento saudoso. Com o material dessas doces lembranças edifiquei o meu castelo, como o templo de Salomão. Muitos, muitíssimos nomes entram nesta lista querida. É longo o número, graças a Deus. E é dentre esses tantos que hoje destaco o desse amigo tão nobre que é o Padre Mello.

Considero a influência por ele exercida na minha formação (compleição ética), a assistência constante, ocasional ou voluntária, nas voltas da minha vida.

Foram suas mãos que me estenderam a primeira benção da Igreja, nas primícias batismais. Depois, prosseguindo eu nos estudos, tivemos os melhores contatos de inteligência. Já eu fazia versos (este meu defeito é antigo!), e o bom Padre, desprezando as inúmeras imperfeições daquela poesia adolescente, elogiava meus versos, criando-lhes imaginariamente relevos de beleza. E, ao que me diziam muitas vezes, em palestras, ele me apontava como esperança da terra.

E, quando o estudante regressava, depois de formado, ao seio natal, o discurso que, principalmente, o comoveu, foi o pronunciado pelo ilustre sacerdote. Em 1915, completava eu 15 anos. O jornal "Itabapoana" dirigido por Menezes Wanderley, publicava longa notícia referta de elogios e ótimos votos, em seguida ao meu retrato. Recebi então do Padre Mello a seguinte carta, que ainda conservo iluminando o meu arquivo:

"Não podendo achar-me amanhã nesta localidade, antecipo os meus cumprimentos de felicidade pelo seu aniversário natalício, associando-me assim às manifestações de apreço que certamente receberá de muitos que lhe conhecem a precocidade no desenvolver das poderosas faculdades intelectuais que possui, por esta força, faço minhas as merecidas referências que traz o último número do 'Itabapoana'.

Na dupla qualidade de sacerdote que lhe conferi há quase quinze anos a graça do batismo pela qual entrou no grêmio da nossa cristandade, e na de mais ou menos lidador no campo das letras, em que ainda por assim dizer na infância deu ingresso o jovem aniversariante, não tenho sido indiferente ao progresso rapidamente efetuado em seus estudos, antes me alegrei sempre, como ora testemunho, com os largos passos que levam o jovem poeta à glória, e me julgarei feliz se Deus me der ainda muitos anos de vida para com os meus olhos contemplar o seu belo porvir, trilhando sempre o caminho da verdade, da honra e do bem.

São estes os votos que formulo rapidamente ao partir para uma excursão de meu ministério paroquial. Do seu amigo e admirador Padre Antônio Francisco de Mello. Aos 6 de dezembro de 1915".

Bom Padre! Como foram consoladoras aquelas palavras serenas de animação e de confiança! E aqueles tempos, como traziam esperanças, tantas e tão boas que ainda não me abandonaram no ideal humilde de vencer na vida honestamente.

Bons votos aqueles de 1915! Se foram realizados... Serei eu quem possa afirmar?

Poeta, de algumas vezes penetrei na Glória, voltei rapidamente como ao entrar: de bonde ou a pé, para o alvoroço da avenida... Homem, afirmo que o meu caminho tem sido o da "verdade, da honra e do bem".

Mas tem direito à palavra aqueles que são meus amigos; todos quantos tiveram comigo alguma divergência e, principalmente, os que necessitam dos meus serviços, procurando-me como homem de negócio.

Fevereiro de 1925



PADRE MELLO MORREU, MAS SUA LEMBRANÇA VIVE CONOSCO

(Transcrito de “O NORTE FLUMINENSE” de 24 de agosto de 1947)

Octacilio de Aquino 


Bom Jesus, na expressão de todas as suas camadas sociais, assistiu, compungida, nas primeiras horas da tarde do dia 13 do mês em curso, a agonia dos últimos instantes, desse vulto gigantesco que durante quase meio século, encheu das filigranas de ouro de sua inteligência fulgurante, a nossa literatura; desse titan, em cujo espírito arraigara-se com tanta gala os sublimes ensinamentos de Jesus, repartindo com seus amados paroquianos, as graças, que pela sua bondade, pelas suas supremas virtudes, alcançava dos céus.

A própria Natureza, antevendo o fim breve de quem como o Padre Mello fora em todo o decurso de sua vida, devotado à causa do bem, a própria Natureza, despiu a roupagem de luz com que o sol a vestira e deixou que, com lágrimas da chuva fria e triste, tivesse curso o seu pranto de água.

E veio o desenlace! E enquanto a alma boníssima daquele ancião ascendia às regiões célicas, a nossa gente ali estava para dar ao seu extremado pároco o seu último adeus.

Mas o Padre Mello não morreu! Se a sua matéria voltou ao pó de que foi feita, o seu espírito alando aos céus, demandou o seu verdadeiro lugar, por isso que, se da terra desapareceu um homem, surgiu no céu mais um santo: Santo Antônio Mello de Bom Jesus! 



Sepultamento de Padre Mello, no dia 14/08/1947. Frente da Igreja Matriz, vendo-se, entre outros: Sebastião Alfeu da Silva, Dr. Cesar Ferolla, Dr. Oliveiro Teixeira (prefeito municipal), Vitório Ferolla, Jorge Teixeira (Jorge "Sedinho") e Elias Chalhoub






"O início da saudade de Jorge Elias Abib", por Gisela Abdo Nassar Motta

 


Faleceu, aos vinte e quatro dias do mês de maio, Jorge Elias Abib, filho dos comerciantes libaneses Elias Abib e Têpte Cury Abib, que escolheram esta cidade, Bom Jesus do Itabapoana, para fixarem raízes. 

Jorge, também comerciante, destacou-se no ramo fazendo-se respeitado e muito querido como tal.

Aos 102 anos, deixa sua irmã; Olívia Nassar e sobrinhos; Abdo, Antônio José e eu, Gisela. O legado de nosso tio como homem honesto, de compromisso, dignidade na vida e trabalho, faz de nós orgulhosos. O amor e presença em nossas vidas nos faz gratos a ele e a Deus por tanto.

Aproveitamos a oportunidade, através desta página do " O Norte Fluminense", para agradecimentos aos amigos e familiares pelas condolências recebidas por nossa família na ocasião de seu falecimento; e também, em especial , ao amigo e enfermeiro Marco Aurélio Oliveira, pelos cuidados prestados ao longo de onze anos, com muito carinho e responsabilidade ; à Selma Costa e Silvia Ferreira , por também colaborarem em cuidados com dedicação, carinho e profissionalismo.

Muita luz e paz, tio Jorge, em sua morada eterna, a Casa de Deus Pai!




GLÓRIA DE VIVALDI: 21 de junho, 20h, Campos dos Goytacazes