Em Bom Jesus do Itabapoana, a história não repousa apenas nos livros: ela respira em ferro, tinta e papel. A máquina tipográfica francesa Allauzet, sólida e silenciosa, é mais do que um equipamento antigo; é um monumento da memória impressa. Suas engrenagens atravessaram décadas, transformando ideias em páginas, opiniões em manchetes e o cotidiano da cidade em registro permanente. Cada impressão foi um gesto de permanência contra o esquecimento.
Por meio dessa máquina, o jornal O Norte Fluminense, fundado por Ésio Bastos e posteriormente dirigido por seu irmão Luciano Bastos, construiu sua trajetória e chega aos seus 79 anos como testemunha viva da vida política, social e cultural da região. Durante décadas, a Allauzet deu corpo às palavras do jornal, fazendo circular notícias, debates e sonhos, consolidando-se como um dos pilares da imprensa regional e da identidade bom-jesuense.
Nada disso teria sido possível sem os homens e mulheres que trabalharam no jornal O Norte Fluminense. Tipógrafos, revisores, redatores, impressores e colaboradores anônimos foram os verdadeiros artífices dessa história. Com mãos marcadas pela tinta e compromisso com a informação, transformaram o ofício jornalístico em missão, sustentando a credibilidade do jornal e a confiança da comunidade.
Hoje, essa herança encontra abrigo e respeito no Museu da Imprensa e no Espaço Cultural Luciano Bastos, que cumprem o papel essencial de preservar a Allauzet e, com ela, a memória de um tempo em que o jornalismo era feito com esforço manual e profunda responsabilidade pública. Ao conservar essa relíquia, esses espaços mantêm viva a história da imprensa e reafirmam o valor do patrimônio cultural como bem coletivo.
Tudo isso converge para a grande protagonista desta narrativa: Bom Jesus do Itabapoana. Cidade que soube acolher a modernidade, valorizar a palavra impressa e reconhecer a importância de sua memória. Celebrar a Allauzet, os 79 anos de O Norte Fluminense, seus trabalhadores e os espaços de preservação cultural é, acima de tudo, exaltar uma cidade que entende que o futuro só se constrói plenamente quando o passado é respeitado, cuidado e lembrado.







