Ana Maria Silveira |
Tio João
Brasil contava que quando muito jovens, em Rosal, hoje 3º distrito de Bom Jesus
do Itabapoana, primos e amigos se reuniam no final do dia em volta do lampião
de querosene. Ali surgiam todos os tipos de assunto. Por aquela ocasião, alguns
moradores narravam ter visto uma assombração vagando pelo povoado. Era o
assunto do dia.
-Eu que não acredito nisso, diziam uns.
-Sei lá! Tenho muito respeito por
essas coisas...dizia outro.
-Se eu soubesse onde tem uma eu iria lá para
ver...
De repente, esbaforido, chega outro amigo com
o rosto pálido, assustado, dizendo que acabara de ver a
assombração fazendo um barulho danado na porta do cemitério.
A mulherada
se arrepiou de medo.
Os mais
afoitos já foram logo dizendo: vamos para lá!
Um dos
primos estava com um talo enrolado em uma perna quebrada, impossibilitado de
caminhar.
-Pudesse eu andar iria com vocês...
-Por isso, não. Sobe aqui na minha carcunda
que eu te levo.
E assim, lá
se foram eles, para conferir se era mesmo verdadeira a história da assombração.
O amigo que
disse “se eu soubesse onde tem uma iria lá para ver“, foi o único que ficou. Morrendo
de medo.
Os outros
foram. Tio João com o primo nas costas.
Mesmo a lua
nova ajudando estava tudo muito escuro.
Um pouco longe
do cemitério já começaram a ouvir um crooc-croc-croooc-croc assustador. Diminuíram
a velocidade dos passos e caminharam cada vez mais devagar...
Quando se
aproximaram viram que, sentada nos degraus do portão havia uma figura larga de
mulher, com uma cabeleira branca enorme, desgrenhada, fazendo movimentos para
cima e para baixo e emitindo o já ouvido crooc-croc.
Percebendo
as presenças, olhar meio vago, perguntou, numa voz rouca e horripilante:
-Está gordo esse?
Assustado, tio João jogou o primo com a perna
avariada no chão e acompanhou os demais na debandada. Por incrível que pareça,
este primo, capengando, foi o primeiro que chegou em casa.
E a
assombração?
Descobriram que era um casal de velhos que habitualmente ia caçar cabritos soltos pela redondeza.
Descobriram que era um casal de velhos que habitualmente ia caçar cabritos soltos pela redondeza.
A velha
comia amendoim torrado, que pegava de uma vasilha no chão. No escuro e sem
enxergar bem confundiu o vulto dos curiosos com o do marido carregando uma bela
presa.
30/09/2015
Ana Maria
Silveira é filha do ex-governador Badger Silveira
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