(Publicado na edição de abril de 1990 de O Norte Fluminense)
Jorge Renato Pereira Pinto
A tradição fala que por volta de 1842
chegou as barrancas do rio Itabapoana, Antônio José da Silva Neném com sua
mulher, dois filhos e alguns agregados, oriundo da localidade mineira de Bom
Jesus da Vista Alegre.
Desbravou, construiu moradias e fez plantações. Ao
local, deu lhe o nome de CAMPO ALEGRE para lembrar o lugar de onde veio. Consta
também nas tradições que Neném associou o rio Itabapoana com o nome de Bom
Jesus da localidade de onde se originara, criando assim o nome de Bom Jesus do
Itabapoana.
Aos poucos foram chegando conterrâneos
de Neném que se instalaram juntos começando a formar um povoado. Assim, os
primeiros integrantes de Bom Jesus eram mineiros e constituíram os primitivos
povoadores.
Quando Neném se retirou por volta de
1847, deixou o povoado consolidado. Ainda por volta de 1850 eram encontrados
índios para os lados da Serra do Tardim.
O povoado pertencia ao Município de
Campos dos Goytacazes e em 19/3/1856 foi criada a sub delegacia de policia,
agregada ao 2º distrito da freguesia de Santo Antonio de Guarulhos (Campos).
Os limites da sub delegacia,
delineavam uma área cujos limites eram: ao Norte, o rio Itabapoana; a leste
Santo Eduardo; ao sul as ramificações da Serra Cayana (Hoje Santo Eduardo) e a
Oeste a Serra do Canaval onde nasce o rio itabapoana (que deve corresponder a
contrafortes da serra do Caparaó). Transformado em arraial com o nome de Senhor
Bom Jesus foi transferido para Freguesia de N. S. de Natividade.
Por Lei provincial de 14/11/1862,
quando era presidente da Província do Rio de Janeiro, o Dr. Luiz Alves Leite de
Oliveira Bello, foi criada a Freguesia de Bom Jesus do Itabapoana, cuja área
tinha então 1485 KM², pertencente ao município de Campos dos Goytacazes. Em
1879 outro decreto provincial desmembrou a Freguesia em duas, criando a de
Varre-Sahe com cerca de 800 KM², ficando a de Bom Jesus com 685 KM².
Uma das curiosidades da criação das
Freguesias era que para sua criação deveria existir, igreja, sub delegacia,
Juiz de Paz e escolas e com o desmembramento, as duas escolas existentes
ficaram em Varre-Sahe.
Bom Jesus era uma região cuja economia
se baseava no café e estava em franca expansão.
Com o desmembramento, ficou
diminuída a sua população que por volta de 1880, apresentava os seguintes
números:
Homens 1689
Mulheres 1886
Crianças do Sexo Masculino 384
Crianças do Sexo Feminino 286
Homens Escravos 624
Mulheres escravas 365
TOTAL 4.684 habitantes
Em 1885, Bom Jesus do Itabapoana
passou para a jurisdição do Município de Itaperuna, desmembrado do município de
Campos dos Goitacazes.
Em 24 de Novembro de 1890, o 1º
Governador do Estado do Rio de Janeiro, Dr. Francisco Portella, criou o
município com o nome de VILA DE ITABAPOANA, que existiu até o Governo do Dr.
Porciúncula, quando foi extinto juntamente com outros, em 8 de Maio de 1892.
Daí para diante, Bom Jesus sempre
sonhou com o retorno ao status de Município, cuja ideia jamais caiu no
esquecimento. Em várias gerações, muitos lutaram, sonharam e tentaram a
emancipação. As crônicas de épocas atrás destacam Francisco Teixeira de Oliveira,
João Catarina, Jerônimo Batista Tavares, Pedro Gonçalves da Silva e muitos
outros cujos nomes, por dever de justiça precisam ser levantados e registrados
para a posteridade.
A reconquista da emancipação foi
concretizada quando era interventor do Estado do Rio de Janeiro o Comandante
Amaral Peixoto. O Município recebeu o nome de Bom Jesus do Itabapoana. O
decreto emancipacionista tinha o número 633 e era datado de 14/12/1938; o
Município foi instalado em 1/1/1939. Mais tarde foi criada a Comarca pelo Decreto-Lei nº 1.056 de 31/12/1943.
Até 1950, a grande mola propulsora da
região foi o café tento registrado em 1930 a produção de 40 mil sacas.
A partir dos anos 50, o café foi
perdendo a importância e o açúcar acabou por superar com produções crescentes,
graças a existência das Usinas Santa Maria e Santa Isabel.
Outra atividade importante e que
prevalece até nossos dias é a pecuária de corte e de leite. E digno de registro
que as Usinas Santa Maria e Santa Isabel eram também produtoras de Álcool
Anidro e Hidratado e nos anos 60 havia em Santa Isabel, uma fabrica de papel
que por alguns anos funcionou produzindo 4 toneladas diárias de papel comercial.
Segundo o IBGE, a área do Município é
de 389 KM² e a evolução de sua população, neste século 20, nos últimos 40 anos
foi a seguinte:
Ano Popul. Total Popul. Urbana Popul. Rural
1950 31.852 5.734 26.118
1960 38.010 11.406 26.613
1970 29.428 16.307 13.111
1980 27.910 18.387 9.523
1989 26.269 19.097 8.472
ESTIMATIVAS
DO IBGE
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