Adilson Figueiredo
Aldônio e Wilma no seu enlace. |
Tio Aldônio é aquele tio querido de todos os sobrinhos. Sua vida sempre nos inspirou. Homem culto e de grande empatia e alegria, teve com cada um de nós uma atenção muito especial.
Para homenageá- lo, estamos comemorando, em grande estilo, seu niver, data tão significativa.
Por esse motivo, pedi ao seu filho primogênito, o Frederico, que escrevesse algumas palavras sobre ele, e que aqui publicamos a seguir.
Aldônio, esposa, filhos Diogo, Frederico e Raquel e a neta Thaila |
Aldônio Junger Vieira, filho de Diomário José Vieira e Joralinda Junger Vidaurre, nasceu na Fazenda da Conquista, localizada em São José do Calçado-ES, em 09 de abril de 1933. Menino de uma família de 8 irmãos (Alcira, Alcéia, Alcione, Alceu, Alcinei, Alcênio e Aldir), teve sua infância na liberdade da roça, vida do interior, adorava pescar e colher os frutos diretamente dos pés.
Ainda criança mudou para a cidade em razão dos estudos, chegou a morar na casa rosa da chácara construída pelo seu próprio pai, próxima a um grande pé de jambo. Frequentou o Grupo Escolar Manoel Franco e posteriormente o Ginásio de Calçado, duas grandes instituições que atualmente ainda são responsáveis por educar as crianças e adolescentes da querida Calçado. Embora tenha iniciado o científico na última escola, somente veio a concluí-lo em Vila Velha-ES, quando, aos 18 anos, se alistou no Exército (3⁰ BC), momento em que deixou sua cidade natal. Aldonio ainda na juventude era um idealizador, visionário, de modo que seus planos não pareciam caber mais no cotidiano de São José do Calçado.
Aos 19 anos, já concluído o serviço militar como cabo, retorna para Calçado por pouco tempo e ainda naquele ano de 1952 decide seguir seu rumo para a cidade do Rio de Janeiro. Havia conseguido através de uma colega de classe do científico, dar o primeiro passo para a realização do sonho em trabalhar com aviões; tendo ele encaminhado a apresentação de Aldonio a um parente que era piloto de uma grande companhia aérea, abrindo portas para a oportunidade tão esperada. Naquela época o transporte ferroviário era muito comum, partindo para seu destino pela Estrada de Ferro Leopoldina em uma longa viagem. Ele conseguiu seu primeiro emprego na renomada empresa Panair do Brasil, reconhecida mundialmente e pioneira no Brasil. Nas asas da Panair viveu seus momentos de glória, realizando suas primeiras viagens internacionais como a de 1963, na qual voou do Rio para Lisboa em um Douglas DC-8. Sua primeira experiência na aviação durou aproximadamente 12 anos, ocorrendo o fechamento da companhia em 1965, uma notícia dolorosa que caiu como um golpe em sua vida.
Residindo ainda no Rio, teve que seguir apesar da interrupção de seu sonho, conseguindo se recolocar no mercado de trabalho em um renomado laboratório americano na época, no qual permaneceu por 3 anos atuando como seu representante. O ano de 1968 revelaria uma nova oportunidade, a retomada da carreira na aviação civil a partir de um encontro com um ex-colega da Panair. Um convite foi feito e Aldonio, com toda sua experiência, passou a integrar o corpo de funcionários da VARIG. Ao longo de toda sua vida na aviação, chegou a trabalhar principalmente nos Aeroportos Santos Dumont e Galeão no Rio de Janeiro, mas também em regiões brasileiras onde seus respectivos Aeroportos ainda estavam nascendo. A dinâmica do trabalho permitiu que novamente conhecesse outros países, presenciasse fatos marcantes e conhecesse pessoas importantes do cenário brasileiro e mundial. Uma de suas passagens curiosas foi no momento da morte de JK, quando integrou o grupo de funcionários que transportou o caixão do ex-presidente até o avião que o conduziu para o funeral em Brasília. Tantas histórias e novidades eram compartilhadas com sua família, trazendo a imaginação a seus sobrinhos que amavam quando "Ti Dodonio", como era chamado por eles, chegava da cidade grande com as boas novas.
Aldônio, por um período, foi morador do bairro da Glória, zona central do Rio de Janeiro, circulava bastante nas ruas Santa Cristina e Benjamin Constant, região que lhe rendeu amigos e pelo destino, sua esposa Wilma. Esse encontro não foi fácil, por vezes uma amiga em comum tentou promovê-lo, mas ora a rotina de trabalho dele não permitia ora eram os compromissos pessoais de Wilma que alteravam os planos. Em 1972, embora estivesse morando em Copacabana, finalmente o encontro aconteceu e pela surpresa de ambos já se conheciam de vista das ruas da Glória. O interesse por Wilma se transformou em namoro e, 2 anos mais tarde, em casamento. O casal curtiu bastante a vida a dois antes de chegarem os filhos, Frederico, em 1979 e Diogo, em 1982.
Como tudo na vida tem seu tempo, seu ciclo de trabalho na viação se encerrou em 1988, momento em que se aposentou da rotina dos aeroportos e passou a deleitar-se ainda mais com sua família. A aposentadoria, embora desejada, foi curta. O sentimento de ainda poder contribuir o levou a trocar de cidade em 1991, mudando-se para Bom Jesus do Itabapoana-RJ, com o objetivo de colaborar na empresa Irmãos Almeida, de seu saudoso cunhado Helvio Almeida. Por lá trabalhou alguns anos, tendo feito muitos amigos e reforçado o laço com os parentes locais. Em 2003, já com os filhos crescidos, decidiu retornar ao Rio para acompanhá-los já que ambos viviam por lá. Os anos se passaram, seu filho mais velho Frederico deixou o Rio para trabalhar em Minas Gerais e lá constituiu família; a neta Thaila chegou em 2011 para alegrar ainda mais a vida de Aldonio e Wilma, agora nos papéis de avós, desencadeando uma onda de emoções e sentimentos.
Atualmente reside em Belo Horizonte-MG, novos desafios a vida trouxe, mas com a certeza que ela vem sendo bem vivida e com a gratidão a Deus pelas oportunidades e pela família construída ao longo de seus 90 anos.
Agradeço toda atenção dada a meu pai. Filho de Calçado e antigo morador de Bom Jesus, procurou sempre que possível visitar suas origens e reforçar os laços com amigos e parentes. Reforço aqui meus parabéns a este grande homem!
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