Maria Apparecida Dutra |
Maria Apparecida Dutra completa hoje, dia 9 de setembro, 94 anos de idade. Ela é eminente historiadora e uma das personalidades mais marcantes da história de nosso município.
Neta de Pedro Gonçalves da Silva Jr, o primeiro prefeito de Bom Jesus do Itabapoana, por ocasião de nossa primeira emancipação, em 25 de dezembro de 1890, trouxe revelações importantes sobre nossa história.
O JONF traz aqui as preciosas informações trazidas por ela em 2015:
"Fui batizada pelo Pe. Mello em 20 de janeiro de1931 e dele recebi a primeira Eucaristia em 29 de junho de 1941.
De 1941 a 1945, período do antigo primário e ginásio no Colégio Rio Branco, sua presença era constante nas reuniões do Grêmio Estudantil, onde ele, às vezes participava incentivando os alunos, e também sendo homenageado.
Na minha turma de ginásio, quando o professor de latim passava uma tarefa difícil, algumas colegas iram pedir ajuda a ele.
Nas comemorações cívicas do município, ele estava sempre presente, aplaudia e aproveitava para enaltecer a pátria.
Na Farmácia Normal, sua presença era constante para trocar ideias com meu pai, Antônio Dutra, e com os amigos que frequentavam a Farmácia, onde haviam dois bancos confortáveis, em que os 'fregueses' discutiam os assuntos de política e literatura.
Suas pregações eram tão eloquentes que, até hoje, me lembro de sua voz dizendo: 'Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus..."
Em 2012, ela concedeu entrevista histórica ao jornal O Norte Fluminense, que reproduzimos a seguir.
A MESTRA FORMADORA DE GERAÇÕES
Da Série Entrevistas de O Norte Fluminense
A entrevistada deste mês é a professora Maria Apparecida Dutra. Neta de Pedro Gonçalves da Silva, primeiro prefeito de Bom Jesus do Itabapoana - que passou a ser município no dia 24 de novembro de 1890 - , foi graças a seu pai, o historiador Antonio de Sousa Dutra, que os originais das edições do primeiro jornal de Bom Jesus, o "Itabapoana", de 1906, chegaram até nós. Pedro Dutra, irmão de Maria Apparecida, deu continuidade à preservação destas relíquias e, posteriormente, acabou doando-as a Luciano Bastos. Hoje, elas se encontram no Museu da Imprensa, localizado no Espaço Cultural Luciano Bastos (ECLB), à disposição de toda a sociedade. Outros jornais, revistas e escritos de Antonio de Sousa Dutra, a quem Luciano Bastos dizia ser um homem além do seu tempo, também se encontram no mencionado Museu.
Maria Apparecida foi sempre portadora de uma bondade e mansidão transformadoras, peculiar das pessoas santas. Com 13 anos de idade, já escrevia textos como "ANCHIETA", publicado no jornal "A Voz do Estudante", órgão literário dos alunos do antigo Ginásio Rio Branco.
Pode-se dizer, além disso, que Maria Apparecida é uma síntese do que foram o seu avô e seu pai, aglutinando a singular capacidade de liderança com um notável tino de observação dos acontecimentos. Soube passar estas qualidades, como nenhuma outra pessoa, às gerações de alunos que formou em salas de aula ao longo de quatro décadas.
Deixemos, contudo, que Maria Apparecida discorra sobre sua vida:
MARIA APPARECIDA POR ELA MESMA
" Minha vida se confunde com a História de Bom Jesus.
Se tenho algum mérito, devo aos meus antepassados e a inúmeras pessoas desta terra.
ORIGENS
Pelo lado materno, descendo do meu avô Pedro Gonçalves da Silva, que foi o 1o. Intendente de Bom Jesus do Itabapoana. Minha avó, Isabel de Figueiredo, era descendente do alferes Silva Pinto, que foi um dos colonizadores de Bom Jesus.
Pelo lado paterno, meu avô, Joaquim Dutra, era proprietário de uma das primeiras fazendas de Bom Jesus, localizada na zona rural de Quebrados.
Meus pais, Alice Gonçalves da Silva e Antonio de Sousa Dutra, deixaram como herança para mim e para meus irmãos Pedrinho e Lúcia, os ensinamentos para vivermos uma vida de dignidade e de serviço ao próximo.
Em 1899, Padre Mello fez a "Consagração do Gênero Humano ao Coração Sacratíssimo de Jesus Christo Rei" (Acervo de Maria Apparecida Dutra). |
A PAIXÃO PELOS LIVROS E OS ESTUDOS
Do meu pai, tanto eu como meus irmãos, herdamos também o amor pela leitura: desde a infância, nossa principal diversão nas férias eram os livros de Monteiro Lobato e de Malba Tahan.
Eu e meu irmão Pedrinho fizemos o curso primário na Escola da grande educadora Amália Teixeira, nos idos de 1930. Recordo-me dos professores Alice Moreira e Nenci Castro, filha de Abílio Castro. Na época, havia também a Escola da dona Nair Melo, que funcionava no bairro Volta d’Areia. Na década de 1940, enfrentamos o rigoroso exame de admissão no Colégio Rio Branco, cujas provas tinham como modelo aquelas que eram aplicadas no Colégio Pedro II do Rio de Janeiro. O inspetor era o dr. Abelardo Vasconcelos, médico que clinicava em Bom Jesus e o diretor era o sr. Olívio Bastos.
Na adolescência, tive grande influência das "Leituras Católicas de São João Bosco". Eram livros e revistas que recebíamos de Colégio Salesiano de Niterói, onde meu irmão Pedrinho estudava; por isso, mais tarde, ele dizia que eu devia a ele minha predileção pelas leituras religiosas; esta dívida tenho também pela grande educadora Adélia Bifano, que foi, além de professora, quem preparava os jovens para ingressar nas associações da Igreja. Adélia chegou a passar para o vestibular de Medicina no Rio de Janeiro, em 1930. Ocorre que o marido de sua irmã, Bárbara, falecera, e ela preferiu ficar em Bom Jesus para apoiar a irmã. Por outro lado, com tábuas cedidas por seu irmão, o pai de Adélia, que era pedreiro, construiu alguns bancos e Adélia acabou criando sua escola. Este é um exemplo de vida para quem começa do nada.
O JONF parabeniza, com orgulho, Dona Apparecida, com votos de muitas felicidades e muitos anos de vida!!
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