terça-feira, 18 de março de 2025

OS 130 ANOS DE NASCIMENTO DE MERHIGE HANNA SAAD: 18 de março

 


Merhige Hanna Saad nasceu nas montanhas do Líbano, na localidade de Remahala em 18 de março de 1895, filho de Hanna Merhige Saad e Bader Saad. Casou-se em 24 de janeiro de 1927, na cidade de Tombos, MG, com Alzira Sauma, nascida em Santa Clara do Carangola, RJ, em 17 de setembro de 1908, filha de José Sauma e Marian Feres Sauma.

Em 1912, aos 17 anos, e já estando seus irmãos mais velhos Jarim Hanna Saad, no Brasil, e Salim Hanna Saad, na Argentina, embarca para o Rio de Janeiro em um navio de bandeira italiana. Aqui chegando, após passar poucos dias na capital segue com Karim para o lugarejo chamado "Matinada", na "Encruzilhada dos Turcos", como era conhecida a pequena casa misto de residência e loja comercial naquela área cafeeira, onde atualmente encontra-se a fazenda do Dr. Francelino França, em Natividade.

Porém, o jovem Merhige, ou "Jorge" como era conhecido, não sabia nenhuma palavra em português e tinha pouca instrução em árabe. Entretanto, com uma determinação surpreendente e ajudado por um carreiro que ali passava regularmente, aprende a ler e a escrever em português.

Em 1914, transfere-se para Bom Jesus do Itabapoana (RJ) e, já em 1916, abre com seu irmão Karim (ou Quirino como era conhecido) a firma "Quirino Antônio e Irmão", uma loja de armarinhos e tecidos localizada na Rua Buarque de Nazareth. Nesta época, mascateia pelo interior da região montado em um burrinho, levando um baú com as amostras das mercadorias da loja para encomendas, que eram entregues na viagem seguinte.

Em sua primeira viagem, é acolhido pelo casal Amélia e Joaquim Teixeira de Oliveira em um episódio que ficou-lhe na lembrança com demonstração da generosidade brasileira: chegando à tardinha na fazenda e pedindo pouso, é convidado para o jantar. Com vergonha, agradece e diz que já tinha jantado, mas é repreendido pela mentira e por fim levado à mesa do jantar, já que a dona da casa sabia que não havia por ali lugar onde se pudesse comer.

Por volta de 1926, os irmãos começam a negociar com café, comprando e vendendo a mercadoria pois parte do que recebiam ao mascatear tecidos era pago em café à época de safra.

De seu casamento com Alzira, em 1927, nascem seus 6 filhos: Marian Bader, que casou-se com Edmundo Sauma: Ismélia, que casou-se com Roberto Silveira; José Antônio, casado com Olga Borges Saad; Antônio Merhige, o "Pico", falecido em 1991, casou-se com Maura Mury Saad; Geraldo, falecido ainda criança; e Maria Cristina, casada co Luis Roldão de Freitas Gomes.

Com a grande crise econômica de 1929, os negócios com o café sofreram uma queda brutal obrigando-o novamente a mascatear montado em seu burrinho até que a situação se estabilizasse. Em pouco tempo, com trabalho árduo, os irmãos conseguiram construir na vizinha Bom Jesus do Norte, perto da antiga linha do trem, um grande armazém para estocagem do café, negociando já em 1939 mais de 40 mil sacas por ano. Começam também a plantar café em suas fazendas Estrela, São Benedito, e Boa-Fé, em Itaperuna.

Na década de 1940, os irmãos passam a fazer negócios separadamente, quando Merhige passa a investir em novas áreas como as salas de cinema, chegando a ser proprietário de 7 salas de projeção em Bom Jesus, Bom Jesus do Norte (ES), Vila Velha (ES), Colatina (ES) e Baixo Guandu (ES).

Em 14 de agosto de 1950, durante o banquete comemorativo de inauguração do Cine-Teatro Monte Líbano, recebe o título de cidadão bonjesuense do qual sentia grande orgulho. Marco na arquitetura da cidade, foi o primeiro edifício da região, contando com dois andares de salas comerciais e uma construção impecável que nada devia aos melhores teatros da capital. Por ali se apresentaram os maiores nomes do teatro e da música brasileira, que passaram a incluir Bom Jesus em suas turnês. Sete anos mais tarde, instala no segundo andar a Rádio Bom Jesus de sua propriedade que abrigava grande acervo musical.

Em 1951, sua filha Ismélia casa-se com a grande promessa política do Estado do Rio, o então secretário de Justiça e futuro Governador Roberto Silveira. Nesta época, a família se transfere para a casa ao lado do Cinema, em frente à praça Governador Portela, onde recebem grandes personagens da política brasileira.

Em 25 de abril de 1973, morre vítima de um infarto do miocárdio em sua casa em Bom Jesus, cidade que não gostava de sair porque dizia que era ali que queria morrer.

Sua viúva, Alzira Saad, falece em Niterói em 1992.

Em 1999, a família construída por Merhige e Alzira conta ainda com 17 netos e 17 bisnetos. 

Do livro "RESGATANDO O PASSADO, IMPORTANTE DOCUMENTÁRIO DE BOM JESUS - LEMBRANÇAS E RECORDAÇÕES", de Heliton de Oliveira Almeida e João Batista Ferreira Borges, Almeida Artes Gráficas, 2000


"VOU INVESTIR EM BOM JESUS O QUE GANHEI EM BOM JESUS "


Segundo Michel Saad, ex-deputado estadual, declarou ao JONF (Jornal O Norte Fluminense), em 2023, "quando propuseram a Merhige investir seus lucros em Niterói, ele respondeu: '- Vou investir em Bom Jesus o que ganhei em Bom Jesus'. Isso revela o amor que ele tinha pela cidade. Na época, ele poderia ter comprado cerca de 9 (nove) apartamentos em Niterói, mas preferiu construir o edifício Monte Líbano em Bom Jesus. Ele era um homem desprendido e exemplo de dignidade", salientou.


OS ÚLTIMOS MOMENTOS DE MERHIGE HANNA SAAD

 

A família Saad mantém intacto o Palacete com os móveis que guarnecem o mesmo desde a época de Merhige Hanna Saad 


No dia 19 de abril de 2014, Marian Saad Sauma relatou ao O Norte Fluminense sobre os momentos que antecederam a morte de seu pai:

"Meu pai, certa vez, estava passando mal de saúde e resolvemos trazer um médico de avião do Rio de Janeiro. Esse médico recomendou a ida dele a Niterói. Recuperou-se na casa de Ismélia. Papai ficou cerca de 3 (três) meses até receber alta. Quando retornou a Bom Jesus, fez questão de ir ao Cine Monte Líbano e cumprimentar seus funcionários. Em seguida, foi até a sua casa e entregou um chinelo que trouxera de presente para a mamãe. Segurou-a, então, pela mão, e andou com ela em cada canto da casa. Ao final, ele disse à mamãe com emoção: '- É aqui que temos de ficar!'. Em seguida, minha mãe foi preparar uma canja para ele. Papai foi tomar banho e, como de costume, não trancou a porta do banheiro. Passado algum tempo, mamãe chamou por ele, que não respondeu. Mamãe resolveu então entrar no banheiro e viu papai caído no chão, envolvido na toalha: ele teve um colapso cardíaco e faleceu". 


Merhige Hanna Saad adquiriu o palacete da praça Governador Portela e realizou transformação em sua fachada 



Dora Silveira e sua mãe, a saudosa Ismélia Saad Silveira, Mariam Saad Sauma e sua filha Mônica Saad Sauma, no palacete, em 2015 (foto: Gino Martins Borges Bastos)

Mariam Saad Sauma e o retrato dos pais, Merhige Hanna Saad e Alzira Sauma Saad


Michel Saad, Maria Cristina, Patrícia, Ismélia, Maura, Eunice e Marian Saad Sauma, em 2015


Merhige Hanna Saad foi homenageado por Raul Travassos, no dia 18 de setembro de 2015, por ocasião da Festa da Providência, na Praça Governador Portela


MERHIGE HANNA SAAD VIVE!

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