terça-feira, 5 de agosto de 2025

Quem foi Chiquita Menezes


"Francisca Menezes, conhecida como Chiquita Menezes, era uma pessoa muito caridosa. Cuidou de Padre Mello, quando o mesmo adoeceu. Cuidava dos doentes que ficavam na rua. Levava crianças para as aulas de catecismo. Ela cuidava das finanças da Igreja" (Ruth Fragoso)



segunda-feira, 4 de agosto de 2025

A Água e a Pomba da Esperança

                           Por Gino Martins Borges Bastos 





Na rotina cinzenta de repartições públicas, onde papéis se empilham como os dias e as filas se arrastam como as horas, existe — para quem quiser ver — um lugar sagrado. É ali, entre um protocolo e outro, que a alma humana se revela com sua nudez mais tocante: a de quem precisa ser ouvido.

Na porta daquela repartição, um aviso simples, mas solene, avisa:
"Que não sejamos quem sepulta o desejo de uma palavra de esperança."
Não é uma placa decorativa. É um pacto silencioso.

Foi com esse pacto aceso no peito que um dia recebi uma senhora de semblante sofrido e fala quebrada pelo peso da angústia. Veio com um pedido que, aos ouvidos da razão, soava absurdo:
“Minha vizinha fez bruxaria na minha caixa d’água. Envenenou a água e não posso beber mais. Quero que o senhor mande prender ela.”

A princípio, hesitei. O gesto da mente foi buscar saídas lógicas: igreja, pastor, delegacia. Mas ela já havia tentado. Ali, diante de mim, estava uma mulher que não pedia justiça — pedia alívio. Não pedia papel timbrado — pedia fé. E eu, naquele momento, não era funcionário. Era humano.

Senti-me como um enxadrista diante de um tabuleiro inesperado. Cada peça emocional em seu lugar e nenhuma jogada certa à vista. Mas o relógio corria, e o princípio da esperança pulsava mais forte do que a razão.

Foi então que compreendi: há dores que não pedem solução; pedem acolhimento.
Chamei os funcionários. Não por formalidade, mas para que as palavras tivessem testemunhas. E ali, naquela sala de repartição transformada em capela, estendi minha mão sobre sua cabeça e fiz uma oração.
Uma prece que não vinha de dogmas, mas da compaixão. Uma prece que dissolvia fronteiras entre o espiritual e o humano.

Ao final, com suavidade de rito antigo, disse-lhe:
“Pode voltar para casa. A bruxaria foi desfeita.”

Ela se ergueu devagar, como quem deixa para trás uma carga ancestral. Saiu sem pressa. Levava, mais do que palavras, um gesto. Levava a pomba invisível da esperança, que naquele dia, não foi sepultada. Foi entregue.

Nunca mais voltou. E eu nunca soube do fim de sua história. Mas, talvez, o fim nem importe. Talvez o essencial tenha sido aquele momento em que a burocracia deu lugar à ternura, e a repartição se tornou altar.

Porque às vezes, a verdadeira política pública é escutar com o coração.
E a verdadeira cura é fazer alguém acreditar que a água, sim, pode voltar a ser limpa.

Placa Gino Bastos

 



Imperdível: "Cinema e Rádio em Bom Jesus: de 1904 a 1960” no ECLB

 


🤩AMANHÃ: “Cinema e Rádio em Bom Jesus: de 1904 a 1960” no ECLB 🤩 O Espaço Cultural Luciano Bastos inaugura a exposição que irá contar a história dos antigos Cinemas de nossa cidade e da Rádio Cultura, a primeira emissora de rádio de Bom Jesus. A mostra é gratuita e estará aberta ao público a partir desta terça-feira (05 de agosto) com visitação de terça a sexta-feira, das 9h às 11h30min e das 13h às 16 h. Venha prestigiar e convide os seus amigos e familiares.

O Pulo do Gato e o Salto da Esperança

 


Na III FLICbonjê, quando Bom Jesus do Itabapoana se vestiu com as cores da literatura, e o som suave das palavras ecoava na praça Governador Portela, algo extraordinário floresceu entre os estandes e os sorrisos. Não eram apenas livros que ali se lançavam — eram sementes. E uma dessas sementes, delicada e luminosa, tinha nome e voz: Isabela Gabetto de Oliveira Silva, 12 anos, que lançou seu primeiro livro, O Pulo do Gato.

Naquele palco transformado em templo, onde os aplausos pareciam orações, Isabela surgiu como uma flor do jardim da infância que ousou falar com todas as idades. Seu livro, escrito e ilustrado por ela em 2021, não é apenas uma história — é um gesto de amor, é um reflexo de um mundo possível. Um mundo em que crianças escrevem, desenham, sonham... e são escutadas.

O brilho no olhar da jovem autora misturava-se ao orgulho sereno dos pais. Era como se toda a cidade tivesse parado por um momento para testemunhar não apenas um lançamento literário, mas o nascimento visível de um novo tempo. Isabela não é apenas uma promessa. É presença. É prova.

Porque, como a própria FLICbonjê nos ensinou, para se compreender uma árvore é preciso conhecer a floresta. E ali, no meio daquela floresta cultural, Isabela ergueu sua árvore pequena e frondosa — já carregada de frutos doces.

O Pulo do Gato começa com um salto — um salto literal de um gato, um salto metafórico de uma imaginação sem fronteiras. Um gato, um rato, uma Praça Central, um queijo desejado, e o humor infantil que resiste à pressa do mundo adulto. A narrativa, leve e criativa, vem acompanhada de um convite generoso: que o livro seja lido em família.

E ali está uma das mais poderosas lições: a literatura como elo entre gerações. Isabela oferece não só uma história, mas sugestões de como contar essa história — com vozes, perguntas, desenhos, brincadeiras, tesouros escondidos e afetos revelados. É livro, é brinquedo, é espelho. É ponte entre pais e filhos, entre infância e permanência.

Na dedicatória, escreve: “Gino, obrigada por embarcar nessa aventura comigo. Espero que se divirta!” — e ao lado, o contorno de um gato nos olha, quase como cúmplice. E dedica a obra “para todas as crianças que amam se divertir com histórias e adoram desenhar.” A autenticidade da infância pulsa em cada traço, em cada linha — não para nos fazer lembrar do que fomos, mas do que ainda podemos ser.

Isabela não escreveu um manifesto. Ela viveu um. Sua obra não é teórica — é concreta. E, ao contrário de tantos livros que se alimentam do cinismo ou da crítica seca, O Pulo do Gato mostra, com a leveza da infância, que a nova sociedade não se desenha com slogans, mas com gestos. Com acolhimento. Com amor.

A III FLICbonjê foi espelho e janela. Mostrou à aldeia a beleza que carrega dentro e revelou ao mundo que, nas mãos de uma criança que escreve, cabe o futuro inteiro.

E no salto daquele gato — inesperado, divertido, cheio de vida — talvez estejamos todos sendo convidados a pular também. A saltar para um tempo novo, onde livros nascem do afeto, e a cultura, como um gato no alto do muro, observa tudo com olhos curiosos e um coração pronto para pular.





O Canto que Veio da Aldeia: O GMAA na III FLICbonjê




Ao entardecer encantado da III FLICbonjê, quando a praça Governador Portela se vestia de livros, poesia e sorrisos, algo mais sutil e profundo pairava no ar: o som da memória viva de um povo. E quem deu voz a essa emoção foi o Grupo Musical Amantes da Arte — o GMAA —, presença luminosa e sonora que se tornou uma das grandes atrações de um evento já memorável.

Foi como se a árvore antiga do Pau-Ferro da praça reconhecesse os primeiros acordes. Como se cada nota reencontrasse seu ninho no coração de Bom Jesus do Itabapoana. Não era apenas música. Era história. Era pertencimento.

Fundado em 16 de junho de 1990 pela incansável e inspirada Ana Maria Baptista Teixeira, o GMAA nasceu do desejo de fazer da arte um bem comum, acessível, presente e essencial. Naquela noite inaugural, durante a 1ª Noite de Cultura e Arte organizada pela professora Maria José Martins, poucas poderiam imaginar que ali começava uma jornada de décadas. Trinta e cinco anos depois, o grupo não apenas resistiu ao tempo — ele o preencheu com harmonia.

O GMAA canta Bom Jesus com a mesma verdade com que os rios cantam seus leitos. E, ao fazê-lo, cumpre em plenitude o que Tolstói apontou com sabedoria: “Se queres ser universal, começa por pintar tua própria aldeia.” O GMAA não canta para impressionar. Canta para expressar. Não procura o mundo — convida-o a vir ouvir.

Mais do que música, o grupo é um gesto de afirmação cultural. Um escudo contra a homogeneização das vozes, contra a tentativa de apagar o que é único em nome de uma falsa unidade. Em tempos de desenraizamento, o GMAA canta as raízes. E isso é um ato de resistência — e de amor.

Com seus 38 membros, o grupo é carinhosamente chamado de “a Alma Bonjesuense”. E, de fato, o é. Porque sua música carrega o que há de mais profundo no espírito de uma comunidade: fé, beleza, saudade, orgulho e esperança. Cada apresentação é uma celebração da cultura que nos forma e da liberdade que nos mantém de pé.

Sob a presidência de honra de Ana Maria Baptista Teixeira, a liderança firme de Ideildes Muniz Galo, a regência sensível de Martha Lucia Figueiredo Salim, e com os talentosos instrumentistas Gutenberg Machado de Mello e Graziela D. L. de Rezende, o grupo mostra que talento e compromisso caminham juntos quando o amor pela arte é o motor da caminhada.

E o tempo, sempre atento aos que deixam marcas, reconheceu o valor do GMAA. A editora O Norte Fluminense, fundada por Luciano Bastos, eternizou sua força musical em registros que são hoje preciosidades culturais. O CD "Bom Jesus de Corpo e Alma", lançado em 2017 para celebrar os 25 anos do grupo, é um convite ao reencontro com a essência musical da cidade. Já em 2019, com o CD "Retratos e Canções, Bom Jesus e sua História", o GMAA eternizou a canção “Juntinho de Você”, do consagrado Samuel Xavier, mais uma prova de que nossa aldeia canta com voz própria.

Na FLICbonjê, o palco se fez altar. E o GMAA, com sua harmonia serena, transformou o entardecer em uma oferenda à cultura, ao afeto e à união. Aquela apresentação não terminou com o último acorde. Ela segue ecoando, silenciosa e profunda, nas esquinas da cidade e nos corações que a ouviram. Foi mais do que um espetáculo. Foi um farol.

E Bom Jesus, de corpo e alma, agradece.



Um Encontro de Trovas e Emoções em Bom Jesus do Itabapoana

 


Bom Jesus do Itabapoana, envolta pelo verde das montanhas e pelo murmúrio suave de suas águas, foi cenário de um encontro onde a palavra virou oração e a poesia se fez ponte entre corações. Durante a III FLICbonjê — Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana — a cidade acolheu, com emoção e reverência, uma comitiva especial: os trovadores da UBT Seção de Itaperuna.

Eram trovadores que, com delicadeza e firmeza, fincaram na alma da cidade a semente da poesia breve, precisa e profunda — a trova. Quatro versos de sete sílabas que, como gotas de orvalho, caem no coração de quem lê. Esses artistas não vieram apenas com palavras, mas com memórias, afeto e compromisso. Vieram com história.

A União Brasileira dos Trovadores, nascida em 1966 sob a inspiração de Luiz Otávio, o Príncipe dos Trovadores, carrega consigo uma missão silenciosa e nobre: formar, incentivar, reunir e revelar poetas que acreditam na beleza das palavras. E a Seção de Itaperuna tem sido fiel a esse propósito — tanto que, em 2024, foi a responsável direta pela criação da Seção de Bom Jesus. Sob a bênção de uma chuva — quase como se o céu participasse da cerimônia — a nova seção foi solenemente fundada, na Praça Governador Portela. Esse gesto, singelo e simbólico, é a prova de que a poesia também constrói instituições, também faz nascer.

Na FLICbonjê de 2025 alguém lembrou, com razão, que essa irmandade entre cidades já tem raízes antigas: foi a Academia Bonjesuense de Letras que, muitos anos atrás, através do Dr Ayrthon Borges Seródio, colaborou na criação da Academia Itaperunense de Letras.

No dia 2 de agosto, a presença dos trovadores foi mais que um reencontro. Foi um retorno com bênçãos de amor e idealismo, uma chuva intensa de palavras que molhou o chão da praça e o interior de todos que escutavam. Nomes como Lúcia Spadarotto, Jane Moreira Bauer, Abia Dias, Mariana Nogueira Lombardi, Bernadete Soares, Alcione Moreira e Gogó Pacheco trouxeram não só a trova, mas o calor da amizade, da inspiração e do sonho.

Declamaram como se rezassem. Versos foram lançados ao vento com a esperança de que encontrassem ouvidos e corações férteis. E Gogó Pacheco, hors concours, com sua força declamatória, fez da praça um palco de encantamento.

A trova homenageou a cidade, sua história e sua feira literária. Mais que palavras rimadas, foram carícias à memória e convites ao futuro. E hoje, essas trovas repousam eternizadas em um banner, que passa a integrar o acervo histórico de Bom Jesus.

Assim, entre versos e sorrisos, entre guarda-chuvas e aplausos, Bom Jesus e Itaperuna entrelaçaram suas almas, sob os aplausos de todas as academias, autores e público presentes no memorável evento. Porque só os grandes sabem reconhecer a grandeza dos outros. E, nesse abraço poético, selaram uma união que nem o tempo, nem o silêncio desatarão.

Bom Jesus do Itabapoana agradece — e eterniza.



HOMENAGEM DA UBT SEÇÃO ITAPERUNA À III FLICbonjê - FEIRA LITERÁRIA E CULTURAL DE BOM JESUS DO ITABAPOANA


Hoje a FLICbonjê abraça 

a todos os escritores, 

com felicidade, graça

e carinho aos trovadores.

(Lúcia Spadarotto)


Na praça, a igreja matriz, 

anunciando a esperança, 

diz que o livro faz feliz

o mundo de toda criança.

(Lúcia Spadarotto)


Nas ruas desta cidade 

tanta alegria vivi...

Bom Jesus, deixou saudade 

e hoje estou de novo aqui!

(Lúcia Spadarotto)


Bom Jesus, terra querida, 

revivo-te na lembrança

de uma história aqui vivida 

no meu tempo de criança.

(Sônia Nuss)


Minha querida Bonjê, 

diamante do noroeste, 

lembro-me hoje de você, 

coração do meu Sudeste.

(Sônia Nuss)


Na vibrante Bom Jesus,

a ilustre FLICbongê brilha, 

onde a cultura conduz

o saber que se partilha.

(Jane Moreira Bauer)


A FLICbonjê que se alteia 

nas terras de Bom Jesus 

as mentes guia, norteia

e à cultura traz a luz.

(Abia Dias)


Bom Jesus do Itabapoana 

menestrel da FLICbonjê 

abre os braços, se engalana 

para receber você.

(Abia Dias)


Lá na FLICbonjê com arte, 

livros são apresentados

e a leitura se reparte

em sonhos compartilhados.

(Mariana Nogueira Lombardi)


A FLICbonjê oferece 

livros bordados de amor, 

onde a leitura floresce

tal qual um jardim em flor.

(Mariana Nogueira Lombardi)


A leitura, a Educação 

presentes na FLICbonjê, 

são molas da grande ação 

mostradas sempre a você.

(Maria Mendes de Oliveira Santos)


Logo ali em Bom Jesus, 

nas asas da poesia, 

literatura reluz,

trazendo brilho e alegria.

(Marina Caraline)


Grande feira literária 

enriquece a região, 

com poesia visionária 

faz história neste chão.

(Marina Caraline)


Bom Jesus, seu brilho alteia 

nas terras do Noroeste

e a FLICbonjê tece a teia 

da cultura que a reveste.

(Luciana Pessanha Pires)


As tramas da poesia 

destacam-se em Bom Jesus 

ao raiar do belo dia

que a FLICbonjê reconduz.

(Luciana Pessanha Pires)


Correnteza de água linda, 

mapeando Bom Jesus, 

traz beleza que não finda 

e a natureza traduz.

(Bernadete Soares)


FLICbonjê vem destacar

com requinte os seus valores, 

e na poesia exaltar, 

firmemente, os seus fulgores.

(Alcione Moreira)



Em homenagem à III FLICBONJÊ - Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana-RJ, por Rogério Loureiro Xavier

 


Olá 👋 pessoa amiga e do bem. 


*"Poesia"*

*"Em homenagem à III FLICBONJÊ - Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana-RJ."*

Poesia é arte, poesia é Cultura, poesia é paixão... Que infelizmente poucos a sabem interpretar e compreender. Poesia é vida, poesia é um sentimento, poesia é um momento, a cada hora, a cada minuto, a cada segundo e milésimo... vivemos a poesia.

"Procure exercitar as fontes inspiradoras que você tem ao seu alcance: Deus, o silêncio, a boa música, a natureza, a leitura de bons livros e a convivência com pessoas otimistas, que tenham pensamentos voltados para um futuro melhor."

*"A poesia é a cultura da alma, o bálsamo da emoção e a energia que vigora o olhar do mundo."*

*"✍️ ... Rogerio Loureiro Xavier"*

domingo, 3 de agosto de 2025

O impacto da sobretaxa do TRUMP no fim do mundo.

                 por Fábio Alexandre Miranda de Sousa



Depois que correu, literalmente, o mundo por mídias digitais, a declaração de um produtor rural Varre-saiense, de que a decisão da sobretaxa Norte-Americana, de 50% sobre as importações, incluindo o café, motor da economia da Capital Estadual do Café (Lei nº 6875/2014 do Estado do Rio), vamos tentar detalhar nossa perfeita concordância com o pequeno cafeicultor. 

A realidade da cultura caffeeira de nossa região, possui características peculiares que devem ser enfatizadas, para uma melhor compreensão do assunto: Praticamente a totalidade das propriedades rurais, se enquadram na condição de pequeno e médio produtor rural, em sua esmagadora maioria, familiar. A topografia, embora favoreça com o clima temperado de altitude face à nossa condição de uma "continuidade" da Serra do Caparaó, por outro lado, consiste em um enorme desafio operacional, por serem as lavouras, situadas em montes de acentuada inclinação, passando dos 40º. Condição essa que, somada ao gigante êxodo rural dos últimos 30 anos, bem como aos baixíssimos preços do produto, só não extinguiu a cultura na região pela obstinação de seus produtores e pela chegada das mágicas "máquinas costais" - equipamentos individuais movidos a combustão que mecanizaram tarefas diversas, nos permitindo competir com as lavouras do eixo Sul/Sudeste, há muito, se utilizando de tratores para esse fim, dada sua topografia plana. Vale mencionar nossa entrada magistral, no importantíssimo mercado de café especias.

Para aqueles que não compreendem claramente a dinâmica econômica da questão, esclareçamos: Como são produtores familiares, cuja condição de consumir produtos (locais e externos), depende diretamente do sucesso do produto cafeeiro, precisamos compreender os efeitos em cascata de uma estagnação no preço do produto nos outros ramos da economia regional. Funciona mais ou menos assim - O comércio local é impactado imediatamente, nos itens menos primordiais: mercado de máquinas agrícolas - paralisa; mercado de combustíveis - reduz drasticamente, porque as máquinas vão diminuir suas atividades, restando apenas o uso de necessidades essenciais de deslocamento; mercado de veículos - estagnação total; mercado imobiliário - despenca, porque os produtores rurais, além de comprarem terras para produção, são os grandes compradores de imóveis urbanos; construção civil - estagnada, gerando desemprego; trabalho na lavoura - diminui drasticamente; mercado de cafés especias, fortemente ligado ao agroturismo - afetado fortemente; Já imaginou que a Administração Pública será afetada pela queda de arrecadação de impostos né? Não cabem nesse artigo os demais impactos…

Diante disso, resta-nos concordar com a ideia de nosso produtor, de que a bomba (a sobretaxa) lançada pelos EUA, foi pior do que a que (literalmente) jogaram recentemente, pois aquela perfurava 60 metros de profundidade e esta agora, se forem mantidas as ameaças de sobretaxa (o que eu não acredito que será desse patamar pois, logo que atingirem seus objetivos geopolíticos, a trarão de volta para níveis aceitáveis, mas sem deixar de ganhar uma "beiradinha"), irradiará seus efeitos a partir do epicentro (bolso dos produtores locais) para todas os demais setores da economia, sendo assim, mais parecida em efeitos, com uma bomba atômica. E, atingirá assim, o fim do mundo. 


Frauta ao vento, luz no vale



Veio de São Pedro do Itabapoana, com os olhos cheios de memória e o coração afinado com a poesia do tempo. O Dr. Pedro Antônio de Souza chegou à 3ª FLICbonjê (Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana), não apenas como convidado ilustre — mas como mensageiro de um sonho antigo, tecido em silêncio por muitos anos: reviver Frauta Agreste, a única obra publicada por Maria Antonieta Tatagiba, poetisa e educadora nascida entre as montanhas em 1895, que deixou o mundo cedo demais, mas cujas palavras ainda respiram, doces e firmes, como o vento que desce das encostas.

Maria Antonieta escreveu com o peito aberto para o mundo e a alma sensível às dores humanas. Sua poesia sangra, floresce, sussurra. "Tudo revive com o dulçor do outono… Só tu não deixas este longo sono…" — escreveu ela, no poema “Ruyzinho”, dedicado ao filho perdido. Que mãe, que poeta, que mulher.

Dr. Pedro, fundador e presidente da Academia que leva seu nome e seu legado, trouxe não só versos em folhas amarelecidas, mas um farol aceso, um chamado à memória, um tributo àquelas vozes que quase se perderam nas curvas da história. Em Frauta Agreste, reencontramos a força feminina em sua forma mais lúcida, visionária e delicada: "o homem não deve recear o feminismo", alertou ela, com uma atualidade que transcende quase um século.

Durante a FLICbonjê, Dr. Pedro participou do Encontro entre Academias e Autores. À noite, assistiu, entre a comoção e a ternura, à estreia da TUNA LUSO-BONJESUENSE — crianças se transformando em som, em esperança, em ponte para o amanhã. Era como se os versos de Maria Antonieta estivessem ali, tangendo as cordas invisíveis da infância.

No dia seguinte, seus passos o levaram ao Teatro Cinema Conchita de Moraes, recém-refundado, na Usina Santa Maria. E ali, em meio à vibração teatral da pequena Brenda Alessandra e ao dedilhar comovido do pianista Luis Otávio Barreto, Dr. Pedro reconheceu a arte viva, pulsando. Mais tarde, os acordes dos jovens músicos da Sociedade Musical da Usina Santa Maria o fizeram sorrir em silêncio, como quem assiste à aurora e reconhece a eternidade contida no instante.

No almoço de confraternização, na casa de Betinho Milão, Dr. Pedro talvez tenha sorrido mais leve — como quem já cumpriu uma etapa de sua missão.

Não importa se Frauta Agreste foi o único livro de Maria Antonieta. O que importa é que ele existe — como perdura a beleza de Beleza Negra, a única obra de de Anna Sewell, como existe "E o vento levou", único livro de Margaret Mitchell, como permanece a voz que ainda ecoa em O Bosque das Ilusões Perdidas, única publicação de Alain-Fournier, o mesmo ocorrendo com John Kennedy, com seu livro"Confraria de Tolos". O número nunca definiu a grandeza. É a luz que importa. E Maria Antonieta é luz.

Dr. Pedro deixou em Bom Jesus do Itabapoana um legado que não se fecha na moldura de uma Feira Literária e Cultural. Trouxe um passado que se recusa a ser esquecido, devolveu-nos versos que estavam à beira do silêncio, e plantou um farol — que, agora aceso, começa a iluminar o país.







Letras que libertam

 



Era uma noite comum, dessas em que a lua derrama seu ouro sobre Bom Jesus do Itabapoana, quando algo extraordinário se revelou: passos firmes e curiosos ecoaram pela III FLICbonjê (Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana). Eram os alunos da EJA (Educação de Jovens e Adultos), da Escola Municipal dr Francisco Baptista de Oliveira, conduzidos com ternura e sabedoria pela professora Milvanete - atendendo solicitação da secretaria municipal de educação - navegando pelas páginas do conhecimento como quem reencontra o rumo de um sonho antigo.

Não chegaram de mãos vazias, nem de olhos apagados. Trouxeram na alma a sede da descoberta e na fala, o brilho do recomeço. Leram, com voz firme e coração pulsante, notícias do lendário O Norte Fluminense, aquele jornal plantado por Ésio Martins Bastos em pleno 25 de dezembro de 1946 — como se o Natal da palavra escrita fosse presente perene para a cidade.

Folhearam obras da Editora O Norte Fluminense com a reverência de quem abre portas. E foram além: viajaram pelas páginas de livros organizados por Alessandra Abreu, que não apenas edita livros, mas semeia futuros. Em cada leitura, um mundo. Em cada linha, uma conquista. Eram alunos, mas também autores do próprio destino.

Ali, entre livros e sonhos, tornaram-se prova viva de que a educação pode acontecer a qualquer hora da vida — e que nunca é tarde para se fazer presente no tempo da sabedoria. Eram mais que estudantes: eram evidência viva do poder da inclusão, da força do ensino transformador, da delicadeza com que a professora Milvanete cultiva esperanças como quem cuida de um jardim.

Ao final da jornada, sorriram em uma fotografia que mais parecia pintura: ladeados por Alessandra Abreu, pelo escritor Saulo Soares, e por André Luiz de Oliveira, presidente do Instituto de Menores Roberto Silveira. Ali, naquela imagem, não estavam apenas pessoas. Estavam promessas. Estavam sonhos. Estavam futuros.

Um deles — talvez todos — confessaram o desejo de se tornarem colunistas de O Norte Fluminense. E quem ousaria duvidar? A pena já está em suas mãos. A voz, agora, tem página. E a vida, finalmente, ganhou título.










Dilma Yara e seus infinitos passos

 



No compasso sereno de uma tarde de agosto, quando a brisa parece sussurrar versos pelas esquinas de Bom Jesus do Itabapoana, Dilma Yara, da Academia de Letras de Casimiro de Abreu, bailarina das letras e dos gestos, lançou seu livro de memórias: "Eu... e meus infinitos passos"  Foi na IIII FLICbonjê (Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana)— uma celebração da palavra e da emoção — que ela fez sua dança mais íntima: aquela que risca no papel os passos que o tempo bordou em sua alma.

Sara Gaspar, com olhos de quem vê além, enxergou nela a menina que sempre quis ser bailarina. Uma menina que enfrentou os testes da vida como quem enfrenta o frio de uma sapatilha nova: com temor e encantamento. Carlos Augusto Souto de Alencar, em seu prefácio, não teve dúvidas ao chamá-la de “bailarina dos infinitos passos”, pois ali está alguém que dança com a vida — no palco, na escrita, na memória. O livro, mais que biografia, é coreografia de alma.

“Para mim, dançar é viver em poesia”, disse Dilma. E, de fato, ela vive assim — girando em gratidão, rodopiando em palavras, com a leveza de quem já dançou sob chuva e sol, em silêncio e em aplausos.

Na FLICbonjê, os livros falavam. As poesias respiravam no ar. E a TUNA LUSO-BONJESUENSE, com suas crianças-cordas-vivas, fez vibrar corações desacostumados à beleza espontânea. Dilma se emocionou, como quem reencontra a infância numa melodia. “Nós não vemos isso em uma cidade grande”, disse. E era verdade. Há coisas que só nascem onde o chão ainda escuta passos de quem sonha.

No dia seguinte, na festa de aniversário da reinauguração do Teatro Cinema Conchita de Moraes, a arte continuou seu bailado. Dilma viu Brenda Alessandra, 12 anos, acender o palco com palavras e presença. Escutou o piano de Luis Otávio Barreto como quem ouve uma lembrança. Sorriu para a música das crianças da Sociedade Musical da Usina Santa Maria como quem planta esperança.

Dilma Yara não apenas lançou um livro. Ela lançou sementes de beleza. Dançou com as pernas, com os versos, com os corações. Em cada passo, uma história. Em cada história, um pulso. Em cada pulso, a certeza de que a dança — quando é feita de verdade — nunca termina. Apenas continua… em infinitos passos.




sábado, 2 de agosto de 2025

Onde a trova ganha voz

 



Na tarde serena do dia 2 de agosto, a praça Amaral Peixoto, no coração de Bom Jesus do Itabapoana, parecia respirar versos. Ali, entre os bancos e o murmúrio das árvores, uma criança de 10 anos — Ana Alice da Silva Sátulo — devolveu à cidade o que ela mesma lhe deu: poesia.

Acompanhada de sua mãe Kelly Cristina, dos amigos Giselle e Moacyr, e de Gino, Ana Alice levou na voz a doçura da infância e na alma o peso leve da arte. Diante do Espaço Cultural dos Trovadores — agora eternizado por lei como o lugar onde "a trova ganha voz" — ela declamou, com brilho nos olhos, os versos de Lúcia Spadarotto, trovadora bonjesuense que plantou flores rimadas no solo fértil da memória.

Cada trova, como um brinquedo antigo retirado da caixa do tempo, fez os presentes voltarem à infância:

Gira, gira, meu pião,

mas gira devagarinho...”

E o pião girou. Girou no ar, girou no coração da praça, girou nos olhos marejados dos que ali estavam. Não houve grandes palcos, holofotes nem ensaios grandiosos — houve apenas verdade. E isso bastou.

Ana Alice não homenageou sozinha: foi a infância inteira que se fez presente. A calçada virou brincadeira, a árvore virou esconderijo, e a trova, ah, a trova virou canção.

 “Brincar de pique-bandeira,

lá na casa dos meus pais...”

A III FLICbonjê (Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana) registrou em suas páginas esse momento delicado e eterno. A partir desse dia, cada passo dado na praça Amaral Peixoto encontrará uma trova sussurrada pelo vento.

Doravante, as rimas ali ecoarão. E Ana Alice, com sua voz de passarinho, será para sempre lembrada como aquela que fez o tempo voltar a ser menino.







Rostos Antigos em Palavras Novas



Saulo Soares 


Saulo Monteiro caminha devagar por Bom Jesus do Itabapoana, mas seu passo é firme — guiado por vozes que não se calam com o tempo. Não veio apenas como escritor, poeta, memorialista. Veio também como neto, como filho, como herdeiro de histórias que sussurram entre as pedras da rua e os arquivos empoeirados do jornal O Norte Fluminense.

Ele chega para a III FLICbonjê (Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana) com ares de retorno e missão. Traz nas mãos não apenas o talento da escrita, mas a busca constante por suas raízes. Seu rio é outro, sim. Mas é em Bom Jesus que ele volta a molhar os pés na memória.

Nascido em Piraí, traz em si o sulco de dois nomes que o antecedem: Cyro e Lao — pai e avô, palavras que se agigantam na lembrança. Foi Lao quem ajudou a erguer os pilares do jornal O Norte Fluminense, ao lado de Esio Bastos, ainda em 1946. E foi Lao também quem ensinou, em silêncio, que a grandeza mora nos gestos pequenos — como "aposentar" um cavalo maltratado, ou embalar, com o nome, mais de dezesseis crianças em forma de canção.

Saulo escreve porque não suporta deixar a emoção calada. Em sua poesia, Diadema, em homenagem a Elcio Xavier, o Príncipe dos Poetas, cada verso dobra o tempo e sopra vida nova nos ecos antigos:

"Cem anos são nada diante da tua Poesia,
Que perpassa a vida, nau a singrar..."

Ele é desses autores que escrevem com o coração sangrando e a alma ajoelhada diante da história. Sua entrevista com o professor Héliton Pimentel, amigo de seu pai, foi mais do que jornalismo — foi reencontro. Uma conversa com o passado. Um abraço que ultrapassou a ausência.

E quando escreveu "Sr. Lao", fez da crônica um altar. Transformou uma velha lata de Cream Cracker num relicário de ternura. Quem lê, entende: Saulo não apenas lembra — ele vive o que recorda.

A literatura o chama, é verdade. Mas é a memória que o move. E é assim que ele se senta entre os autores da FLICbonjê: como quem pertence a essa terra mesmo sem nela ter nascido, porque é de afeto que se faz uma pátria.

Saulo não veio só. Ele carrega consigo vozes antigas, cartas guardadas, nomes sagrados. E faz da escrita um gesto de gratidão. Como quem sussurra ao avô: “Obrigado por me ensinar a cantar.”

Bom Jesus o recebe não apenas como convidado. Mas como neto da terra.

Entre Palavras e Afetos

 

Altair José de Oliveira e Catiane D’Áura


Chegaram como quem já faz parte da paisagem: Altair José de Oliveira e Catiane D’Áura, rostos conhecidos dos que vivem os encantos das letras em Bom Jesus do Itabapoana. Vieram, mais uma vez, com os bolsos cheios de palavras e o coração aberto — feito página em branco pronta para ser preenchida de afeto.

É a III FLICbonjê (Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana) que os acolhe, mas, verdade seja dita, é a cidade inteira que os recebe como velhos amigos. Altair, vindo de Porciúncula, carrega nos olhos a leveza dos poemas que escreve. Catiane, lá de Coração de Jesus — nome que já anuncia a ternura —, vem com aquele jeito de quem costura memórias com fios de saudade.

Eles não apenas participam dos eventos — eles os tornam mais vivos. Estão ali, entre o público e o palco, entre os livros e os olhares curiosos, como pontes feitas de poesia. Unem a simplicidade do ser com a grandeza da escrita. É raro ver alguém assim: gente que caminha devagar para não perder nenhum detalhe da vida. Gente que escreve o que sente e sente o que escreve.

Altair, com seu "Poemeiro Encantado", colhe sentimentos como quem colhe flores no campo. Seus livros são estações do ano transformadas em verso. Catiane, com sua "Saudadice", transforma ausência em presença, memória em mulher. “Elas sou eu”, ela diz, e a frase ecoa como um espelho na alma de quem lê.

Na FLICbonjê, eles não são apenas autores. São presenças. São abraços literários. São a lembrança de que, mesmo em tempos tão apressados, ainda há quem pare para escutar o que o silêncio tem a dizer.

E quando partirem, deixarão no ar um perfume de papel e sentimento. Porque a literatura que eles fazem não se guarda só nos livros — ela mora também nas pessoas que tiveram a sorte de cruzar seus caminhos.







Coração em Palavras





Na manhã inaugural da III FLICbonjê (Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana), entre livros, sorrisos e o burburinho encantado de leitores e artistas, o tempo pareceu suspenso por um instante.

Sob os olhares atentos dos que acompanharam sua entrevista, a poetisa, trovadora, romancista, artista plástica e compositora bonjesuense Maria Terezinha Borges Coutinho, radicada em Vila Velha (ES), vestiu a alma de emoção.

Nas mãos, o livro "Pintando Palavras", recém-nascido em letras e afetos.

Nos olhos, o brilho de quem transforma a vida em arte, e a arte — em comunhão.

E quando sua voz, firme e doce, começou a declamar o poema “Coração”, algo se abriu ali, entre as páginas e o peito.

As palavras — bordadas com delicadeza e dor — iam traçando um caminho que tocava a todos: o amor que se cuida, o tempo que acolhe, a perda que marca.

E, ao final, não foram só versos que transbordaram.

Foram lágrimas.

Lágrimas sinceras de quem vive o que escreve.

De quem não apenas pinta palavras, mas as sente, as chora, as eterniza.

Naquele momento, Maria Terezinha não era apenas autora de um livro.

Era ponte entre corações.

Era memória viva de uma cidade que pulsa arte, e que guarda, com orgulho, o suave toc-toc de suas criações.

E assim, Bom Jesus do Itabapoana testemunhou o que há de mais bonito na literatura: a verdade que emociona.



Coração

Maria Terezinha Borges Coutinho

Me entregaste o teu coração 

e eu, com todo jeitinho,

e com todo o cuidado,

e com todo o carinho,

guardei-o e o conservei 

com dedicação e amor

bem juntinho do meu!

E o tempo foi passando 

e eu bem feliz me sentia,

com o suave toc-toc

do teu meigo coração 

a bater pertinho do meu!

Certo dia, sem razão,

numa estranha confusão,

levaste teu coração:

Lutei, lutei e lutei,

para que ninguém roubasse 

o que muito bem guardei!

Hoje com muita tristeza 

sinto uma enorme saudade 

do teu meigo toc-toc 

juntinho do meu coração.


sexta-feira, 1 de agosto de 2025

"Quando a Literatura me levou a Bom Jesus"


 
Valeria Fernandes, autora mineira de 11 livros infantis 

Foi pela literatura que os caminhos se cruzaram.

Vinda de Juiz de Fora, em Minas Gerais, a escritora Valeria Fernandes, autora de 11 livros infantis, chegou a Bom Jesus do Itabapoana pela primeira vez, convidada para participar da III FLICbonjê (Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana)

Logo ao chegar, o encantamento foi imediato.

Entre ruas acolhedoras, ela se surpreendeu com a limpeza, a organização e o carinho visível em cada detalhe da cidade.

Mas foi o calor humano que a conquistou de vez.

A cultura bonjesuense — rica, viva, pulsante — se revelou em conversas, apresentações, livros, olhares e sotaques.

Gente que valoriza suas raízes e acolhe com generosidade.

Na feira, encontrou leitores, ouviu histórias, compartilhou palavras.

E entendeu que a literatura, ali, não é só escrita — é vivida.

Bom Jesus do Itabapoana, com sua alma cultural, ganhou um lugar especial em seu coração.

E a primeira visita, certamente, não será a última.




A fé refletida nas águas

 

A fé refletida nas águas: a majestade da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus, espelhando céu e devoção no silêncio do chafariz. Foto de Rogério Loureiro Xavier, 1º/08/2025, III FLICbonjê (Feira Literária e Cultural de Bom Jesus do Itabapoana)


"Com seu reflexo nas águas, 

num anoitecer tão belo, 

dá adeus à dor e às mágoas 

a igreja de Padre Mello".

(Lúcia Spadarotto)



quinta-feira, 31 de julho de 2025

Obra do Divino: a Açorianidade que floresce em Bom Jesus

 


Há cartas que não chegam apenas com palavras. Chegam como bênçãos.

Hoje, sobre as mãos da presidente da ABIJAL, Beatriz de Fátima Magalhães Dias, repousou uma correspondência que não era só papel — era memória, era legado, era destino.

Da longínqua e azul Região Autônoma dos Açores veio o reconhecimento: a ABIJAL, nossa jovem e pujante Academia Bonjesuense Infantojuvenil de Artes e Letras, foi acolhida como guardiã viva da Açorianidade em nosso solo. E como um sopro do Divino Espírito Santo, a resposta trouxe também sustento: mil euros que darão asas às próximas celebrações culturais em nosso município.

Tudo isso no limiar de uma festa que carrega mais que símbolos — carrega fé.
Amanhã, o Divino começará a descer entre nós. Como desceu, um dia, entre os antigos moradores das lavouras e colinas de Bom Jesus, nas figuras de Antônio Teixeira de Siqueira e Francisco José Borges, que em meados de 1860 começaram a gestar entre nós a tradição da Coroa e do Cetro do Divino Espírito Santo.

E essa pomba que canta no Hino do Espírito Santo, conhecida em nossa terra como “Alva Pomba”, voou até nós pelas mãos de um açoriano de espírito e de ação: Padre Antônio Francisco de Mello. Chegado no dia 18 de junho de 1899, ele não só ofertou cânticos, mas colunas, vitrais, cultura. A própria fachada da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus é sua prece em pedra.

É certo: a história é feita de nomes. Mas é a alma do povo que os sustenta.
E é por isso que no dia 2 de agosto, entre livros, palavras e sons da nossa III Feira Literária e Cultural, a ABIJAL abrirá o palco à estreia da Tuna Luso-Bonjesuense — música que vem do mar, da ilha, da terra, do coração. Cantará o que somos: parte Açores, parte Brasil, completamente Bom Jesus.

E como se tudo se alinhasse num tempo sagrado, no dia 13 de agosto, quando celebramos o Dia Municipal do Imigrante Açoriano, será inaugurado um monumento na Praça Governador Portela. Pedra sobre pedra, honra sobre história. Uma homenagem silenciosa, porém eterna às famílias de acordescendentes que trouxeram nos ombros e no sangue a herança açoriana, e a plantaram com carinho no Vale do Itabapoana.

Sim, é obra do Divino.
Pois o que se constrói com fé, com arte e com memória, não se apaga.
Floresce. Canta. E permanece.



Uma magnífica Trova de Lúcia Spadarotto

 

Lúcia Spadarotto no Museu da Imagem de Pirapetinga de Bom Jesus, por ocasião da 4ª Feira Literária 


Lúcia Spadarotto, uma das grandes Trovadoras do país, alcançou o 1º lugar no concurso da OMT (Organização Mundial de Trovadores) Argentina, em 2023, com a magnífica Trova que está nesta postagem, tendo alcançado também o 1° lugar, no mesmo ano, nos concursos da OMT Canadá e da OMT Equador.

Imperdível: Roulien Boechat, hoje, no Cineclube Debates, às 18h30

 


🌿✨ O Cineclube Debates marca presença no 3º Simpósio Povos Originários com uma atividade imperdível!

🎤 No dia 31 de julho, às 18h30, no Auditório Amanda Celeste (IFF Campus Bom Jesus), acontece o diálogo:

📽️ “Ressignificando percepções e olhares sobre os povos originários por meio do audiovisual”, com participação de Roulien Boechat — historiador, fotógrafo social e mestre em Ciência da Educação.

🌱 Um espaço potente de escuta, debate e reflexão sobre cultura, ancestralidade e imagem.


🎟️ Evento gratuito com certificado!

👉 Inscreva-se: https://eventos.iff.edu.br/neabi-bji-simposiopovosoriginarios2025

https://eventos.iff.edu.br/neabi-bji-simposiopovosoriginarios2025

Compartilha com quem precisa estar nesse debate! 💛

MÃOS

 

Adalto Boechat Júnior 



Mãos que preparam comida

para saciar a fome,

com gestos simples e quentes,

nutrem o corpo e a vida.



Mãos que entregam livros,

para iluminar as mentes,

despertam sonhos adormecidos,

plantam saber em sementes.



Mãos que oferecem flores

para encantar a alma,

tecem silêncios perfumados

com delicadeza e calma.



São mãos que falam sem voz,

que acolhem, criam, ensinam...

Em cada toque generoso,

há um amor que se destina.



Dia Municipal do Maestro Bonjesuense e a III FLICbonjê

 

Maestro Nilo Rodrigues de Souza e a Lira Operária Bonjesuense 

O Dia Municipal do Maestro Bonjesuense foi instituído em Bom Jesus do Itabapoana.

O projeto de lei de autoria do vereador Clerinho da Soledade foi aprovado por unanimidade pela Câmara dos Vereadores e sancionado pelo prefeito Paulo Sérgio Travassos do Carmo Cyrillo.

A data escolhida foi 2 de outubro, dia de nascimento do icônico Maestro Nilo Rodrigues de Souza, da Lira Operária Bonjesuense.

Trata-se de um importante gesto do município, que passará a honrar todos os Maestros que contribuíram para o desenvolvimento da nossa cultura.

Amanhã, dia 1º, por ocasião da abertura da III FLICbonjê, os acordes da Lira Operária Bonjesuense, comandada por Nilo, passarão a percorrer as ruas da cidade entoando o tradicional Hino da Alva Pomba, dentro da programação da Festa da Coroa do Divino Espírito Santo e em honra ao Senhor Bom Jesus.

O JONF (Jornal O Norte Fluminense) dá sua contribuição, com uma relação inicial e provisória, dos nomes de alguns Maestros do passado e do presente, heróis responsáveis pela preservação da nossa cultura musical. 

Tuca (Eusechias Tito de Almeida)

Leopoldo Muylaert

Sebastião Vitorino de Sá

José Primo

Bastião

Levy de Aquino Xavier

Georgina Teixeira Mello 

Joaquim Teixeira Magalhães

Quincas Magalhães,

Sebastião (Tatão)

 José (Zeca) 

Áureo Fiori 

José Luiz Vargas (Koreto)

Francisco Oliveira Júnior 

Aldemir de Oliveira Morais

José Geraldo Morais

Cely Tinoco

Ricardo Severino (Ricardo Jarrão)

Maria Bernadete Teixeira da Silva

Alessandro Azevedo,

Thadeu Almeida

Luiz Otávio Barreto 

Martha Figueiredo Salim 

Maria da Conceição Fragoso de Oliveira 

Nilo Rodrigues de Souza

Eliton Polverine




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"Grande O Norte Fluminense! Um trabalho zeloso de Esio e Luciano Bastos!"

A magnífica residência de Ana Carolina Boechat, em São Paulo 

"Grande O Norte Fluminense! Um trabalho zeloso de Esio e Luciano Bastos! Plantaram frutos e lutavam pela boa imprensa do interior!" (Ana Carolina Boechat, desde São Paulo)



Mais que um jornal, a voz da nossa história!


quarta-feira, 30 de julho de 2025

Praça dos Trovadores na III FLICbonjê

 


Um projeto de lei apresentado pelo vereador Clerinho da Soledade, aprovado por unanimidade pela Câmara Municipal e sancionado pelo prefeito Paulo Sérgio Travassos do Carmo Cyrillo, passou a denominar a parte central da Praça Amaral Peixoto em Espaço Cultural dos Trovadores, o que constitui um importante fator de estímulo para o nosso desenvolvimento cultural.

A 1ª trova (quadra) escrita em Bom Jesus do Itabapoana teve como autor o açoriano Padre Antônio Francisco de Mello, em 1899, quando chegou ao nosso município:

"Quem teve amores ao longe 

teve saudades aos pés 

os olhos são regadores 

se o amor falso não é"

A última trova composta em nosso município foi de autoria da jovem Beatriz de Fátima Magalhães, presidente da ABIJAL (Academia Bonjesuense Infantojuvenil de Artes e Letras):

"Cuidar é gesto calado

que aquece o peito e acalma.

É amor sendo derramado,

feito abraço em forma de alma".

A trova desponta em nosso município graças ao idealismo dos membros da UBT Seção Itaperuna, que realizaram oficinas e orientaram a fundação da Seção Bom Jesus do Itabapoana.

Por ocasião da III FLICbonjê, no dia 2 de agosto, trovadores se reunirão no Espaço Cultural dos Trovadores e celebrarão a modalidade poética composta por quatro versos, onde cada verso possui sete sílabas poéticas (redondilha maior) com simplicidade, transmitindo mensagens para os corações.

Mestre Daniel de Lima foi homenageado pelo Rotary Club

 


O mestre artesão Daniel de Lima, do ateliê filhosdobarro, marcou presença na Exposição *A Arte de Ser Artesão – Raízes que Criam, Mãos que Contam*, realizada pela Aaari no Mercure Hotel, em Nova Iguaçu.  

A mostra integrou um momento especial do *Rotary Club de Nova Iguaçu Leste*, durante a cerimônia de transmissão de cargo, posse do novo Conselho Diretor e celebração dos 56 anos do clube.

A participação do mestre Daniel de Lima representa muito mais que uma presença simbólica — ela fortalece os saberes tradicionais e enriquece a trajetória do artesanato cultivado pela Associação de artesãos e artistas Raizes de Iguassu. 

Ter sua amizade e seu conhecimento junto ao nosso grupo é uma honra rara e valiosa.  
Gratidão, mestre!