quarta-feira, 8 de junho de 2016

O Adolescente Roberto Silveira



Ana Maria Silveira



Sempre ouvi dos seus irmãos,Badger, Penha e Zequinha, que Roberto era uma pessoa especial, diferente.  Desde criança as desigualdades sociais o incomodavam. Fazia questão, mesmo pequenino, de que todos participassem de qualquer evento, sem discriminar ninguém. Acolhia os mais afastados das brincadeiras e com um simples olhar conseguia que o grupo fizesse o mesmo. A prima Arlete, sua colega no curso primário, nos disse que quando Roberto chegava à escola uma satisfação imensa tomava conta de todos.
-Roberto era pura alegria! O dia em que ele faltava era longo e sem graça!
Como adolescente também se destacava pelo bom humor, pelo seu caráter forte, pela generosidade, pela curiosidade insaciável que o fazia devorar os livros, pela sua rara inteligência. 
Quando completou 17 anos, com o entusiasmo de sempre, comentou:
- Mamãe, quando eu fizer 24 anos, serei eleito deputado. Aos 28 vou me reeleger. Com 31 anos, vou me eleger vice-governador e em 1958, governador. Se não me matarem, serei um grande presidente da república!
- Mas por que o matariam, meu filho?
-Por causa das reformas que vamos fazer! O Brasil será melhor para se viver! E, se não me impedirem,vamos unir a América do Sul. Nela temos tudo: minérios, petróleo, imensas áreas agrícolas, pecuária e grandes líderes também. Poderemos ser independentes, autossuficientes!
-Muito bem! Mas como vai conseguir tudo isso? Perguntou Biluca sorrindo, incrédula...
De fato, Roberto e seus irmãos, primos e colegas foram se organizando ao longo do curso secundário e consolidando suas várias carreiras políticas durante os cursos nas faculdades de Direito e Medicina.
Zequinha foi para o Sul, no Paraná, abrir caminho para o Roberto no futuro, quando viesse candidato à presidência. Foi prefeito de Nova Esperança, deputado estadual, deputado federal. Jorge Loretti estrategicamente entrou para a UDN. Lá na frente alcançou sua meta: na hora exata, apoiou Roberto na sua candidatura ao governo do Estado do Rio. Palmir Silva, Edésio da Cruz Nunes, o primo Moacyr do Carmo estiveram sempre com ele. Badger seguiu pelo Estado do Rio. João de Seixas Dória foi abrir caminho no Nordeste. Chegou a Governador de Sergipe, deposto pelo golpe militar. O amigo Sigmaringa Seixas rumou para Goiás, radicando-se no DF. Tantos outros como Herval Basílio, Michel Saad e Raul de Oliveira Rodrigues foram engrossando o grupo de jovens políticos dos mais íntegros, combativos, éticos, e sempre bem-humorados quecompartilhavam os mesmos ideais.
Foi uma passagem meteórica a de Roberto, mas deixou marcas profundas e o exemplo de como governar com lisura, honestidade nas ações, competência e amor à causa pública.

07/06/2016

Ana Maria Silveira é filha do ex-governador Badger Silveira


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