segunda-feira, 19 de novembro de 2018

A BIOGRAFIA DO DR. RAUL TRAVASSOS DA ROSA


 Cadeira nº 38 - Raul Travassos da Rosa
 
Patrono
 
 
RAUL TRAVASSOS DA ROSA, nascido em Belém a 20 de outubro de 1893, filho de Joaquim Hugo Travassos e Maria Eleonora Muller Travassos da Rosa e casado em 15 de fevereiro de 1919, na cidade de Campos, com Edith Fogaça Travassos da Rosa. Estudou na cidade que lhe serviu de berço, tendo feito o curso básico em Portugal (Coimbra), retornando a Belém e finalizando o curso médico na tradicional e antiga Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, onde colou grau em 1918, defendendo tese sobre "Insuficiência cardiorrenal".
Indo para Campos em 1931, lá permaneceu por pouco tempo, instalando-se definitivamente na cidade de Itaperuna, para onde fora por força de espontâneo abaixo-assinado do povo que o acolheu de maneira fascinante e carinhosa.
Não toca neste ambiente festivo a apreciação da carreira pública do Dr. Raul Travassos, pois poucos terão, em tão curto prazo, exercitado na cidade que o acolheu aquela filosofia própria do médico-político, arte que soube imprimir com vasta visão o magistério clinico e a visão filosófica em seu alto sentido de generalização e fundo filosófico. Os que o conheceram sabiam-no cheio de experiência e descortínio clínico. O astro que rápido buscava o ocaso não queria que lhe sobrevivesse a irradiação da sua centelha. Memorando-lhe o nome aqui fale agora a voz da afeição.
Como médico, soube honrar a classe e subiu ao principado da nossa profissão. Não foi abandonado quando, batido pelas lufadas, tornou-se a flor que se dobra ao vento, mas não se deixa abater. Conosco está a sua lembrança e quando o tempo se distancia, mais ao perto o sentimos.
Na Medicina, exerceu cargos de alta responsabilidade Delegado de Saúde, Secretário de Saúde no Governo do General Edmundo de Macedo Soares, Assessor Técnico da Secretaria de Saúde em 1959, cargo no qual se aposentou.
Na política, exerceu os cargos de vereador Presidente da Câmara, Prefeito Municipal, no Governo do Almirante Amaral Peixoto, e Deputado Estadual (1954-1958).
Foi um benemérito da cidade quando na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro tratou a construção de um hospital, sonho realizado em 6 de agosto, de 1925, tornando-se então vice-presidente da futura instituição a convite do Dr. Diogo Soares Cabral. Fundou, o ilustre homem público, o ROTARY CLUBE DE ITAPERUNA, O AERO CLUBE E O TÊNIS CLUBE. Por tais serviços prestados à comunidade o LIONS CLUBE, em reconhecimento, fê-lo seu sócio honorário.
Foi ele um autêntico político, mas, acima de tudo, um "médico do interior", que soube plasmar com amor o espírito do "Médico de Família", o ideal do sacerdócio e uma tradição que se torna necessário manter. O médico de família deve reaparecer para devolver à Medicina a humanização de que a classe se ressente e situá-la como prática social e comunitária. A superespecialização ou a especialização indiscriminada, retirou, de certa maneira da prática da profissão médica, aquele caráter de comunicação individual - tão característica em Raul Travassos - desfigurando certamente a relação médico-paciente.
A realimentação do interesse pela especialização fez com que a prática da medicina no mundo inteiro, com exceção dos países socialistas, fosse de certa forma, canalizada para esse tipo de predominância do especialista, que é aquele indivíduo que exercita a Medicina privada e paga, dentro de um campo limitado, no qual ele aprofunda mais os seus conhecimentos.
Não foi essa - senhores - a filosofia do nosso homenageado. Ele não soube tornar a Medicina uma arte cara e rendosa. Não soube também deixar transparecer que o especialista era desnecessário. Se invertermos a fórmula, como vem acontecendo, e formarmos especialistas em número maior do que médicos que sejam capazes de resolver a maior parte das necessidades da população, haverá um desperdício de recursos, que precisam ser bem utilizados porque geralmente são escassos
Raul Travassos foi, na acepção da palavra, um médico generalista, com ampla capacidade e visão da Arte Médica. Façamos essa tentativa da humanização da Medicina.
Após a Conferência Pan-Americana, outra entidade - a Associação Brasileira de Ensino Médico (ABEM) - volta a defender com ênfase os dois problemas: o Médico Generalista e o Médico de Família. O principal aspecto da campanha parece estar na consciência do papel e da responsabilidade do médico quanto aos problemas de saúde da população.
"Tudo indica" - escreveu o Prof. Mário Rigatto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em recente publicação: "que o prestígio social que os médicos perderam não só é irrecuperável, mas ainda diminuirá mais. Pela necessidade de estarem disponíveis para todos, os médicos estão sendo fabricados em série. Neste aspecto, o Brasil detém a liderança mundial: é o país que, com exceção de Israel, possui mais Faculdades de Medicina no mundo, face à população. Coisas produzidas em série não têm prestígio", conclui o ilustre Mestre.
Mas, porque soubemos amá-lo - RAUL TRAVASSOS - hoje nós introvertemos na contemplação do vosso grande espírito luminoso e com fidelidade vos chamamos, vos revocamos à vida, a vós que do alto nos falais e nos dizeis não sei que coisas misteriosas. Conosco está a vossa lembrança e quanto o tempo mais vos distancia mais ao perto vos sentimos!

Biografia escrita pelo Acadêmico Mário de Mattos Goulart.
Da Academia de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (ACAMERJ)

Fonte: http://acamerj.org/index.php?caminho=academico.php&id=305

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