sábado, 2 de novembro de 2024

MORIBUNDA, um soneto de Padre Mello

 

Quem a conhece? Quem dirá que outr'ora

Foi um primor de graça e de candura?

Cheia de vida, cheia de frescura,

E tão desfeita e desmerecida agora!...


Parece aquella flor que à luz da aurora

E ao sorrir da manhã serena e pura

A fronte inclina para a terra dura,

Murcha, definha, abrocha-se e descora.


Perto lhe vem os últimos momentos;

Vai desprender-se a divinal essência 

Do débil organismo em rhytmos lentos.


Olhos que a vistes rindo na innocencia

Que lágrimas tereis, em vãos lamentos,

Para chorar tão longa e triste ausência?!...


31 - 7 - 906


Pe. Mello





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