sábado, 19 de julho de 2025

A tradição é resistência. Sem passado, não há futuro!

                                         Por Gino Martins Borges Bastos 

O primeiro escrito em solo bonjesuense data de 1873, de autoria do naturalista mineiro Manoel Basílio Furtado 


O primeiro escrito em solo bonjesuense data de 1873 (o texto final foi produzido em 1875 e publicado em 1884). Ele é de autoria do naturalista Manoel Basílio Furtado que, partindo da cidade mineira de Rio Novo, passou por nosso município, realizando uma expedição de estudos.

Na referida obra, ele explicou o significado de "itabapoana": "Rio da Aldeia Redonda", por banhar a Aldeia da Muribeca, que tinha essa forma. "I - rio, taba - aldeia, apoon, redonda". Manoel Basílio informa ainda que "A povoação do Sr Bom Jesus foi começada nos anos de 1847 a 1850 e deve sua fundação e os melhoramentos do que hoje goza à generosidade do Sr Alferes Francisco da Silva Pinto...". 

A fundação de Bom Jesus se deveu ao Alferes Silva Pinto, mas quem primeiro pisou o solo bonjesuense foi Antônio José da Silva Neném, em 1842, acompanhado do português Manoel Gomes Alves e Manuel da Silva Fernandes, conhecido como Silva Monarca. Essa informação foi passada por Antônio Teixeira de Siqueira a Padre Antônio Francisco de Mello, icônico padre açoriano, que chegou a Bom Jesus no dia 18 de junho de 1899:

"E esses mesmos, ouvi eu dizer da principal fonte de informações Sr. Antônio Teixeira de Siqueira, eram mais entregues à caça e à pesca do que às culturas nesse momento possíveis " (p.39) ( in Páginas Memoráveis de Bom Jesus do Itabapoana, Padre Mello Prosa e Versos, um Gênio da Civilização e da Cultura", Textus, 2005, editado pelo gênio de Delton de Mattos.

Padre Antônio Francisco de Mello escreveu "Primórdios de Bom Jesus" com base em fontes orais 

Outra informação relevante de Manoel Basílio se refere ao número de "livres" e "escravos" em nossa região. Relata ele que o total de pessoas "livres" era de 2.376: "Homens...1.366, Mulheres...1.010". A respeito dos "Escravos", ele informa um total de 1.298: " Homens...819, Mulheres...479".

Esses dados constam do livro "Itinerário da Freguezia do Senhor Bom Jesus do Itabapoana à Fruta das Minas do Castelo" (Manoel Basílio Furtado) escrito em 1875 e publicado em 1884. Essentia Editora. Memórias Fluminenses, vol. 2. 2014, publicação que resultou a partir de um importante esforço da memorialista Paula Martins Borges Bastos.

Por ocasião do 19º EVENTO do CONGRESSO DA SOCIEDADE DE CULTURA LATINA, que será realizado em Bom Jesus em 2027, com a presença dos destaques de todo o estado do Rio de Janeiro na área  cultural,  todos poderão conhecer a nossa rica história.

A história é viva e continua sendo escrita por aqueles que se lembram dela. A identidade cultural não se limita ao nascimento em um local, mas à vivência, memória e amor por ele (bonjesuísmo).

A memória cultural é uma força formadora da identidade coletiva de um povo. O esquecimento constitui uma ameaça à consciência histórica e à coesão social.

A tradição é resistência. Sem passado, não há futuro!

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