segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Ilhas de Bruma no Vale: De Francisco para Francisco



Um filho das brumas ao lado de outro, dois Franciscos, observados pela igreja, guardiã do tempo, que o padre açoriano sonhou



O ilustre açoriano Francisco Amaro Borba Gonçalves, amigo de Bom Jesus do Itabapoana, celebra seu aniversário no dia 29 de janeiro. Nascido na ilha Terceira, nos Açores, e radicado no estado do Rio de Janeiro, é um dos mais queridos bonjesuistas, termo criado por Octacilio de Aquino para definir aqueles que, mesmo não nascidos aqui, vivem como se fossem filhos da terra.

Apaixonado por Bom Jesus, terra que acolheu outro grande açoriano, que também tem Francisco no nome: o Padre Antônio Francisco de Mello, a partir de 18 de junho de 1899, Francisco seguiu os passos do notável pároco lusitano. Membro da Academia Bonjesuense de Letras, já deixou importantes textos memorialistas, poesias e canções.

Francisco nasceu na Freguesia da Ribeirinha, no concelho de Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. Filho de João Gonçalves Leonardo e Maria da Conceição Borba, cresceu entre 13 irmãos, sendo um já falecido e outro emigrado nos Estados Unidos. É casado e pai de Juliana e Daniel.

Na juventude, estudou na Escola Comercial e Industrial de Angra do Heroísmo. Em janeiro de 1978, partiu para o Brasil. Viveu e trabalhou no Rio de Janeiro até fixar-se em Casimiro de Abreu, onde atua como comerciante agropecuarista.

Ligado às tradições açorianas, integra desde os anos 80 o quadro social da Casa dos Açores do Rio de Janeiro, tendo participado diversas vezes de sua diretoria, inclusive como 2º vice-presidente. Foi integrante do grupo musical Tertúlia Açoriana, apresentando-se em várias ocasiões, como na Academia Luso-Brasileira de Letras, a convite de Dona Idalina Gonçalves, com a presença do cardeal-arcebispo Dom Orani Tempesta.

Naquela ocasião especial, apresentou sua própria composição, Cântico de Oração ao Bom Jesus, que, em gesto afetuoso, dedicou ao nosso município. Também integra a Irmandade da Devoção Particular do Divino Espírito Santo de Vila Isabel.

Com carisma, simpatia e espírito jovial, Francisco canta, compõe e encanta. Em 2019, ingressou na Academia Bonjesuense de Letras, consolidando seu vínculo com a vida cultural e social de Bom Jesus. Em sua homenagem, agosto de 2024 marcou a criação do Sítio Açoriano, referência ao lugar que o acolhe em suas visitas à cidade.

Sua presença em Bom Jesus é permanente, como sentisse a missão de levar adiante a obra cultural do sacerdote açoriano.

No dia 13 de agosto de 2025, data em que recordaremos o falecimento do Padre Antônio Francisco de Mello, a cidade respirará memória e devoção. O canto virá de longe, atravessando oceanos: o nosso amigo açoriano Francisco Amaro Borba Gonçalves entoará Ilhas de Bruma, outra música açoriana destinada a integrar a cultura bonjesuense.

Sua voz se espalhará pela parte alta da Praça Governador Portela, inaugurando o Monumento ao Imigrante Açoriano do Vale do Itabapoana. No outro extremo, junto à majestosa fachada da Igreja Matriz, construída pelo pároco açoriano, repousará o busto do Padre Mello, como se escutasse, em silêncio, a melodia que lhe será ofertada no dia de sua partida para a eternidade.

Na lateral estarão os bustos dos açordescendentes Roberto e Badger Silveira, ex-governadores do Rio de Janeiro, e do médico José Vieira Seródio. Ao redor, dois prédios que pertenceram ao açoriano Manoel Seródio, guardiões de pedra e história.

E quando a voz de Francisco Amaro se elevar, será como se o Atlântico inteiro viesse ouvir. Não será apenas um canto: será prece.

Porque o mar que trouxe os açorianos até estas margens não é feito apenas de água e sal. É feito de nomes, rostos e memórias que agora se ancoram para sempre no coração do Vale do Itabapoana, onde cada onda é uma história, e cada história, um pedaço de eternidade.

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