Boanerges Borges da Silveira |
De uma encosta gigantesca
Se desprendem com magia,
Da terra ou da rocha virgem,
Que além se oculta sombria,
Estas águas caudalosas,
Estas correntes formosas,
Que se batem orgulhosas,
Pelas pedras noite e dia.
Sua margem deslumbrante
Que se orgulha em te adornar,
Tem ciúme até da ave
Que em ti vai se banhar,
Temendo que assim banhada,
Em tua água encantada
Se transforme em linda fada,
E de si vá te roubar.
És mensageiro das musas
Encanto da inspiração.
Tens no teu leito guardado
Num prateado condão;
Flores que não se exalam,
Peixes que entre si falam
Nos cantos que não se igualam
As liras de um coração.
Tua missão incansável
De percorrer sem parar
Todo o vale majestoso
Que liga Minas ao mar
Do alto encanta quem passa,
A Catadupa, a Fumaça
Pelo ar água despedaça
Vindo no solo espanar.
Dás ao rico tuas águas
E ao pobre sem distinção;
Dás às aves tuas sombras
Que se estendem num cordão
Dás ao vale tua lira
Dás-lho espelho em que se mora
Dás-lho estro que delira
Amor saudosa canção.
(Bom Jesus do Itabapoana, publicada no jornal "Itabapoana", em 9/11/1911)
Nota do jornal O Norte Fluminense: Boanerges Borges da Silva, casado com Maria do Carmo Teixeira, a Biluca, teve os seguintes filhos: os ex-governadores Roberto e Badger Silveira, o ex-deputado federal pelo Paraná, Zequinha Silveira, e Dinah e Maria da Penha Silveira.
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