sábado, 20 de janeiro de 2024

"O rio Itabapoana", poesia de Boanerges Borges da Silveira



Boanerges Borges da Silveira 


De uma encosta gigantesca

Se desprendem com magia,

Da terra ou da rocha virgem,

Que além se oculta sombria,

Estas águas caudalosas,

Estas correntes formosas,

Que se batem orgulhosas,

Pelas pedras noite e dia.


Sua margem deslumbrante

Que se orgulha em te adornar,

Tem ciúme até da ave

Que em ti vai se banhar,

Temendo que assim banhada,

Em tua água encantada

Se transforme em linda fada,

E de si vá te roubar.


És mensageiro das musas

Encanto da inspiração.

Tens no teu leito guardado

Num prateado condão;

Flores que não se exalam,

Peixes que entre si falam

Nos cantos que não se igualam

As liras de um coração.


Tua missão incansável

De percorrer sem parar

Todo o vale majestoso

Que liga Minas ao mar

Do alto encanta quem passa,

A Catadupa, a Fumaça

Pelo ar água despedaça

Vindo no solo espanar.


Dás ao rico tuas águas

E ao pobre sem distinção;

Dás às aves tuas sombras

Que se estendem num cordão

Dás ao vale tua lira

Dás-lho espelho em que se mora

Dás-lho estro que delira 

Amor saudosa canção.


(Bom Jesus do Itabapoana, publicada no jornal "Itabapoana", em 9/11/1911)


Nota do jornal O Norte Fluminense: Boanerges Borges da Silva, casado com Maria do Carmo Teixeira, a Biluca, teve os seguintes filhos: os ex-governadores Roberto e Badger Silveira, o ex-deputado federal pelo Paraná, Zequinha Silveira, e Dinah e Maria da Penha Silveira.

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