Antonio Francisco Menezes Wanderley
Maior tortura quem sofreu jamais?
Quem tanta dor, quanta eu sofri, sofreu?
Amigos meus, sonhais?
Em dois minutos, quem a tal chegou?
Foi-se Seringe... entanto eu era crente
De nos meus braços tê-la...
Pus-me a segui-la... Alguém mais velozmente
Já viu passar no céu errante estrela?
E a bela, amigos, mal
Sentiu meus dedos roçar touca,
Em verde canavial,
Louca de medo, transformou-se: louca!
E, por vingança, não sabeis? Feliz
Cortei viçosa cana,
Da qual esta flauta fiz.
Ela ao mundo inteiro diz
O que me resta de Seringe insana.
Lamento, agora, seja
Noite ou dia, esse amor perdido.
Tomemos tanto... cada qual que seja
Seu coração... que o amor que a rir nos beija
É muitas vezes, um amor fingido.
E reembocando a flauta, o deus caprino
Foi pelos montes sua dor cantando,
Deixando imerso, num cismar ferino
Todo o confuso bando.
Nota do jornal O Norte Fluminense: Antonio Francisco Menezes Wanderley foi patrono da Cadeira nº 9 da Academia Bonjesuense de Letras, e progenitor dos poetas Renato Wanderley e Rubem Wanderley, igualmente patronos das Cadeiras números 35 e 37, respectivamente, da Academia Bonjesuense de Letras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário