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| Gino Martins Borges Bastos |
Em minha juventude, frequentei muito a casa do casal Major Ênio e dona Nilda, em Bom Jesus do Norte. Juntamente com seus filhos, Eninho, Lea, Brígida e Anatólia, formavam uma segunda família, sentimento que permanece até hoje.
Major Ênio era uma figura única, repleta de sabedoria, acompanhada de fino humor, expresso por gestos e palavras de intensa humanidade. Seus feitos não cabem numa crônica. Mas vamos por partes.
Certa vez, ouvi-o exclamar uma palavra diferente:
- Chiragazunga!
Em outras ocasiões, a exclamação vinha reforçada pela repetição do sufixo:
- Chiragazunga, zunga, zunga!
O que significava?
Tratava-se de uma interjeição usada para expressar uma emoção de alegria, assim como a palavra “caramba”, também empregada para manifestar emoções intensas.
Quando me tornei professor de Física, passei a usar a palavra “Chiragazunga” em sala de aula como introdução ao desenvolvimento da capacidade crítica dos alunos. Eu os convidava a imaginar uma sociedade em que todos afirmavam, categoricamente, que “Chiragazunga” era muito bom, uma verdadeira maravilha.
Até que alguém resolvia perguntar:
- O que é Chiragazunga?
Essa pergunta causava um desconforto geral, pois ninguém sabia o significado da palavra. Todos repetiam uma suposta verdade sem consciência crítica. Repetiam porque sempre se afirmara assim.
Acompanhando essa introdução teórica, eu realizava experimentos relativamente simples que demonstravam como o senso comum costuma ser construído de forma irregular e acrítica.
A casa do Major Ênio foi um verdadeiro Centro Educacional, Cultural e Humano, que certamente caberá na descrição de outras crônicas.

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