quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

Francisco Amaro: Travessia, Fé e Natal

 


Do Atlântico soprou um canto antigo,

das encostas da Terceira, em Ribeirinha,

onde nasceu Francisco, em luz e abrigo,

filho do mar, da fé e da família.


Treze irmãos, pão repartido,

voz de mãe, labor de pai,

e o Bom Jesus, sempre sentido,

como farol que nunca cai.


Veio o tempo da travessia,

janeiro abriu-se em despedida:

Portugal ficou em poesia,

o Brasil tornou-se nova vida.


No Rio plantou seus passos,

na lavoura fez raiz,

e em Casemiro de Abreu, em laços,

fez do trabalho um dom feliz.


Mas nunca calou o canto açoriano:

na Casa dos Açores, irmão e guia,

na Tertúlia, fez-se humano

o som da memória e da alegria.


Quando cantou sua oração,

feito hino ao Bom Jesus amado,

foi o céu em comunhão

tocando um povo abençoado.


Poeta, cantor, memorialista,

voz que reza e coração que escreve,

herdeiro do Padre Melo, artista

que à cultura dá alma e neve.


No Natal, sua estrela é clara:

Espírito Santo em procissão,

Açores, Brasil, Bom Jesus,

três nomes num só coração.


Que o Menino Deus lhe seja abrigo,

como foi o mar em seu partir;

e que a fé, canto antigo,

continue a nos reunir.

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