Nossa Instrução

 

Profª Amália Teixeira

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Há, às vezes, pequeninas manchas que desvalorizam pedras preciosas, diminuindo seu brilho e roubando seu valor. Bom Jesus é uma pérola rara engastada em joia rica. Entretanto, a diminuir-lhe o brilho, a tirar-lhe o encanto, existem várias manchas... Citemos apenas uma, a mais feia, mãe de todas as outras: A falta de instrução.

Os poderes competentes não se preocupam (pelo menos parece) com isto, e nós, filhos desta terra, ficamos impassíveis, como se não nos importassem com o seu futuro.

É lamentável, que, numa terra como Bom Jesus, com uma população enorme, só exista UMA escola pública. Apesar da atividade assombrosa, da energia inquebrantável da sua professora, ela não pode acolher centenas de crianças.

É sobretudo, doloroso, ver pobres criaturas, doentes e miseráveis, à beira dos tanques, com sacrifícios inauditos, ganharem uma quantia ínfima para depositarem nas mãos das professoras particulares. Consideremos ainda que as escolas isoladas não podem cuidar com a devida atenção do ensino das crianças.

O nosso povo é inteligente, quer educar-se, quer conhecer, amar e servir o seu país. Vejo diariamente crianças, cujos olhos refletem uma inteligência lúcida, vagarem pelas ruas, desocupadas ou cuidando do que não deviam.

Que futuro nos espera se homens de amanhã fossem criados na rua ?! Só é grande o país formado por homens cultos e trabalhadores. É na escola e na oficina que se forma o futuro da Pátria.

Cuidemos dos filhos alheios, como se fossem nossos, eduquemos nossas crianças e podemos adormecer tranquilos, certos do progresso da nossa terra.

11.06.1928

ROSEN (Nota do jornal O Norte Fluminense: pseudônimo de Amália Teixeira)

BOM JESUS–JORNAL 

BOM JESUS DO ITABAPOANA (E. do RIO de JANEIRO), 31 de JUNHO de 1928