sábado, 27 de setembro de 2025

A Era da Burrice



Disse o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, em entrevista na sexta-feira:

“Ouço Kamala Harris por noventa segundos e sinto que fiquei mais burro no processo. Kamala Harris é burra como uma pedra.”

A frase, mais do que um ataque pessoal, abre uma janela incômoda para nosso tempo.

Vivemos, talvez, a Era da Burrice.

Na paisagem turva da modernidade, não é difícil enxergar sinais dela: o excesso de informações que mais confundem do que esclarecem, o brilho dos smartphones que ilumina rostos mas apaga pensamentos, o ruído das redes sociais onde todos gritam e poucos escutam.

E há ainda o efeito Dunning-Kruger:

incompetentes que se acreditam gênios,

ignorantes que proclamam certezas,

pedras que se imaginam diamantes.


Mas o paradoxo é cruel:

se a burrice nos rodeia, será que não nos tornamos cúmplices ao escutá-la?

Será que não damos palco ao vazio cada vez que rimos de sua audácia?

Talvez a lição mais dura da frase de Vance seja essa:

não desperdiçar sequer um segundo com o que é estúpido.

Guardar o tempo para aquilo que edifica.

Silenciar diante da pedra e, em vez disso, ouvir o sopro da poesia,

a música, a palavra que eleva.

Porque, se a burrice é barulhenta,

a sabedoria é calma.

E é nesse silêncio fértil que a inteligência floresce.




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