domingo, 4 de março de 2012

DE XAVIER PARA XAVIER

O poeta PAULO XAVIER nasceu em Bom Jesus do Itabapona(RJ), no dia 8 de fevereiro de 1962. Filho de JOSÉ XAVIER DA SILVA e MARIETTA DE SOUZA XAVIER, iniciou na arte de escrever em 1979, publicando textos e poesias em jornais e revistas do Norte Fluminense e do Sul Capixaba.

PAULO XAVIER


Outro ponto de identificação com o consagrado poeta ELCIO XAVIER, além do sobrenome, do local de nascimento e do fato de ser poeta, refere-se à circunstância de seu bisavô, JOSÉ FRANCISCO NUNES XAVIER, ter vindo para Bom Jesus do Itabapoana a partir do município mineiro MAR DA ESPANHA, assim como ocorreu com CARLOS DE AQUINO XAVIER, o bisavô do genial poeta bonjesuense. Além disso, PAULO XAVIER será empossado na Academia Bonjesuense de Letras, onde o mestre o espera.


O livro "O VÉU DA MANHÃ", de ELCIO XAVIER, de reconhecido valor na literatura nacional, é uma das preciosidades que PAULO passou a conhecer, após o casamento com a artista plástica LUZIA MARIA DE AZEVEDO SILVEIRA, também de Bom Jesus do Itabapoana, cujo pai, ACYR RODRIGUES SILVEIRA, recebera um exemplar autografado pelo próprio ELCIO.

PAULO XAVIER, LUZIA MARIA e o livro "O VÉU DA MANHÃ"


Com dois livros lançados, "Sobreviventes" e "O Sentido da Vida, Ideias Não Necessariamente Sensatas", e com dois outros por lançar, "Alvorecer" e "Ruas da Perdição", PAULO inspirou-se na obra do ELCIO XAVIER para dedicar-lhe a seguinte poesia.

TRIBUTO

(singela homenagem ao poeta bonjesuense ELCIO XAVIER)


Senhor de raro talento,
tecelão das palavras
e do sentimento;

poeta das cores diáfanas,
luzes, brumas e flores,
no azul do eterno momento.

Uma luz na estrada
que conduz a vida,
essa mente lúcida e sã;

alma rara, misteriosa,
que sutil se descerra
no véu da manhã.

[ "...e que somente as palavras se eternizem!" Elcio Xavier, em "Verbo" ( in "O VÉU DA MANHÃ")]

11 de fevereiro de 2012.


Ainda em relação ao livro "O VÉU DA MANHÃ", O NORTE FLUMINENSE transcreve abaixo a crítica a respeito de tal obra, lavrada por um dos expoentes da literatura brasileira, LÚCIO CARDOSO, colega de Vinícius de Moraes e Clarice Lispecto. Esta crítica restou publicada na REVISTA BRANCA, edição de dezembro de 1951.

A REVISTA BRANCA, por sua vez, foi uma publicação reconhecida pela Academia Brasileira de Letras. Segundo a entidade, "vários foram os escritores de relevância nacional da nossa literatura brasileira que colaboraram com a Revista Branca podendo citar: Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, José Lins do Rego, Tasso da Silveira, Guilherme Figueiredo, Murilo Mendes, João Cabral de Melo Neto, Alberto da Costa e Silva e outros.(cf.http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=804&infoid=11561&tpl=printerview).

Revista Branca:alta relevância cultural, segundo a Academia Brasileira de Letras




"O VÉU DA MANHÃ"

LÚCIO CARDOSO

"Tenho em mãos o livro de estreia de um Poeta. Este grande mistério da Poesia, sobre que já se inclinaram tantos sábios e estudiosos, que tantos aproximam do fenômeno místico e que muitas vezes os próprios poetas não compreendem, tão estranho e profundo é ele, este mistério é sem dúvida o sinal de uma predestinação que neste mundo conta como uma das coisas mais altas. e que seria de nós se os poetas não surgissem de vez em quando, com sua incrível capacidade de sofrer por si e pelos outros, que seria do mundo, se do seu caos confuso e atormentado não surgissem intérpretes que lhe emprestassem uma fórmula única e real, magos que fazem brotar com o simples toque da sua varinha um oceano de espessas e maravilhosas ressonâncias?

Não sei como surgem os poetas, mas sei que quase sempre sua primeira manifestação é um grito de afirmação, um brado de presença através da paisagem e do destino, através do sangue e do sofrimento, olhos pela primeira vez abertos, como o primeiro homem ao sair das mãos de Deus.

O livro desse novo poeta, que é o Sr. Elcio Xavier, chama-se "O Véu da Manhã" - título que me parece extraordinariamente feliz, por sintetizar toda a força de véus que se descerram ante o ímpeto da descoberta e a aparição da luz. Logo no poema que dá início ao livro, vêmo-lo afrontar a legenda do próprio destino, dizendo:

Azul da minha alma como a lagoa viva
canta a música do sol e as folhas novas
banha-te na amplidão de um pensamento
ou no curto espaço do raio desviado.

Penetra, azul, no infinito deste céu macio,
aproxima-te da terra bafejada pelos ventos
ou vela a pedra que o frio embalsamou.
Desce ao abismo alegre das águas
e descansa sobre as transparentes algas da fantasia.

Cobre teus olhos de aroma ou cálices de flor,
nos teus braços estende as lianas frescas,
no teu corpo sadio desprende o véu da manhã
ah! - e não calces nunca teus pés antes da primeira dor.

Mas se te detiveres ante a onda tumultuosa
ou percorreres o deserto do descontentamento,
não voltes nunca um olhar para o passado,
não sintas nunca a vida que findou.

Toma o teu roteiro claro e definido,
tua estrela jovem como botão de rosa
e espalha nos lábios um franco sorriso,
no coração a eterna e pura juventude
e caminha assim sem jamais duvidar.

Tua estrada é áspera como a da folha agreste,
teus dias enevoados como as horas de agonia,
mas tua sina é mais bela do que a violeta
no desabrochar feliz da manhã de primavera!

Nasceste, azul, para festejar a natureza,
para vibrar na paisagem desfalecida,
para vagar ébrio como os perfumes no ar.

Tua sina é cantar!


Mas o Sr. Elcio Xavier, que possui esta coisa perigosa que é uma grande riqueza verbal, aliada a uma prodigiosa capacidade de inventar imagens, não canta apenas o azul da sua inspiração, mas todas as cores do Universo, desde as verdes colinas, até a pompa rósea e refulgente, bem como as campinas roxas, os céus em fogo, a poeira azul, a chaga escura e o negro sol.

Neste mundo tão intensamente colorido, tudo se abre para a natureza e os seus segredos - e este poeta lírico, que tão bem sabe falar do vento e das trevas, consegue uma nota pessoal e estranha, tocada de não sei que ingenuidade, que dá a sua poesia um aspecto inédito entre nós. Algumas vezes, e de longe, lembra o Sr. Augusto Frederico Schmidt: - é que a compreensão da Poesia que o Sr. Elcio Xavier tem, assemelha-se à revelada pelo cantor da "Estrela Solitária". Para ambos, o poeta, destinado a uma missão superior, possui um caráter excepcional e divino.

Não sei qual a experiência que este jovem poeta tem da vida e nem qual o seu exato conhecimento das coisas. Mas julgo que, possivelmente, não ignora ele que o verdadeiro quinhão do poeta neste mundo, qualquer que seja sua maneira de pensar, é o sofrimento. Renegá-lo seria trair o que de mais íntimo e belo existe dentro de si. Renegá-lo seria mutilar uma personalidade que nunca poderia vicejar amplamente noutros terrenos da vida. Gostaria, no momento de fechar este artigo, saudar no poeta que acaba de estrear, um autêntico valor da moderna Poesia Brasileira. É que "O Véu da Manhã" parece-me conter realmente algo destinado a marcar o seu aparecimento como um dos acontecimentos literários dos últimos anos".

LÚCIO CARDOSO


VOCÊ SABIA?

A obra-prima de LÚCIO CARDOSO, "Crônica da Casa Assassinada" (1958), é um dos livros mais cultuados na literatura brasileira, tendo sido traduzida para o francês, inglês e italiano.

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