quarta-feira, 31 de agosto de 2016

O PRIMEIRO PIANO DO VALE DO ITABAPOANA





           Vera Maria Viana Borges


“Na terra somos caminhantes, sempre prosseguindo... Isso significa que temos de nos manter em movimento,
caminhando adiante. Assim esteja sempre insatisfeito com o que você é se quiser alcançar o que você não é. Se estiver
satisfeito com o que você é, você parou. Se disser “é suficiente”, você está perdido. Siga andando, movendo-se para a frente,
tentando atingir a sua meta. Não tente parar no meio do caminho, voltar ou desviar-se dele.” (Sto Agostinho - Sermão, 169-18)
Meus bisavós, Feliciano de Sá Viana e Ambrosina Justa de Sá Viana não esmoreceram, jamais perderam o
entusiasmo. Chegaram à Fazenda da Prata, oriundos das Minas Gerais em 1862. Casal cheio de vitalidade, ânimo e alegria,
pôs mãos-à-obra, dedicando-se à agricultura, atravessando épocas de vacas gordas pelo desempenho auspicioso do trabalho e
dedicação a que se empenharam.
Via crescer a numerosa prole em meio a muita fartura proveniente de seu trabalho na terra, acalentando o sonho de
educar todos os filhos proporcionando-lhes cultura e principalmente almejava que aprendessem música para encher de alegria o seu lar e aquele rincão distante...
Sonhava comprar um piano, mas para tal aquisição era necessário ir à Corte. Preparando-se e indo até lá adquiriu o
instrumento, um piano de cauda; tratou de despachá-lo até o Porto da Limeira, que já funcionava desde 1864, a uns mais ou
menos dez quilômetros da atual localidade de Ponte do Itabapoana, no rio Itabapoana, ligando este ao mar em Barra do
Itabapoana. De lá veio até Bom Jesus de carro-de-boi e para dar continuidade à viagem, não havendo estradas, escravos
tiveram de empunhá-lo e levá-lo até Arrozal de Sant'Ana, mais precisamente na Fazenda da Prata, onde residiam os Sá Viana.
Os filhos cheios de curiosidade rodearam o instrumento, uma grandiosíssima novidade na região. Feliciano por sua
vez anunciava a necessidade de um mestre, corria de boca em boca a notícia... Sentia-se feliz mas ao mesmo tempo triste
vendo o piano ali, mudo... Homem de expediente já providenciava alguém para ministrar aulas e contratado já estava um
Professor de Escolaridade que viria ensinar leitura, contas e conhecimentos gerais a todos.
Entre seus criados, havia um escravo vindo de Diamantina, que cochichara aos outros, saber tocar piano. Chegando a
alvissareira notícia aos ouvidos do patrão, este dando-lhe roupas limpas e decentes, pediu que tomasse um banho e se
aprontasse devidamente. Quando adentrou o salão da Casa Grande, estava irreconhecível, de paletó e gravata. Emoção
enorme aos primeiros acordes que quebraram o silêncio daquelas matas, daqueles cafezais, esfuziando aqueles olhares
expectadores, encantando aqueles ouvidos ávidos de uma boa e bem animada melodia. O contentamento foi geral.
Passaram os Sá Viana a organizar saraus, atraindo pessoas da vizinhança e alegrando sobremaneira toda a família que
se organizava para receber os que vinham dançar e apreciar as bem executadas valsas da época. Nestas reuniões semanais,
serviam fartíssima mesa das mais finas e variadas iguarias, onde todos comiam a vontade.
Com a chegada do Professor “João Lino”, o início dos estudos e a surpresa maior: ao ver o “piano” disse que ele
poderia também dar conhecimentos de música e ensinar os mais diversos instrumentos. Iniciou-se assim a realização do sonho
do fazendeiro. Os filhos, Romualdo, Eulália, Aureliano, Adélia (Sinhazinha), Elpídio, Henrique, Malvina, Adolfina, Mulata,
Adelaide, Diana, Abílio e Julinho se entusiasmaram e logo formaram conjunto com clarinetas, trombones, contrabaixos, Sax
Horn, requinta e piano. Sobressaíram, Romualdo na clarineta, Julinho no cantrabaixo (ainda jovem faleceu na arquibancada
de um circo onde tocava, atingido por uma bala perdida, disparada numa briga do lado de fora), Elpídio no trombone (a maior
parte de sua vida foi dedicada ao contrabaixo), Henrique no Sax Horn, Adelaide no piano e requinta; Mulata dedicou-se um
pouco ao piano e gostava de cantar.
Cada filho que se casasse recebia de dote um sítio e um lote de burro. Não eram apenas saraus e brincadeiras
trabalhavam duro, estudavam e se dedicavam aos estudos de música e dos diversos instrumentos.
Mudando-se para a Fazenda União, mais próxima de Rosal (hoje propriedade do Sr. Carlowe Junger Vidaurre), ficou
mais próximo de seu amigo e compadre Luís Tito de Almeida (Lulu), sogro de seu filho Elpídio que desposara Elzira.
Tocavam em ladainhas, casamentos e festas em geral, até que um dia reuniram-se Lulu (Luís Tito de Almeida),
Elpídio de Sá Viana, Durval Tito de Almeida, Custódio Soares de Oliveira, Sebastião Magalhães e Elias Borges, iniciando o
trabalho de formação da Corporação Musical 14 de Julho, que tem como data oficial de sua fundação, 14 de julho de 1922.
Continua firme e vibrante com retretas nas praças, espalhando vida e alegria por onde passa, com suas marchas, dobrados e
peças do cancioneiro popular.
Constantemente havia encontro das Bandas. No casamento de Mulatinha, neta de Feliciano, filha de Romualdo,
compareceram as Bandas do Sr. Lulu e do Chico Gomes, clarinetista dos bons e que também formara uma banda com
elementos de sua família, lá na Barra Funda. Elemento de uma Banda tocava também na outra; foram se casando e misturando
as famílias e finalmente todos se tornaram parentes, acabando praticamente numa só família.
Os Sá Viana se espalharam pelos dois lados do vale do Itabapoana, fazendo frutificar a vocação musical que lhe estava
impregnada no sangue e os conhecimentos que se adquiriram através daquele primeiro piano que com grande ideal foi trazido
para esta região.
Elpídio de Sá Viana organizou na década de 40 uma filarmônica em São José do Calçado. Inicialmente contou com
cinco de seus filhos: Luís, Antônio, Feliciano (Neném), Hélio e Geraldo, todos excelentes músicos e procurou completar o
grupo com elementos da localidade a quem ministrava aulas. A filarmônica recebeu o nome de “Euterpe São José”, mais tarde
passou a “Lira 19 de Março”, apresentando-se impecavelmente uniformizada e executando sempre com perfeição o vasto e
riquíssimo repertório.
A descendência de Feliciano e Ambrosina continua acalentando e realizando o seu grande sonho... Que Deus os
acolha em sua Glória como recompensa pela herança deste dom tão harmonioso quanto melodioso. Erguendo as taças da
gratidão e do amor, prestamos-lhes uma consagradora homenagem pela determinação e garra com que impregnaram nossa
gente e nossa terra com a paixão e o ardor deste ideal, assegurando que continuaremos mantendo viva a chama de seu lindo
sonho que ainda nos embala com suaves canções e que com a graça de Deus assim o será para todo o sempre.

AGOSTO FOI UM MÊS DE INTENSAS ATIVIDADES CULTURAIS EM BOM JESUS DO ITABAPOANA




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O mês de agosto foi de intensas atividades culturais em nosso município.

O 7º Circuito Cultural Arte Entre Povos, que ocorreu entre os dias 29 de julho e 7 de agosto, ofereceu diversas opções, inclusive o lançamento do Documentário SANTAS, USINAS E SONHOS, da dupla de cineastas Phillip Johnston e a peruana Rocio Salazar, assim como a inauguração do MEMORIAL GOVERNADORES ROBERTO E BADGER SILVEIRA.

Todo o evento contou, para sua realização, apenas com recursos particulares, sem aporte de qualquer recurso público ou de iniciativa privada.

A tradicional Festa de Agosto, por sua vez, realizada pela Prefeitura Municipal, contou, também, com diversas opções culturais.











LAJE DO MURIAÉ (RJ) FINALIZA COM GRANDE ÊXITO O 7º CIRCUITO CULTURAL ARTE ENTRE POVOS




Laje do Muriaé (RJ), pela quinta vez, consegue unir crianças, jovens e adultos e mesclar diferentes ritmos e tendências da América Latina. O 7º Circuito Cultural Arte Entre Povos ocorreu nos dias 23, 24 e 25 de agosto.

O Centro Cultural Maria Beatriz e o CIEP 343 Emília Diniz Ligiéro estiveram à frente da organização nacional e da realização do evento em Laje do Muriaé, este ano. O CCMB Foi escolhido para administrar a organização nacional do Circuito a partir do ano de 2015. Esta escolha revela o grau de confiança no trabalho que temos desenvolvido ao longo dos anos em nosso municípios, sempre procurando a construção de um mundo humanizado, em que a cultura seja um dos instrumentos para alcançar este objetivo.

Evidentemente, ninguém faz nada sozinho, e sempre temos tido colaboradores importantes para a realização de nossas atividades. O CCMB tem tido, desde sua criação, o apoio de um contingente relevante de pessoas e entidades. As oficinas que trazemos, a pequeno custo, têm revelado ser de suma importância para o desenvolvimento cultural de nossa gente, ampliando importantes atividades que ocorrem em Laje e colaborando para formação de nova geração dentro das melhores tradições lajenses.

Senti-me honrada em ser escolhida como organizadora nacional do Circuito Cultural, e sinto-me honrada em poder estar prestando serviços voluntários na área da cultura de Laje, há dezenas de anos, procurando elevar o nome do nosso município, contribuindo para o resgate da nossa história e também em poder colaborar com cultura de outros municípios. O fato do CCMB capitanear o Circuito Cultural Arte Entre Povos oferece grande oportunidade a outros municípios do país para levar o desenvolvimento cultural que desejamos para Laje do Muriaé.  O meu sincero agradecimento a nossa equipe de trabalho, a todos os nossos parceiros e colaboradores, o meu agradecimento especial ao idealizador do Circuito Cultural Arte Entre Povos, Dr. Gino Bastos, por nos confiar essa tarefa. Obrigada!

No dia 23 de agosto, ocorreu a abertura do 7º Circuito Cultural Arte Entre Povos brilhantismo e emoção na recepção dos oficineiros no CCMB com apresentação da Orquestra de Violões dos alunos da EMAP, dirigida pelo maestro Valmir Fernandes. À noite, no CIPE 343 o evento dirigido pela professora Liana Coelho Netto (vice-diretora do CCMB) e equipe do CIEP 343, contamos com a apresentação do grupo de Flautas Gota da Esperança e membros do grupo de Câmara da Sociedade Musical Lira da Esperança. Ocorreu também a abertura da 4ª Exposição Paisagem Lajense Rural com obras de artes de Gilson Alberoni, Exposições "Portinari e Meio Ambiente", trabalhos dos alunos sobre o Meio Ambiente e artesanatos da "Arte da Laje", abertura da 10ª Feira de Livros da Biblioteca Comunitária Esperança de Laje do Muriaé (Editora parceira: "Confraria do Vento" do Rio de Janeiro), com a participação de Neusa Jordem de Vila Velha (ES), com livros de vários autores.


Prosseguindo nos dias 24 e 25 de agosto, durante o dia, no CIEP 343 Professora Emília Diniz Ligiéro e na Escola Municipal Ary Parreiras, com as seguintes oficinas: reciclagem com a artista plástica Eunice Caldas de Santo Antonio de Pádua, artes plásticas com o artista plástico cubano Francisco Rivero, documentário com os profissionais do Rio de Janeiro Phillip Johnston e Rocío Salazar, Cerâmica com Edilene Peres da Usina Santa Maria, de Bom Jesus do Itabapoana, literatura e contação de história com Neusa Jordem de Vila Velha, dança com as bailarinas da Região dos Lagos, Dilma Yára e Amlid Amar.
Durante a noite, do dia 24 no CIEP 343 magníficas apresentações com o Coral Vozes e Cordas, dirigido pelo regente Valmir Fernandes, Cinema Mudo organizado pelos cineastas Rocío Salazar e Phillip Johnston, com acompanhamento musical do Maestro Valmir, Dança Cigana e Dança do Ventre com as bailarinas Dilma Yára, Amlid Amar, Kattarine Lima, Michele Parvaneh e o Grupo Andarilhas.

Finalizando a sétima edição nacional do Circuito Cultural Arte Entre Povos, na noite do dia 25 de agosto, com a Dramatização do Poema José de Carlos Drummond de Andrade com o Grupo de Tteatro La Gente (elenco: Adriano Peixoto, Eliane Decottignies, Juliana Goulart, Kassiane Oliveira, Nícolas Oliveira, Pedro Lucas Mattos.), apresentação de dança cigana com as bailarinas da Região dos Lagos e Grupo Andarilhas, e com belíssimas apresentações dos seguintes grupos folclóricos de Laje do Muriaé: Capoeira, Folia de Reis Estrela do norte Mirim, Bumba Meu Boi e a tradicional Escola de Samba Unidos do Rosário fundada em 1950.

O público presente surpreendeu e se emocionou com cada apresentação. A integração entre artistas e a população permitiu um ambiente saudável, de empolgação, trazendo a convicção de que este enriquecimento humano é necessário, para melhor valorizar a nossa terra e a nossa gente, contribuindo para o resgate de Laje do Muriaé como o berço da cultura, que assim se consagrou no século XIX, onde foi fundado o primeiro jornal da região noroeste fluminense, O Lajense.

O Centro Cultural Maria Beatriz agradece ainda a Academia Madalena, a Clínica Odontológica Doutor Sorriso, aos sócios do CCMB e a todos que colaboraram para que mais essa edição do Circuito Cultural Arte Ente Povos acontecesse em Laje do Muriaé.

O compromisso do CCMB é preparar crianças e jovens, devolvendo valores para a sociedade, tão carente deles.


Organização nacional: Centro Cultural Maria Beatriz
Centroculturalmariabeatriz@gmail.com

Dança
























Orquestra de violões




Orquestra de flautas




Boi Pintadinho e Bumba meu Boi




Capoeira




Coral


Artesanato






Feira de Livros




Exposição de Obras de Arte



Teatro





Oficinas