Yelmo de Carvalho Toledo Papa |
Não faz muito tempo e estávamos fazendo planos, com grande expectativa, para o ano da graça de 2022. Seria ano de eleições, de Copa do Mundo num país estranho, onde não se pode jogar na época em que se disputaram todas as demais copas (desde 1930) e otras cositas mas.
Num piscar de olhos cá estamos a fazer um balanço do moribundo ano. Ano aliás no qual vimos os maiores absurdos já cometidos no período pré-eleitoral. O candidato derrotado, que já fez as malas para fugir a convite de seu mentor “Pato” Donald Trump, escancarou o uso da máquina pública para tentar reverter a derrota que já se anunciava.
Por incrível que pareça, ele quase conseguiu. Mesmo tendo passado quatro anos destilando sua misoginia, seu racismo disfarçado, seu horror a pobres e sua total falta de humanidade, o Sr. Bonossauro (assim como os argentinos dizem que dá azar falar o nome do falecido ex-presidente Ménem, eu não pronuncio a verdadeira alcunha do fujão) perdeu no 2º turno por incrível 1,8 ponto porcentual (50,9% X 49,1%).
O então candidato à reeleição tomou medidas que colocaram em risco a economia dos estados (limitando a alíquota do ICMS dos combustíveis) e do próprio país, pagando auxílio isso e aquilo para categorias que até precisavam, mas deixando outras muitas, que não estavam em sua base de apoio, arruaceiros e, às vezes, golpistas, a ver navios – talvez aqueles abandonados na Baía de Guanabara.
O pior é que nem Congresso nem o Supremo poderiam fazer alguma coisa, pois logo seriam jogados contra os eleitores: “Viu? Não querem que vocês recebam ajuda!”, “desejam a fome de vocês pra ganhar eleição” e outros absurdos mais. E foi assim que atravessamos uma das campanhas eleitorais mais surreais, se não a mais, de nossa história republicana.
As oposições tiveram que se virar nos 30 para tentar desfazer este cenário de irresponsabilidade fiscal, de confronto com os governadores (alguns até aliados) e de abusos em geral. Foi uma dura caminhada pelo retorno da democracia no país. Nossa estabilidade política, que custou muitas vidas até os anos 1970 e depois litros e litros de suor pra podermos escolher pelo voto governadores e presidente da República esteve sob risco constante nestes “Quatro anos inacreditáveis” (Este título não é meu, mas ficou perdido dentro de um comentário do brilhante Reinaldo Azevedo. Eu, logo que ouvi, passei mensagem para a produção de “O é da Coisa” dizendo que, se Reinaldo não quiser escrever este livro, eu escrevo e o convido para prefaciá-lo. Como diria o ditado: pretensão e água benta não fazem mal a ninguém).
Mas a batalha foi vencida e em pouco mais de 72 horas (isso te lembra alguma coisa?) Luís Inácio Lula da Silva entrará definitivamente para a história. Será o primeiro brasileiro eleito a tomar posse na Presidência da República pela terceira vez. O caminho da reconstrução é longo, sei, os ataques, inclusive de aliados, já começaram, a casa está em frangalhos, mas sei também que há a boa intenção e a competência de muita gente da equipe em realizar, de novo, o sonho de Lula: todo brasileiro tomar café da manhã, almoçar e jantar todos os dias. Se isso for realizado, sinal que eles terão emprego, saúde, segurança e educação no grau mínimo aceitável para tocar a vida.
Mas Yelmo, você não vai falar da Copa? E eu responde com outra pergunta: pra que? A seleção brasileira CBF-Nike (há muito não chamo este time de “Brasil”, nem confundo futebol com patriotismo) ficou longe de encantar. Em cinco jogos só demonstrou competência no primeiro tempo contra a Sérvia e no segundo contra os coreanos. Parar nas quartas de final já está se tornando um hábito, ruim, mas virou rotina.
Creio que, depois de 24 anos sem título e novamente na terra onde se joga futebol com as mãos e com uma “bola” bicuda, a seleção canarinho será campeã. A jovem geração chamada por Tite (que “se esqueceu” de esperar sua equipe na entrada do vestiário após a eliminação) chegará em 2026 mais madura e com um pouco mais de tempo para se preparar (5 dias pra uma Copa e o mesmo que nada, né?).
É isso, meus queridos e minhas queridas. Um feliz 2023 pra todos e, não vou prometer, mas pretendo ser mais regular em escrever estes pensamentos para vocês. Fui...
E pouco depois da publicação, soube que 2022 levou mais um valoroso artista, desta vez da bola. O maior de todos os tempo, Pelé (Edson Arantes era outra pessoa), o Rei do Futebol, o Atleta do Século, completou sua caminhada terrena. Neste ano em que o futebol renasceu, com Messi levantando sua Copa, o futebol morreu!
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