domingo, 16 de setembro de 2012

A PALMATÓRIA EM ARRAIAL NOVO




Cecília Rodrigues Glória e a palmatória utilizada na Escola do Sítio Passagem

Em Arraial Novo, numa humilde casa localizada atrás da capela, residem quatro mulheres com muita história para contar.

Uma delas é Cecília Rodrigues Glória, com 90 anos de idade, nascida no dia 31/1/1922. Diz ela que o local onde mora era conhecido  como "Sítio Passagem".

Seu pai se chamava Joaquim Rodrigues Souza Campos e era conhecido como Coronel Quinca Bento, devido a sua liderança na região.



                                       
                           Quinca Borba deixou marcas de sua liderança política na região


Cecília se recorda do professor italiano Umberto Cappai que foi contratado por seu pai para dar aulas na Escola do Sítio Passagem. Com efeito, nos álbuns de fotografia, há fotos do professor italiano com dedicatórias a seu pai.                                 

Esse professor lecionou no Colégio Rio Branco, sendo mestre de Maria Apparecida de Dutra Viestel, do irmão desta, Pedro Dutra, e de dona Nina. Dona Maria Apparecida afirmou, certa vez, que se recordava que os alunos tinham dificuldade em entendê-lo, razão pela qual o mestre procurava dar ênfase à lousa em suas aulas.

Em uma das, tirada no ano de 1935, o professor faz a seguinte dedicatória:

"Ao bom e sincero amigo Joaquim Rodrigues Souza Campos e sua esposa e família.
prof. Humberto Cappai
Escola Bandeira"


Professor  italiano Umberto Cappai com alunos da
Escola Municipal Bandeira


Cecília  salienta que seu avô era conhecido como "Pai Ferro", e que o mesmo dizia ser descendente de suíços. Conta que lecionou por cerca de 30 anos: "por indicação de Zezé Borges,  fui inicialmente ajudar a professora Maria Gomes, que era míope e estava adoentada. Depois, acabei assumindo a função na Escola Municipal Nilo Peçanha. Não sou formada, mas cheguei a ter turmas com cerca de 30 alunos. Vinha inspetor todo o mês e, depois, duas vezes por mês, só para acompanhar o meu trabalho".

Era a década de 1940, época em que se utilizava a palmatória. Cecília mostra, orgulhosa, a palmatória que guarda com carinho desde o tempo em que foi mestra: "eu não batia em ninguém . Só uma vez eu fiz uso dela. Foi em um mulatinho. Mas não dei na mão não, dei no rosto", assinala, explicando o motivo: "Eu mandava ele escrever cem e ele escrevia setenta, eu mandava ele escrever cinquenta e ele escrevia trinta, sempre me desafiando. Depois da palmatória, ele passou a escrever corretamente", completa.

                                
                                              Carlota, Cecília, Francisca e Eli

                               
                                   Eli, Carlota, Cecília e o antigo fogão a lenha 

Com Cecília, moram sua irmã Francisca Rodrigues Glória, nascida no dia 14/1/1919, e  Eli Fitaroni de Moura, que nasceu em 22/5/1929.Quem cuida das três é Carlota Fitaroni Moura, filha de Eli. Sua avó materna se chamava Eurides Glória.

Cecília mostra um quadro onde consta um cartão enviado por "Chichico das Areias e Doninha" para Joaquim de Souza. "Chichico das Areias era muito amigo do Quinca Bento, e era comum que nossa família fosse fazer piquenique na Fazenda das Areias, em Pirapetinga", conta ela.



                Cartão com dedicatória de Chichico das Areias e Doninha a Quinca Bento



Foto da sede da Fazenda das Areias, em Pirapetinga de Bom Jesus, propriedade de Chichico das Areias e Doninha (acervo do Museu da Imagem de Pirapetinga)



Carlota mostra ao O NORTE FLUMINENSE diversas fotos antigas, mas sem poder identificar, na maioria dos casos, as pessoas e locais. Trata-se de fotos que retrataram momentos de uma época grandiosa, mas que a inexorabilidade do tempo fez penetrar no livro do esquecimento.


                                          






 






                                             


Nenhum comentário:

Postar um comentário