Maria Apparecida Dutra |
Maria Apparecida Dutra Viestel, filha do historiador Antônio Dutra, e neta de Pedro Gonçalves da Silva, o Cel. Pedroca, 1º prefeito de Bom Jesus, por ocasião de sua 1ª emancipação, ocorrida no dia 25 de dezembro de 1890, manifestou sua satisfação pela publicação, em O Norte Fluminense, do artigo de seu pai "Instituições de Ensino". O texto se refere à história do ensino em Bom Jesus do Itabapoana, que consta no livro "Páginas Memoráveis de Bom Jesus do Itabapoana" (páginas 117 a 120), editado por Delton de Mattos, a partir de textos colhidos no jornal A Voz do Povo.
Maria Apparecida salienta que sua tia, Maria Gonçalves da Silva, instalou uma pequena escola particular, na década de 1920, localizada na antiga rua dos Mineiros, hoje denominada rua Gonçalves da Silva, em homenagem a ela e a seu avô. "Um dos alunos dela, foi o historiador Francisco Camargo, conhecido como Zico, pai da pianista dona Nina".
A mestra lecionou por mais de 30 anos no Colégio Zélia Gisner, de propriedade de Adélia Barroso Bifano: "Adélia era uma mulher que estava além do seu tempo. Na época, todas as mulheres sonhavam em ser professoras, mas ela queria também ser médica. Ela estava em Niterói (RJ), onde ia dar início aos estudos na Faculdade de Medicina. Ocorre que seu cunhado, o serralheiro Claro Xavier, falece ao ser atingido por uma tora de madeira. Ela tem de retornar a Bom Jesus, para cuidar de sua irmã Bárbara, que teve os seguintes filhos: Clair, Francisco e Maria Clara. Adélia teve ainda mais dois irmãos: Maria e Francisco. Seu pai, Francisco Bifano, proprietário de uma padaria, constrói, então, a partir de tábuas do seu comércio, bancos para alunos, e Adélia passa a exercer em 1936 a profissão de professora. O nome da escola é dado em homenagem a uma amiga que faleceu precocemente".
Continua a mestra: "Dona Adélia, como era conhecida, era uma pessoa vocacionada para a educação. Possuía um temperamento dócil e amistoso. Ela costumava dizer que 'os alunos são como se fossem meus filhos'. Lecionei, durante todos esses anos em seu colégio, a matéria de Estudos Sociais, que englobava História e Geografia".
Maria Apparecida chegou a lecionar no Colégio Rio Branco. "O dr. Luciano Bastos costumava dizer que eu era a prata da casa." A mestra lecionou, ainda, no Colégio Estadual Padre Mello e é uma das referências em nosso município, pelo conhecimento histórico e pela humanidade de cada gesto.
INSTITUIÇÕES DE ENSINO
Antônio Dutra
É muito difícil por
absoluta falta de dados, contar a história do ensino nos primórdios de Bom
Jesus.
A mais antiga notícia
que temos da existência de professores nestas paragens data de 1878, quando o
"Almanaque Laemert" fez referência à escola pública para o sexo
feminino, dirigida pela professora Etelvina Hermínia Nunes Madruga, da qual não
temos conhecimento de nenhuma outra referência; para o masculino, dirigida pelo
professor Antônio Luiz Martins Ribeiro, que em 1891 foi nomeado tabelião de
notas da então Comarca do efêmero município de Bom Jesus.
Esse mestre era conhecidíssimo aqui, na
primeira e segunda década do século, como o "Seu Ribeiro Escrivão".
Menciona ainda o mesmo "Almanaque", como inspetor, o Padre José Guedes
Machado e como professores de música, Antônio Gonçalves Barroso Sobrinho,
Joaquim da Fonseca e Manoel da Silva Santa Rosa, dos quais, igualmente,
desconhecemos qualquer outra referência. Em 1906, temos notícia da fundação do
"Ateneu Silvio Pelico", para curso primário e secundário, com
internato e externato, sob a direção de Sylvio Fontoura, redator chefe do nosso
primeiro jornal "Itabapoana" fundado, também, no mesmo ano.
O "Ateneu" e
o "Itabapoana" deixaram de existir com a mudança de Sylvio Fontoura para
Campos. Em 1907 encontramos referência à professora Elvira Cosendei, normalista
e diretora da "Escola Pública". Na zona rural não havia escolas e
somente alguns fazendeiros cuidavam de ensinar aos filhos, contratando pessoas,
com raras exceções, quase sempre tão analfabetas quanto os alunos, que se
apelidavam de professores e passavam a residir nas fazendas para ensinar o ABC
e o Beabá, pelo método da palmatória, da régua e da vara, e quase lhes
arrancando as orelhas. Dessa maneira, em pouco tempo transformavam os alunos em
inimigos figadais do livro e das escolas, das quais, com raras exceções,
passavam a ter verdadeiro ódio. Somente em 1911, voltamos a ter notícia do
ensino em nosso meio, com a fundação do "Colégio Quinze de Novembro",
dirigido pelo professor Menezes Wanderley, redator do "Itabapoana" na
segunda fase, que também dirigia a "Escola Noturna Gonçalves da
Silva", para sócios do "Centro Operário" e rapazes com menos
recursos.
Nessa época havia
também um ótimo curso primário e secundário, dirigido por dona Maria Gonçalves
da Silva, que prestou relevantes serviços à juventude da época, pelo qual passaram
muitos madurões que ainda militam em nosso meio. Dona Da Silva, como era
conhecida, era criatura boníssima e portadora de ponderável cultura, fazia
sempre de cada aluno um verdadeiro amigo. Existia também uma escola muito
frequentada sob a direção de Dona Mariquinha Sales, avó do saudoso Octacílio de
Aquino. No "Itabapoana" desse mesmo ano de 1911, há referência à
"Escola Pública", dando-a como vaga, e só temos notícia de ter sido
nomeada para dirigi-la, anos depois a professora Consuelo Minuci da Silva e a
seguir Dona Ismênia Campos que, com rara competência, dirigiu por muito tempo o
nosso Grupo Escolar "Pereira Passos", inaugurado em 1932, contando
com ta colaboração de professoras de grande mérito como Gisete Barroso, Amália
Teixeira, Alice Barreto e outras. Em 1916 o professor Fileto Matos instalou
aqui o "Colégio Bom Jesus". Em 1917 tivemos um curso noturno para rapazes,
do Professor Nelson Paixão, de vida efêmeras. Em 1919, havia o "Externato Nossa
Senhora do Carmo", sob direção de Dona Nair Teixeira de Melo.
Se algum aluno, caso
raríssimo, pretendia continuar os estudos, enfrentando enormes sacrifícios, ia
para fora e a cidade preferida era Campos e o Colégio mais procurado, o
"Americano Brasileiro" do Professor Alípio Dórea.
Foi o que se deu com o
Octacílio de Aquino, porventura o primeiro bonjesuense que iria se formar em
Direito e mais tarde com José Vieira Seródio que, creio, foi o primeiro a se
formar em medicina.
Em 1925, inaugurou-se a
"Escola Remington" de datilografia, sob a direção da professora Irene
Lima, que continua até hoje prestando grandes benefícios à nossa mocidade,
eficientemente dirigida por D. Liete Martins Marques.
Por volta de 1928 tivemos
também um ótimo curso dirigido pela competente professora Amália Teixeira, que
influiu enormemente no desenvolvimento cultural de nossa juventude, pois por
ele passou a quase totalidade dos jovens da elite de nossa terra, entre os quais
podemos citar Roberto Silveira. Outro curso que tivemos, embora de curta
duração, e teve considerável folha de serviço, foi o "Euclides da
Cunha", dirigido pelo professor Orlando Azeredo Silva. Em 1936, depois de
mais de três lustros de bons serviços, foi oficializado o líder de nossos
educandários, o "Ginásio Rio Branco", cuja influência sobre o
desenvolvimento cultural de Bom Jesus, evidencia-se cada vez mais aos olhos dos
bonjesuenses.
Depois da restauração
do município, o ensino vem crescendo tanto em quantidade quanto em qualidade.
Hoje dispomos de cinco Grupos Escolares, três magníficos Ginásios, sendo dois
com escola normal e curso comercial e uma escola técnica agrícola. Em Bom Jesus
do Norte temos um Colégio que mantém o antigo ginásio e um curso científico.
Graças a Deus ninguém precisa deslocar-se de Bom Jesus para estudar a não ser
que trate de ensino superior, mesmo assim, já existe em Itaperuna Faculdade de
Filosofia, distando apenas alguns minutos de nossa cidade.
Maria Aprecida, minha madrinha de batismo e, também, minha professora de Estudos Sociais aí em Bom Jesus: ou no Pereira Passos, ou no colégio Zelia Gisner.
ResponderExcluirPor onde andará essa alma boa,que transbordava carisma e simpatia?
Maria Aparecida Dutra, excelente professora,que Deus abençoe muito essa pessoa iluminada,com esse coração enorme de bondade e sabedoria.
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