segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Em 1875, Basílio Furtado esteve no Porto de Limeira, em Bom Jesus e outras cidades, em expedição científica




Porto de Limeira - Livro de Basílio Furtado - 1875. Muribeca


23/02/2015
"Parte conhecida do livro sobre as viagens do cientista Basílio Furtado, escrito em 1875, relativo às margens do Rio Itabapoana, examinado pelo historiador bonjesuense Antônio Dutra"


"As nossas repetidas viagens às florestas banhadas pelo rio Itabapoana, e sobre tudo a permanência e trato com os seus habitantes, quase todos emigrados da Província de Minas Gerais, forneceram-me dados suficientes para escrever, em sucintas palavras, algumas notícias e informações sobre o rio Itabapoana, a natureza das suas águas e do  solo por ele banhado, o surgimento da Freguesia do Senhor Bom Jesus, os hábitos, recursos e costumes dos seus paroquianos, que me pareceram úteis, no sentido de servir de orientação e balizamento aos que, eventualmente, par ali se dirijam, com o propósito de estabelecer-se com fazendas e plantações.
Esse resumo deverá ser concluído antes de seguir viagem para a gruta das Minas do Castelo.
O rio Itabapoana, cujo significado etimológico é I-rio, taba-aldeia, apoan - redonda, tem sua nascente nas altas seras da região, em cujas cumeadas estão os nomes do Caparaó (Camamatas, que significa para casas, ou movediça), tão celebrizadas pelas lendas populares que lhe atribuem fabulosas riquezas auríferas, corre, ou antes precipita as suas águas, de salto em salto, do Nordeste ao Sudeste, ora apertadas por montanhas, ora por estreitas cumeeiras, isto até o Porto de Limeira (pág. 137).

Daí para baixo dirige-se completamente tranquilo até lançar suas águas diretamente ao mar, cerca de 60 quilômetros depois do citado Porto e ao Sul de Itapemirim, por sua vez 70 quilômetros ao Norte do rio Parahyba ( Para- rio, hyba, que significa 'das frutas'), trecho este que já tem sido navegado por um pequeno barco a vapor até o Porto de Limeira. Os principais tributários desse rio são o Rio Preto, o de S. João, o ribeirão do Veado, o ribeirão de Varre-Sai, o Pirapetinga, o Barro Alegre, o ribgeirão de S. Pedro, o Muqui do Sul e finalmente o Muriaé (pág. 138).

As principais cachoeiras do Itabapoana são a do Bálsamo, a da Fumaça, a do Inferno, a de São Pedro e a do Queimado, que fica pouco acima de Limeira. As suas margens e leito são quase todas cobertas e pedras coadas e de areia quartzona em abundância. (pág. 138).

Segue uma passagem do livro: "Daí para baixo, dirige-se completamente tranquilo até lançar suas águas diretamente no mar, cerca de 60 quilômetros depois do citado Porto e ao Sul de Itapemirim, por sua vez 70 quilômetros ao Norte do rio Parahyba (Para-rio, hyba, que significa 'das frutas'), trecho este que já tem sido navegado por um pequeno barco a vapor até o Porto de Limeira" (pág. 138).


Muribeca ou antes Murobeca (mora, peco-lugar farto) era poderosa e rica aldeia que existia antigamente ao lado esquerdo do Itabapoana e nas margens do rio do mesmo nome, onde até hoje se conservam as ruínas de um espaçoso templo, obra dos jesuítas" (p. 139).

Segundo o historiador Antônio Dutra, que teve acesso ao livro de Basílio Furtado, estudioso que esteve na região em 1875, os índios a chamavam de Camapoana, por ser "semelhante a um mamelão ou seio feminino" (pág. 139). A alteração do nome é criticada.: " A substituição de Camapoana por Garrafão, além de ser uma ideia infeliz, veio adicionar mais dificuldade à sua tradução e à interpretação dos nossos poéticos nomes guaranis" (pág. 139).
"Páginas Memoráveis de Bom Jesus do Itabapoana", de Antônio de Souza Dutra, editado por Delton de Mattos, 2004. Coordenador do Projeto "CONHEÇAM OS VALORES CULTURAIS DE NOSSA TERRA", que teve o apoio da Prefeitura Municipal.


Brasão


Senado Federal
Secretaria de Informação Legislativa
Este texto não substitui o original publicado no Diário Oficial.
DECRETO N. 3.232 - DE 10 DE MARÇO DE 1864
Concede á Carlos Pinto de Figueiredo e Eduardo Joaquim Pereira de Oliveira privilegio por dez annos para estabelecerem a navegação por vapor no rio Itabapoana.
Attendendo ao que Me representárão Carlos Pinto de Figueiredo e Eduardo Joaquim Pereira de Oliveira, Hei por bem, na conformidade da Lei nº 60 de 8 de Outubro de 1833, Conceder-lhes privilegio por tempo de dez annos para estabelecerem, por si ou por meio de uma Companhia, a navegação por vapor no rio Itabapoana, nas Provincias do Rio de Janeiro e Espirito Santo, mediante as clausulas, que com este baixão, assinadas por Domiciano Leite Ribeiro, do Meu Conselho, Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Publicas, que assim o tenha entendido e faça executar. Palacio do Rio de Janeiro em dez de Março de mil oitocentos sessenta e quatro, quadragesimo terceiro da Independencia e do Imperio.
Com a Rubrica de Sua Magestade o Imperador.
Domiciano Leite Ribeiro.
Clausulas a que se refere o Decreto nº 3.232 de 10 de Março de 1864.
Os concessionarios se obrigão a estabelecer, por si ou por meio de uma Companhia, a navegação por vapor no rio Itabapoana desde a sua foz, no Oceano, até o porto da Limeira.
Esta navegação deverá ter começo dentro do prazo de um anno, contado desta data, e será continuada com toda a regularidade emquanto durar o presente privilegio.
Os concessionarios declararáõ perante o Ministerio da Agricultura, Commercio e Obras Publicas o numero de viagens que deveráõ fazer durante o anno, especificando as épocas, em que terão lugar; e não poderão alterar o numero e a ordem das viagens estabelecidas, salvo se provarem, a contento do Governo Imperial, a conveniencia da alteração.
Apresentaráõ á approvação do mesmo Governo a tabella dos preços de transporte dos passageiros e cargas, a qual não podera nunca ser alterada sem autorisação delle.
Esta concessão será nulla e de nenhum efeito se dentro do prazo marcado na clausula segunda não estiver estabelecida a navegação, e com toda regularidade. Caducará tambem no caso de ficar interrompida por mais de seis mezes, sem motivo justificado perante o Ministerio da Agricultura.
Em cada viagem de ida ou de volta, terão passagem gratuita, pagando, porém, as respectivas comedorias, até duas pessoas, que forem empregadas em serviço do Governo, precedendo ordem por escripto. Não se utilisando o Governo, em qualquer viagem, das duas passagens gratuitas, não poderá por isso dispôr de maior numero de lugares em qualquer das viagens seguintes.
Será tambem gratuito o transporte das malas do Correio, e bem assim de quaesquer sommas e cargas mandadas pelo Governo, não excedendo ao peso de trinta e seis arrobas em cada viagem, ou de ida ou de volta. As cargas serão recebidas e entregues á bordo, e as malas nas Agencias, ou a pessoas competentemente autorisadas.
O Governo pagará vinte por cento menos do que os particulares pelo transporte de colonos e passagens, e pelo frete de cargas.
Findo o prazo do privilegio, os concessionarios ou a Companhia que organisarem, perderáõ o direito ás obras que tiverem feito no leito do rio ou na sua foz, para facilitarem a navegação, sem direito algum á qualquer indemnisação.
Palacio do Rio de Janeiro em 10 de Março de 1864. - Domiciano Leite Ribeiro.



E. F. Leopoldina (1879-1975)
RFFSA (1975-1996)
http://www.estacoesferroviarias.com.br/efl_rj_litoral/fotos/fotospeq/stoeduardo043-peq.jpgSANTO EDUARDO
Município de Campos, RJ
Linha do Litoral - km 386,808 (1960)

RJ-0034
Altitude: 60 m

Inauguração: 13.06.1879
Uso atual: n/d

com trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d


HISTORICO DA LINHA: O que mais tarde foi chamada "linha do litoral" foi construída por diversas companhias, em épocas diferentes, empresas que acabaram sendo incorporadas pela Leopoldina até a primeira década do século XX. O primeiro trecho, Niterói-Rio Bonito, foi entregue entre 1874 e 1880 pela Cia. Ferro-Carril Niteroiense, constituída em 1871, e depois absorvida pela Cia. E. F. Macaé a Campos. Em 1887, a Leopoldina comprou o trecho. A Macaé-Campos, por sua vez, havia constrtuído e entregue o trecho de Macaé a Campos entre 1874 e 1875. O trecho seguinte, Campos-Cachoeiro do Itapemirim,foi construído pela E. F. Carangola em 1877 e 1878; em 1890 essa empresa foi comprada pela E. F. Barão de Araruama, que no mesmo ano foi vendida à Leopoldina. O trecho até Vitória foi construído em parte pela E. F. Sul do Espírito Santo e vendido à Leopoldina em 1907. Em 1907, a Leopoldina construiu uma ponte sobre o rio Paraíba em Campos, unindo os dois trechos ao norte e ao sul do rio. A linha funciona até hoje para cargueiros e é operada pela FCA desde 1996. No início dos anos 80 deixaram de circular os trens de passageiros que uniam Niterói e Rio de Janeiro a Vitória.

A ESTAÇÃO: A estação de Santo Eduardo já existia desde 1879; O historiador Pedro Teixeira cita esse ano como a de inauguração da estação, sendo que ali chegava para embarque toda a produção agrícola do vale do Itabapoana e que antes, desde 1864, chegavam ao porto fluvial da Limeira. Santo Eduardo era a ponta da linha que vinha de Campos. Com a inauguração da estação deItabapoana (mais tarde, Ponte de Itabapoana) em 1896 (alguns dão a data de 1894) foi aberta, em 1896, a ferrovia E. F. Itabapoana, ligando inicialmente essa estação à fazenda Boa Vista(hoje cidade de Apiacá) e fazendo com que Santo Eduardoperdesse muito de seu movimento. Essa ferrovia corria toda em território capixaba, ao norte do rio do mesmo nome. "Santo Eduardo mal era um povoado. Além da estação da Estrada de Ferro Leopoldina e do indefectível Hotel da Estação, suas habitações não passavam de umas vinte casas. A dois quilômetros, na beira do rio Itabapoana, situava-se a vila de Ponte de Itabapoana, já em território do Espírito Santo, pouco maior e com melhor comércio (...)" (Luiz Serafim Derenzi, descrevendo o local da estação nos anos 20; reproduzido de http://gazetaonline.globo.com/estacaocapixaba). Da estação deSanto Eduardo ainda continuou a sair a linha da Usina Santa Maria, que, pelo menos até os anos 1980, ainda seguia operando com suas máquinas a vapor. O esquema dessa linha foi desenhado porOrlando Barbosa mostrando que ela cruzava o rio Itabapoana, e consequentemente entrava em território capixaba, depois de percorrer alguns quilômetros do lado fluminense do rio. 
  

O PRIMEIRO PIANO DO VALE DO ITABAPOANA
Vera Maria Viana Borges
“Na terra somos caminhantes, sempre prosseguindo... Isso significa que temos de nos manter em movimento,
caminhando adiante. Assim esteja sempre insatisfeito com o que você é se quiser alcançar o que você não é. Se estiver
satisfeito com o que você é, você parou. Se disser “é suficiente”, você está perdido. Siga andando, movendo-se para a frente,
tentando atingir a sua meta. Não tente parar no meio do caminho, voltar ou desviar-se dele.” (Sto Agostinho - Sermão, 169-18)
Meus bisavós, Feliciano de Sá Viana e Ambrosina Justa de Sá Viana não esmoreceram, jamais perderam o
entusiasmo. Chegaram à Fazenda da Prata, oriundos das Minas Gerais em 1862. Casal cheio de vitalidade, ânimo e alegria,
pôs mãos-à-obra, dedicando-se à agricultura, atravessando épocas de vacas gordas pelo desempenho auspicioso do trabalho e
dedicação a que se empenharam.
Via crescer a numerosa prole em meio a muita fartura proveniente de seu trabalho na terra, acalentando o sonho de
educar todos os filhos proporcionando-lhes cultura e principalmente almejava que aprendessem música para encher de alegria
o seu lar e aquele rincão distante...
Sonhava comprar um piano, mas para tal aquisição era necessário ir à Corte. Preparando-se e indo até lá adquiriu o
instrumento, um piano de cauda; tratou de despachá-lo até o Porto da Limeira, que já funcionava desde 1864, a uns mais ou
menos dez quilômetros da atual localidade de Ponte do Itabapoana, no rio Itabapoana, ligando este ao mar em Barra do
Itabapoana. De lá veio até Bom Jesus de carro-de-boi e para dar continuidade à viagem, não havendo estradas, escravos
tiveram de empunhá-lo e levá-lo até Arrozal de Sant'Ana, mais precisamente na Fazenda da Prata, onde residiam os Sá Viana.
Os filhos cheios de curiosidade rodearam o instrumento, uma grandiosíssima novidade na região. Feliciano por sua
vez anunciava a necessidade de um mestre, corria de boca em boca a notícia... Sentia-se feliz mas ao mesmo tempo triste
vendo o piano ali, mudo... Homem de expediente já providenciava alguém para ministrar aulas e contratado já estava um
Professor de Escolaridade que viria ensinar leitura, contas e conhecimentos gerais a todos.
Entre seus criados, havia um escravo vindo de Diamantina, que cochichara aos outros, saber tocar piano. Chegando a
alvissareira notícia aos ouvidos do patrão, este dando-lhe roupas limpas e decentes, pediu que tomasse um banho e se
aprontasse devidamente. Quando adentrou o salão da Casa Grande, estava irreconhecível, de paletó e gravata. Emoção
enorme aos primeiros acordes que quebraram o silêncio daquelas matas, daqueles cafezais, esfuziando aqueles olhares
expectadores, encantando aqueles ouvidos ávidos de uma boa e bem animada melodia. O contentamento foi geral.
Passaram os Sá Viana a organizar saraus, atraindo pessoas da vizinhança e alegrando sobremaneira toda a família que
se organizava para receber os que vinham dançar e apreciar as bem executadas valsas da época. Nestas reuniões semanais,
serviam fartíssima mesa das mais finas e variadas iguarias, onde todos comiam a vontade.
Com a chegada do Professor “João Lino”, o início dos estudos e a surpresa maior: ao ver o “piano” disse que ele
poderia também dar conhecimentos de música e ensinar os mais diversos instrumentos. Iniciou-se assim a realização do sonho
do fazendeiro. Os filhos, Romualdo, Eulália, Aureliano, Adélia (Sinhazinha), Elpídio, Henrique, Malvina, Adolfina, Mulata,
Adelaide, Diana, Abílio e Julinho se entusiasmaram e logo formaram conjunto com clarinetas, trombones, contrabaixos, Sax
Horn, requinta e piano. Sobressaíram, Romualdo na clarineta, Julinho no cantrabaixo (ainda jovem faleceu na arquibancada
de um circo onde tocava, atingido por uma bala perdida, disparada numa briga do lado de fora), Elpídio no trombone (a maior
parte de sua vida foi dedicada ao contrabaixo), Henrique no Sax Horn, Adelaide no piano e requinta; Mulata dedicou-se um
pouco ao piano e gostava de cantar.
Cada filho que se casasse recebia de dote um sítio e um lote de burro. Não eram apenas saraus e brincadeiras
trabalhavam duro, estudavam e se dedicavam aos estudos de música e dos diversos instrumentos.
Mudando-se para a Fazenda União, mais próxima de Rosal (hoje propriedade do Sr. Carlowe Junger Vidaurre), ficou
mais próximo de seu amigo e compadre Luís Tito de Almeida (Lulu), sogro de seu filho Elpídio que desposara Elzira.
Tocavam em ladainhas, casamentos e festas em geral, até que um dia reuniram-se Lulu (Luís Tito de Almeida),
Elpídio de Sá Viana, Durval Tito de Almeida, Custódio Soares de Oliveira, Sebastião Magalhães e Elias Borges, iniciando o
trabalho de formação da Corporação Musical 14 de Julho, que tem como data oficial de sua fundação, 14 de julho de 1922.
Continua firme e vibrante com retretas nas praças, espalhando vida e alegria por onde passa, com suas marchas, dobrados e
peças do cancioneiro popular.
Constantemente havia encontro das Bandas. No casamento de Mulatinha, neta de Feliciano, filha de Romualdo,
compareceram as Bandas do Sr. Lulu e do Chico Gomes, clarinetista dos bons e que também formara uma banda com
elementos de sua família, lá na Barra Funda. Elemento de uma Banda tocava também na outra; foram se casando e misturando
as famílias e finalmente todos se tornaram parentes, acabando praticamente numa só família.
Os Sá Viana se espalharam pelos dois lados do vale do Itabapoana, fazendo frutificar a vocação musical que lhe estava
impregnada no sangue e os conhecimentos que se adquiriram através daquele primeiro piano que com grande ideal foi trazido
para esta região.
Elpídio de Sá Viana organizou na década de 40 uma filarmônica em São José do Calçado. Inicialmente contou com
cinco de seus filhos: Luís, Antônio, Feliciano (Neném), Hélio e Geraldo, todos excelentes músicos e procurou completar o
grupo com elementos da localidade a quem ministrava aulas. A filarmônica recebeu o nome de “Euterpe São José”, mais tarde
passou a “Lira 19 de Março”, apresentando-se impecavelmente uniformizada e executando sempre com perfeição o vasto e
riquíssimo repertório.
A descendência de Feliciano e Ambrosina continua acalentando e realizando o seu grande sonho... Que Deus os
acolha em sua Glória como recompensa pela herança deste dom tão harmonioso quanto melodioso. Erguendo as taças da
gratidão e do amor, prestamos-lhes uma consagradora homenagem pela determinação e garra com que impregnaram nossa
gente e nossa terra com a paixão e o ardor deste ideal, assegurando que continuaremos mantendo viva a chama de seu lindo
sonho que ainda nos embala com suaves canções e que com a graça de Deus assim o será para todo o sempre.



No dia 1º de setembro de 1837, Francisco José Lopes da Rocha adentrou na região abrangida pelo Porto de Limeira, o primeiro desbravador da região, o que irritou os índios. Ferido por uma flecha, foi levado em uma canoa até Campos dos Goytacazes, a partir do Porto da Prata, em Limeira, até Barra do Itabapoana. (p. 6
in "História do antigo município de São Pedro do Itabapoana", de Grinalson Francisco Medina).

A Lei Provincial nº 11, de 16 de junho de 1856 criou a Freguesia de São Pedro do Cachoeiro do Itapemirim , abrangendo a capela de São Pedro Apóstolo do Itabapoana (Limeira). 
Fundada no ano de 1860, sob a invocação de São Pedro Apóstolo, no lugar denominado Limeira do Itabapoana, primitivamente Aldeia de Camapuana ou depois Cachoeiro do Itabapoana.

Em 1863, foi expedida a Lei nº 4, de 26 de novembro, assim como o Decreto nº 444, com sede em Limeira do Itabapoana, província do Espírito Santo, abrangendo as capelas de São Pedro de Alcântara do Itabapoana, Nossa Senhora da Conceição do Muqui e São José do Calçado.

Em novembro de 1865, chegou à região o Ministro da Agricultura dos EUA, Bailar S. Dun. Dirigiu-se depois a Limeira do Itabapoana, onde um vapor o aguardava para transportá-lo à Corte.

O art. 1º da Lei provincial nº 21 de 1864 estabeleceu que o presidente da província foi autorizado a contratar com o Comendador Carlos Pinto de Campos Figueiredo e Eduardo Joaquim Pereira de Oliveira, ou quem mais vantagens oferecesse, a navegação a vapor pelo Rio Itabapoana desde a sua foz até o Porto de Limeira, mediante a subvenção nunca menor de 2:000$000.

No ano de 1865, ocorreu recenseamento na freguesia de São Pedro do Itabapoana, conhecendo-se o seguinte resultado: brasileiros: 3113, estrangeiros: 114, escravos brasileiros: 2.225, escravos estrangeiros: 239, total: 5.691. A população em apreço, em sua maioria, adotava a religião católica e ficou espalhada pelos povoados de São Pedro de Alcântara do Itabapoana - Limeira do Itabapoana - e Nossa Senhora da Conceição do Muqui.

A Lei nº 608, de 12 de dezembro de 1868, e o Dec. nº 29, transferem a sede da Freguesia de São Pedro do Itabapoana para a localidade de Conceição do Muqui, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição do Muqui do Itabapoana, tendo por Matriz a dita Capela que, para esse fim, foi oferecida pelos seus fundadores. Foi autor desse projeto o deputado provincial der. M anoel Leite de Novaes Melo. As imagens da Igreja de Limeira passaram para a Capela de São Pedro de Alcântara do Itabapoana, que foi construída em 1855. (p. 10).

Pela Lei Provincial nº 8, de 15 de novembro de 1876, foi transferida a cadeira do ensino primário do sexo masculino da povoação de Limeira para a freguesia de São Pedro do Alcântara, sendo nomeado professor o sr. João Lopes (p. 11).


O Solar dos Tardin foi construído com óleo de baleia oriundo do Porto de LImeira



Segundo o escritor bonjesuense Delton de Mattos, o Solar dos Tardin foi edificado na Serra do Tardin com óleo de baleia oriundo do Porto de Limeira.






José de Nascimento Soares nasceu no dia 23/04/1931, no lado capixaba do Porto da Limeira. Reside com a família próximo antigo Porto, na antiga Cachoeira das Garças, que deixou de existir com a barragem da hidrelétrica ali construída.


















Porcelana inglesa Staffordshire J.J.W. L.









Ele conta que não conheceu seus pais: "fui criado por José Antônio Massimino e Luíza Teixeira, que também nasceram em Limeira. Cresci trabalhando como diarista no Porto, transportando sacas de café do Armazém, do lado capixaba, para as pranchas que eram transportadas pelo rebocador, movido a vapor,  até Barra do Itabapoana. O café era comprado por Simão Mansur. Eu trabalhava ganhando 7 merréis por dia, das 7h às 18h. Da Barra eram trazidas mercadorias como açúcar, tapioca e frutas, entre outras. Eu também costumava vender peixes. Percorria várias cidades, inclusive Bom Jesus do Itabapoana, Apiacá, Santo Eduardo, levando um varal com peixes. Criei minha família    assim. Aqui, havia a próspera Fazenda São Pedro, com 300 alqueires de terra, de propriedade de João Lino. 

Do lado do Estado do Rio de Janeiro, havia uma verdadeira cidade, com igreja, açougue, farmácia, padaria, loja de bicicleta, cemitério... tinha de tudo. Hoje, só eu estou vivo. Todas as pessoas que moravam aqui morreram. O que me entristece, contudo, é lembrar que aqui foi uma região muito desenvolvida e, hoje, está tudo acabado. Sinto-me, contudo, um homem realizado , por ter criado e encaminhado todos os meus filhos. Lembro-me que, certa vez, a febre amarela atacou a comunidade, matando duas pessoas: Maria e Joaquim. Matou até macacos. Dois cobertores não eram suficientes para tirar o frio. Veio, entretanto, um malafeiro, responsável por dar injeção nos moradores, assim como um comprimido. Isso salvou todos.".

Maria, com 72 anos, casada com José Antônio, revela, contudo, que "nessa época, pessoas costumavam fazer tocaias em um barranco para matar outras.  Costumava haver brigas por qualquer motivo e, às vezes, pela manhã, apareciam dois ou três corpos alvejados por disparos de arma de fogo".

José Antônio e Maria tiveram 10 (dez) filhos. Dois faleceram ainda pequenos. Os sete filhos vivos são Dejanira,Roseli, Rosirene, Rosiete, Selma, Paulo, José Carlos e Antônio Carlos.

Por aqui, foi encontrada muita cerâmica que foi jogada no rio. Recordo-me que , na época de prosperidade, havia pessoas que faziam bordados em ouro, colocavam ouro em xícara e no sino da Igreja. Como não havia banco, as pessoas colocavam o ouro em uma tacha de barro e a enterrava.

Renan Máximo de Sena, pescador profissional, vive há cerca de 20 anos com Selma,



Lenilson Werneck Barreto, fotógrafo do distrito de Santo Eduardo, em Campos dos Goytacazes (RJ), ele esteve no lado fluminense do Porto de Limeira. Ele conta que, com as escavações realizadas para a construção da Usina da Pedra do Garrafão, foram encontradas peças antigas e ruínas, como a de um moinho que, após análise científica através do carbono, constataram que o prédio fora construído em data muito antiga. Daí que os historiadores do Museu Nacional do Rio, após virem ao local, chegaram à conclusão de que ali se tratava da Vila da Rainha referida por Pero de Góes em 1534 em uma carta, na qual salientou que estivera a 70 léguas do Rio Itabapoana. Mas esta é uma questão controvertida.


Há informação, ainda, de que, devido a uma peste que assolou a região, moradores fugiram da região e acabaram fundando a Vila de São Pedro do Itabapoana.


O Porto acabou na década de 1950. 





















Fotos:
3263 Ruínas do cemitério da limeira
3288 garrafa e restos de louças com traços portugueses encontrados nas margens do Rio Itabapoana
3238 base do galpão onde eram armazenadas as mercadorias que desembarcavam no porto da limeira
Obs: todas estas fotos foram tiradas em 2007 e 2009, período em que estava recente as escavações feitas pela equipe do Museu Nacional do RJ. Hoje, muito desses detalhes não estão tão à vista por falta de intervenção do poder público que ali esteve na época para fazer os estudos de avaliação patrimonial do local.
O que vemos hoje é um total abandono e descaso do achado histórico por parte das autoridades como um todo.
Aproveito e lhe envio um vídeo produzido pela PCH que mostra o projeto de criação da Vila da Rainha com um sítio histórico, com direito a criação de um museu no local, mas que não saiu do papel até hoje e, pelo visto, já que não há ninguém enganjado nesta luta atualmente; bom, pelo menos eu não sei de ninguém que esteja precionando os governantes para tirarem do papel esta ideia plantada na época da construção da Hidrelétrica Pedra do Garrafão.
Entre no YOU TUBE  e digite " Vila da Rainha" para assistir a animação. Você irá gostar e reconhecer os locais nas fotos que lhe enviei. 
Abraço
Lenilson























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