sexta-feira, 27 de novembro de 2020

O passamento de Dona Zeni Miranda

 

 Anselmo Júnior Borges Nunes


A comunidade rosalense amanheceu profundamente consternada com a perda de um dos seus carvalhos mais longevos e vistosos de sua terra, Azenir de Souza, mais conhecida como Dona Zeni Miranda.


Querida e amada por todos, em seus 98 anos de idade, esbanjava lucidez, alegria, jovialidade de espírito, além de muita fé e “senhorio” sobre as suas próprias vontades, pois já contabilizava os dias para o seu centenário de vida, programando missa, banda de música, muitos amigos ao redor e, claro, muita fartura na mesa.


Em Rosal, exerceu a função de lavadeira e, depois de um certo tempo, de merendeira da Escola Estadual Luiz Tito de Almeida, deixando belas e saborosas refeições na memória afetiva dos alunos e professores que por lá passaram e tiveram a privilegiada alegria de conviverem com Dona Zeni.


Membro do Apostolado da Oração desde os 15 anos de idade, Dona Zeni sempre divulgou sua piedosa devoção ao Sagrado Coração de Jesus e também nutria especial devoção à padroeira dos rosalenses, Sant’Ana, e à padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, que dizia ser a sua “mãezinha”.


Em sua casa, sempre recebeu as pessoas de braços abertos e com muita hospitalidade, não importando a condição econômica de quem a visitava, nem mesmo a religião professada, o partido político, a opção sexual, etc. Estava sempre sorridente e dócil,  adorava “um dedo de prosa” e não deixava de servir um cafezinho com um pedaço de broa.


 


De seu seio familiar surgiu o movimento de respeito aos negros, que culminou na tradicional Festa da Consciência Negra. Da sacada de sua varanda, ao lado de sua filha Ana Maria de Souza, a idealizadora do movimento, acenava ao povo e comandava os festejos, servindo comida gostosa, repartindo abraços e afagos acolhedores ao visitantes.


Não restam dúvidas de que deixará eternas saudades àqueles que a conheceram, especialmente aos seus conterrâneos que não poderão vê-la tomando o sol da manhã em sua sacada ou dando suas “fugidinhas” para ir ao comércio e rever os amigos.


Aos familiares, desejamos as condolências devidas e que o Senhor os console neste momento de profunda dor. Ao mesmo tempo, agradecemos a Deus pelos 98 anos bem vividos de Dona Zeni que soube ser “sal na terra e luz no mundo”.

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