segunda-feira, 25 de abril de 2022

Vitorino Nemésio, açorianidade e Manuel Ignácio da Silveira

 

Vitorino Nemésio

Manuel Ignácio da Silveira nasceu na freguesia da Candelária, ilha do Pico, no dia 1o. de outubro de 1811. Chegou ao Rio, por volta de 1834. Se estabeleceu na região de Piraí.

Casa Vitorino Nemésio localiza-se na freguesia de Santa Cruz, concelho da Praia da Vitória, na ilha Terceira, nos Açores, onde nasceu.


Praia da Vitória é uma cidade portuguesa localizada na parte leste da ilha Terceira


poeta, romancista, cronista, académico e intelectual português 


Três tipos fundamentais entre seus conterrâneos:

" O de São Miguel é o que levanta a enxada mais alto e a crava mais fundo na terra".

O habitante da ilha Terceira, que recebeu influência francesa e dos espanhóis, entre 1580 e 1640, é o mais amável e festeiro.

Segundo Vitorino Nemésio, "o picoense trabalha na vinha e na horta, mas está sempre pronto para saltar à canoa, à caça da baleia" (Vitorino Nemésio).

O conceito de Açorianidade

O conceito de "açorianidade" foi definido por Nemésio em 1932 e, desde então, foi amplamente divulgado em contextos bem diferenciados, desde estudos de âmbito literário a intervenções de ordem política. Naquele ano, por ocasião do V Centenário do Descobrimento dos Açores, afirmou:

"(...) Quisera poder enfeixar nesta página emotiva o essencial da minha consciência de ilhéu. Em primeiro lugar o apego à terra, este amor elementar que não conhece razões, mas impulsos; e logo o sentimento de uma herança étnica que se relaciona intimamente com a grandeza do mar.
Um espírito nada tradicionalista, mas humaníssimo nas suas contradições, com um temperamento e uma forma literária cépticos, - o basco Baroja, - escreveu um livro chamado Juventud, Egolatria 'O ter nascido junto do mar agrada-me, parece-me como um augúrio de liberdade e de câmbio'. Escreveu a verdade. E muito mais quando se nasce mais do que junto do mar, no próprio seio e infinitude do mar, como as medusas e os peixes (...)
Uma espécie de embriaguez do isolamento impregna a alma e os actos de todo o ilhéu, estrutura-lhe o espírito e procura uma fórmula quási religiosa de convívio com quem não teve a fortuna de nascer, como o logos, na água (...)
(...) Meio milénio de existência sobre tufos vulcânicos, por baixo de nuvens que são asas e bicharocos que são nuvens, é já uma carga respeitável de tempo - e o tempo é espírito em fieri (...)
Como homens, estamos soldados historicamente ao povo de onde viemos e enraizados pelo habitat a uns montes de lava que soltam da própria entranha uma substância que nos penetra. A geografia, para nós, vale outro tanto como a história, e não é debalde que as nossas recordações escritas inserem uns cinquenta por cento de relatos de sismos e enchentes. Como as sereias temos uma dupla natureza: somos de carne e pedra. Os nossos ossos mergulham no mar.
Um dia, se me puder fechar nas minhas quatro paredes da Terceira, sem obrigações para com o mundo e com a vida civil já cumprida, tentarei um ensaio sobre a minha açorianidade subjacente que o desterro afina e exacerba."[14]

Posteriormente, em 1975, em quatro novos textos[15] publicados no Diário Insular, o mesmo foi retomado e aprofundado. É o próprio Nemésio que recorda:

"Outro sintoma linguístico da impulsividade afirmativa dos Açores como etnia ou espaço geográfico originais está no emprego da palavra 'açorianidade'. Quem escreve estas linhas passa por inventor desse vocábulo, há bons quarenta anos. Luís Ribeiro, o insigne etnógrafo e jurisconsulto açoriano de 'Os Açores de Portugal' - opúsculo de grande valia, pela posição de contraste, para o emancipalismo de hoje - foi um dos que generosamente me 'patentearam' por tão pobre criação vocabular. Porque lia então muitos ensaístas espanhóis, incluindo o clássico Pi y Margall de 'Las nacionalidades', decalquei sobre 'hispanidade e argentinidade' (Unamuno) o meu 'açorianidade' ".[16]

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