quinta-feira, 11 de agosto de 2022

13 de agosto: os 75 anos do início da saudade de Padre Mello!

 



Hoje, 13 de agosto, início da Festa de Agosto, recordamos os 75 anos de falecimento do nosso querido Padre Mello. O Norte Fluminense presta, a seguir, homenagem a esse gênio da nossa cultura.

Padre Mello vive!

Sepultamento de Padre Mello, no dia 14/08/1947. Frente da Igreja Matriz, vendo-se, entre outros: Sebastião Alfeu da Silva, Dr. Cesar Ferolla, Dr. Oliveiro Teixeira (prefeito municipal), Vitório Ferolla, Jorge Teixeira (Jorge "Sedinho") e Elias Chalhoub (acervo do magistrado dr. Luiz Alberto Nunes da Silva entregue ao ECLB)




Oração Proferida pelo DR. OCTACÍLIO DE AQUINO

(Do livreto PADRE MELLO - HOMENAGEM DO COLÉGIO RIO BRANCO, de 19/12/1997)

 Saudoso e brilhante advogado bonjesuense quando o corpo do Padre Mello saía da Matriz para o Campo Santo



"Falo em nome do foro bonjesuense, do Meritíssimo Juiz de Direito, da Promotoria Pública, de todos os auxiliares e serviços da Justiça local. Nós os representantes, intérpretes e aplicadores das leis humanas, não podíamos deixar de trazer destacadamente, as nossas últimas homenagens a quem foi, na terra, um dos brilhantes, cultos e incansáveis sacerdotes das leis divinas.

Porque é sobretudo sob esse aspecto extraordinário que a figura do Revmo. Padre Mello avulta na terra bonjesuense em quase meio século de realizações e de trabalho, radicando-se definitivamente nas esperanças do nosso povo como agora se inscreve, de modo imperecível, na saudade que hoje começa.

 Certamente que ele foi grande em tudo a que emprestasse o fulgor de sua clara inteligência e as possibilidades enormes de seu saber e descortino. Era um versejador admirável. Conhecendo tão bem a arte como a conhecia e estimava Luiz de Camões. Era um Prosador exímio, mestre consumado do pensamento e do estilo. Possuía excelentes qualidades de orador. E suas opiniões eram sempre sólidas e fecundas até mesmo no campo das ciências exatas, onde fazia habitualmente largas incursões de estudioso e amigo do saber.

Mas a sua projeção na vida bonjesuense, foi, antes de tudo, a do sacerdote. Foi aí, à frente da Igreja Católica, que o Reverendo Padre Mello pode encontrar o caminho dos nossos corações. Foi ele o guia espiritual da nossa sociedade, influindo decisivamente na formação moral dos que aqui olharam pela primeira vez a luz do sol, ajudando-nos a enterrar os primeiros mortos queridos, no começo destes quase cinquenta anos que hoje se encerram, e ainda muito recentemente embalando, com as bênçãos da religião, através da pia batismal, os derradeiros berços, os berços da geração que era desponta.

E neste dia de amarguras para todos nós, são as promessas risonhas destes berços e são as vozes imensas daqueles túmulos, as esperanças do presente e as sombras do passado, que se apresentam, juntando-se às vozes de todas as famílias, acompanhando conosco as homenagens de respeito, de admiração e de reconhecimento profundo ao vulto preclaro da nossa cristandade, que tanto fez pôr nossa terra e pôr nossa gente.

Associando-nos a estas homenagens, na imponente glorificação que elas significam, falo em nome do Judiciário local e em meu próprio nome, rogando aos céus pela alma boníssima do mestre, do amigo e do padre ilustre, que hoje descansa na paz e na glória do Senhor."


Capela do Divino Espírito Santo, no interior da Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus, onde estão os restos mortais de Padre Mello

O PADRE MELLO MORREU, MAS SUA LEMBRANÇA VIVE CONOSCO NA SAUDADE QUE DEIXOU
(Transcrito de O Norte Fluminense de 24/08/1947)

Bom Jesus, na expressão de todas as suas camadas sociais, assistiu, compungida, nas primeiras horas da tarde do dia 13 do mês em curso, a agonia dos últimos instantes, desse vulto gigantesco que durante quase meio século, encheu das filigranas de ouro de sua inteligência fulgurante, a nossa literatura; desse titan, em cujo espírito arraigara-se com tanta gala os sublimes ensinamentos de Jesus, repartindo com seus amados paroquianos, as graças, que pela sua bondade, pelas suas supremas virtudes, alcançava dos céus.
A própria Natureza, antevendo o fim breve de quem como o Padre Mello fora em todo o decurso de sua vida, devotado à causa do bem, a própria Natureza, despiu a roupagem de luz com que o sol a vestira e deixou que, com lágrimas da chuva fria e triste, tivesse curso o seu pranto de água.

E veio o desenlace! E enquanto a alma boníssima daquele ancião ascendia às regiões célicas, a nossa gente ali estava para dar ao seu extremado pároco o seu último adeus.

Mas o Padre Mello não morreu! Se a sua matéria voltou ao pó de que foi feita, o seu espírito alando aos céus, demandou o seu verdadeiro lugar, por isso que, se da terra desapareceu um homem, surgiu no céu mais um santo: Santo Antonio Mello de Bom Jesus!












 


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