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| Luciana Pessanha Pires |
A saudade nos toma o fôlego e se revela nos olhos ora oblíquos, ora úmidos. Cristaliza-se às vezes e derrama-se em outros momentos.
Revisito noites no sofá com meus avós paternos diante da tropicalidade e dos excessos de Chacrinha. A mão de minha avó nos meus cabelos, a mão de meu avô nos meus pés, o cafezinho com leite, a bolacha, o sono acalentado por esses afetos.
Os domingos com mesa farta, nossa matriarca diligentemente comandando os afazeres, temperando a vida. Meu avô distraindo as crianças com os jogos de tabuleiro e depois dançando com as filhas ao som de Nelson Gonçalves na vitrola. Um burburinho capaz de curar as dores, refazer o ânimo, unir a família.
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