sábado, 4 de janeiro de 2025

4 de janeiro: os 186 anos de nascimento de Casimiro de Abreu



Casimiro de Abreu (1839-1860) foi um poeta brasileiro da Segunda Geração do Romantismo e um dos maiores nomes da literatura brasileira. Ele é conhecido por poemas como "Meus Oito Anos", que está presente em seu único livro, As Primaveras. 

Nascimento: 4 de janeiro de 1839, em Barra de São João, Rio de Janeiro

Morte: 18 de outubro de 1860, na Fazenda Indaiaçu, no atual município de Casimiro de Abreu, Rio de Janeiro

Doença: Tuberculose

Estilo: Poesia nostálgica, bucólica, simples e espontânea

Temas: Patriotismo, idealização amorosa, pressentimento da morte

Casimiro de Abreu viveu e escreveu pouco, mas sua poesia é marcada por um lirismo ingênuo de adolescente. 

Casimiro de Abreu também é o nome de um município do Rio de Janeiro, localizado na Região Turística Costa do Sol. A sede do município fica em Indaiaçu, que passou a se chamar Casimiro de Abreu em 1925. 

A poesia mais famosa de Casimiro de Abreu.


 Meus oito anos


Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!


Como são belos os dias

Do despontar da existência!

– Respira a alma inocência

Como perfumes a flor;

O mar é – lago sereno,

O céu – um manto azulado,

O mundo – um sonho dourado,

A vida – um hino d’amor!


Que aurora, que sol, que vida,

Que noites de melodia

Naquela doce alegria,

Naquele ingênuo folgar!

O céu bordado d’estrelas,

A terra de aromas cheia

As ondas beijando a areia

E a lua beijando o mar!


Oh! dias da minha infância!

Oh! meu céu de primavera!

Que doce a vida não era

Nessa risonha manhã!

Em vez das mágoas de agora,

Eu tinha nessas delícias

De minha mãe as carícias

E beijos de minhã irmã!


Livre filho das montanhas,

Eu ia bem satisfeito,

Da camisa aberta o peito,

– Pés descalços, braços nus –

Correndo pelas campinas

A roda das cachoeiras,

Atrás das asas ligeiras

Das borboletas azuis!


Naqueles tempos ditosos

Ia colher as pitangas,

Trepava a tirar as mangas,

Brincava à beira do mar;

Rezava às Ave-Marias,

Achava o céu sempre lindo.

Adormecia sorrindo

E despertava a cantar!


Oh! que saudades que tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

– Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

A sombra das bananeiras

Debaixo dos laranjais!

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