quinta-feira, 24 de julho de 2025

Duas Espécies de Poder

 


Há duas espécies de poder.

Uma delas é sutil e luminosa: é o poder que se evidencia como capacidade de amar, de sonhar, de olhar nos olhos com o brilho da alma. É o poder de ajudar quem está por perto, de reunir corações em celebração, em comunhão com a vida. Esse poder brota do íntimo humano e floresce em gestos de ternura e escuta. 

Ele não precisa de títulos, nem de aplausos. Alimenta-se de acenos simples: um olhar sincero, uma escuta atenta, a disposição de estender a mão sem interesse. É o poder que transforma a convivência em comunhão. Que transforma o cotidiano em vida compartilhada. É a força que nos impulsiona a desenvolver nossas potencialidades e a nos tornarmos, enfim, plenamente humanos.

A outra espécie de poder caminha em direção contrária. Ela nasce da carência, da impotência que não soube ser acolhida— e da recusa em aceitá-la. É a vontade de subjugar o outro, ou de se entregar à submissão, ou ainda de desejar a destruição. E, por isso, tenta compensar a falta com controle, com submissão, com violência. É o poder que fere, que divide, que alimenta muros entre as pessoas. Esse poder obscurece a alma, e embora possa trazer, por instantes, um prazer frio e fugaz, ele é apenas o eco do vazio.

Enquanto o primeiro poder conduz à plenitude, à expansão do ser, o segundo aprisiona e consome.

Mas há uma verdade que resiste: o poder de fazer a vida florescer no coração humano jamais poderá ser extirpado da condução do viver. O outro, esse que destrói, é efêmero.

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