domingo, 1 de dezembro de 2013


ELCIO XAVIER lança  "O VÉU DA MANHÃ", no ECLB, EM NOITE MEMORÁVEL


Elcio Xavier




Em noite memorável, Elcio Xavier, considerado o maior poeta bonjesuense de todos os tempos, e dos grandes do país, lançou, no dia 16 de novembro, no ECLB (Espaço Cultural Luciano Bastos), em Bom Jesus do Itabapoana (RJ), a 2a. edição do lebre livro "O VÉU DA MANHÃ".

O Véu da Manhã, em 2a edição

Amigos, parentes e admiradores marcaram presença no ECLB, em uma noite repleta de emoções.









 


 


Regina Loureiro Xavier, filha de Elcio, ao piano: uma noite de encantos







O blog do Espaço Cultural Luciano Bastos (www.espacoculturalluicianobastos.blogspot.com) fez o seguinte registro sobre o evento:



"Ao lado de amigos e familiares, o escritor Elcio Xavier lançou o livro O Véu da Manhã pela Editora O Norte Fluminense, em segunda edição, neste sábado, no Espaço Cultural Luciano Bastos.
     Após agradecer a presença de todos e relembrar emocionado os momentos mais marcantes de sua vida, Elcio Xavier recebeu homenagem carinhosa da sobrinha e afilhada Iara Loureiro Laborne, de Gino Bastos e das primas Maria José e Lenice Xavier.
     A noite ficou mais especial ao som do piano de Regina Loureiro Xavier, filha do escritor, que contagiou os presentes e fez todos cantarem um repertório especialmente escolhido e dedicado aos familiares:
      Milidó, dedicada ao tio Levy Xavier (autor); Juntinho de Você, ao tio Samuel Xavier (autor); Suspiros e lágrimas, à bisavó Baldina Xavier; Rancho Fundo, ao avô Antonio Tinoco; Jangadeiro, à avó Maria da Conceição Loureiro; Branca, à avó Elvira Xavier; Boneca, à mãe Gedália Loureiro Pereira; Pobre Trovador, ao irmão Rogério Loureiro Xavier (autor); Chuvas de Verão, ao tio Celso Loureiro Pereira; Eu sonhei que tu estavas tão linda, à Maria José Rezende, mãe de Lucília Rezende e Perfídia, ao tio Haroldo Olive, marido da tia Shirley Loureiro
".











RAQUEL LOUREIRO XAVIER SOARES



Durante o evento histórico, Elcio Xavier lançou o livro escrito por sua filha Raquel Loureiro Xavier Soares, intitulado "ALMA INQUIETA", que retratou os momentos que lutou contra a doença que a acometeu, até seu passamento, em 2011.

Raquel Loureiro Xavier Soares, filha de Elcio Xavier e da bonjesuense Gedália Loureiro Xavier, foi escritora, poetisa, pintora, professora de inglês e literatura e jornalista com pós-graduação em Arte Dramática e Cinema. Conorme salientado na obra, "seu livro é o registro de sua luta contra a grave enfermidade que a abateu no seu melhor período de criação"



Poesias de Raquel Loureiro Xavier Soare retratam a "luta contra a grave enfermidade que a abateu no seu melhor período de criação"

A respeito de "Alma Inquieta", a professora Rita de Cássia Cogo, de Guaçuí (ES), escreveu:

Rita de Cássia Cogo: emoção com o livro "Alma Inquieta"


"O livro 'Alma Inquieta' apresenta várias poesias na qual a autora Raquel  Lourenço  Xavier  Soares  nos leva a refletir sobre a complexidade da alma humana e sobre a profundidade dos antagonismos humanos  frente à necessidade de viver, resistir  e vivenciar  as provações e as limitações  que a doença e a dor trazem.


A autora, ao ver sua vida sendo encarcerada pela consequência da doença, deixou transparecer em suas poesias a lucidez em momentos de angústia, a saudade de uma infância bem vivida, o conflito e a busca da fé, a doçura de uma mãe, o reconhecimento de uma amizade, a grandeza de uma mulher, uma  presença viva e paterna  e, em sua  despedidaa certeza de sua imortalidade.


Esse livro demonstra a preciosidade de preservar a memória de alguém, pois afinal, seremos eternos enquanto permanecermos vivos na memória de alguém".
  

   






 ELCIO XAVIER "PRECISA SER LIDO", DIZ ,MEMBRO DA ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS


Adonias Filho


A respeito de Elcio Xavier, o membro da Academia Brasileira de Letras, Adonias Filho, que recebeu o título de imortal pelas mãos de Jorge Amado, escreveu o artigo "Poetas em Primavera": 

" Simples o ritmo e a linguagem , marinhista e com o olhar submerso em todas as cores, a poesia desse estreante - sem afetação, sem saltos imprevistos, sem paredes turvas - é, antes de tudo, uma afirmação pessoal. Nâo dcompõe em alicerces de cimento, não quer ser um entendido, mas, de imagem a imagem, robustece a arquitetura da poesia de tal modo que impossível se torna duvidar da sua legitimidade. No conjunto, é uma conifssão. Repercutem, em verdade, numa ternura humana cada vez mais ausente, as palavras que traduzem aspectos claros e refletem as manhãs sem violentá-las nas suas dimensões. Fiel ao panorama, incapaz de mutilar os sentidos para 'pensar a poesia', sua emoção criadora por isso mesmo se irradia, como diria Charles De Bos, e exprime o 'qui est proche de notre âme'.

Nos poemas de 'Velas na Bruma', abertos sobre o mar, o poeta Elcio Xavier, que não se impacienta e não se precipita, consegue quase sempre uma intensidade que, inutilmente, procuro nos seus companheiros de geração. A acuidade vibra acima da contemplação, erguendo os quadros numa gradação admirável. Mas o que verdadeiramente constitui na sua grande poesia o território constante, é a integração de si mesmo em um universo que a todos pertence. Esclarece muito, neste particular, o poema 'Auto-retrato'. E essa integração não se desfaz nem quando se realiza o 'Aparecimento de Ege' - o instante em que o tema eterno, a mulher, se incorpora à poesia.

 Este poeta que, insisto,  precisa ser lido no livro marcante que é 'O Véu da Manhã', não se projeta apenas no lirismo simples, na espontaneidade que denuncia em seus poemas como atos inevitáveis. É também um poeta que penetra na análise, sempre simples e humano, mas investiga aquele subsolo que caracteriza a poesia como uma descoberta. Extraordinário sem a menor dúvida, como se revela e se advinha, e se perdoa. No fundo de sua própria natureza, irmanado ao mundo, em seus poemas que do modernismo só utilizam o instrumental formal. Elcio Xavier é um poeta à margem das escolas e dos grupos. Isolado, porém sua personalidade flagrantemente poderosa nesse livro de estreia, é um poeta que exige atenção".





 O VÉU DA MANHÃ "É UM DOS ACONTECIMENTOS LITERÁRIOS DOS ÚLTIMOS ANOS", DIZ CRÍTICO MINEIRO

Lucio Cardoso

O  mineiro Lúcio Cardoso, outro festejado crítico, debruçou-se sobre o livro de Elcio Xavier:


"Tenho em mãos o livro de estreia de um Poeta. Este grande mistério da Poesia, sobre que já se inclinaram tantos sábios e estudiosos, que tantos aproximam do fenômeno místico e que muitas vezes os próprios poetas não compreendem, tão estranho e profundo é ele, este mistério é sem dúvida o sinal de uma predestinação que neste mundo conta como uma das coisas mais altas. e que seria de nós se os poetas não surgissem de vez em quando, com sua incrível capacidade de sofrer por si e pelos outros, que seria do mundo, se do seu caos confuso e atormentado não surgissem intérpretes que lhe emprestassem uma fórmula única e real, magos que fazem brotar com o simples toque da sua varinha um oceano de espessas e maravilhosas ressonâncias?


Não sei como surgem os poetas, mas sei que quase sempre sua primeira manifestação é um grito de afirmação, um brado de presença através da paisagem e do destino, através do sangue e do sofrimento, olhos pela primeira vez abertos, como o primeiro homem ao sair das mãos de Deus.

 
O livro desse novo poeta, que é o Sr. Elcio Xavier, chama-se "O Véu da Manhã" - título que me parece extraordinariamente feliz, por sintetizar toda a força de véus que se descerram ante o ímpeto da descoberta e a aparição da luz. Logo no poema que dá início ao livro, vêmo-lo afrontar a legenda do próprio destino, dizendo:

 
Azul da minha alma como a lagoa viva
canta a música do sol e as folhas novas
banha-te na amplidão de um pensamento
ou no curto espaço do raio desviado.

Penetra, azul, no infinito deste céu macio,
aproxima-te da terra bafejada pelos ventos
ou vela a pedra que o frio embalsamou.
Desce ao abismo alegre das águas
e descansa sobre as transparentes algas da fantasia.

Cobre teus olhos de aroma ou cálices de flor,
nos teus braços estende as lianas frescas,
no teu corpo sadio desprende o véu da manhã
ah! - e não calces nunca teus pés antes da primeira dor.

Mas se te detiveres ante a onda tumultuosa
ou percorreres o deserto do descontentamento,
não voltes nunca um olhar para o passado,
não sintas nunca a vida que findou.

Toma o teu roteiro claro e definido,
tua estrela jovem como botão de rosa
e espalha nos lábios um franco sorriso,
no coração a eterna e pura juventude
e caminha assim sem jamais duvidar.

Tua estrada é áspera como a da folha agreste,
teus dias enevoados como as horas de agonia,
mas tua sina é mais bela do que a violeta
no desabrochar feliz da manhã de primavera!

Nasceste, azul, para festejar a natureza,
para vibrar na paisagem desfalecida,
para vagar ébrio como os perfumes no ar.

Tua sina é cantar!


Mas o Sr. Elcio Xavier, que possui esta coisa perigosa que é uma grande riqueza verbal, aliada a uma prodigiosa capacidade de inventar imagens, não canta apenas o azul da sua inspiração, mas todas as cores do Universo, desde as verdes colinas, até a pompa rósea e refulgente, bem como as campinas roxas, os céus em fogo, a poeira azul, a chaga escura e o negro sol.

 
Neste mundo tão intensamente colorido, tudo se abre para a natureza e os seus segredos - e este poeta lírico, que tão bem sabe falar do vento e das trevas, consegue uma nota pessoal e estranha, tocada de não sei que ingenuidade, que dá a sua poesia um aspecto inédito entre nós. Algumas vezes, e de longe, lembra o Sr. Augusto Frederico Schmidt: - é que a compreensão da Poesia que o Sr. Elcio Xavier tem, assemelha-se à revelada pelo cantor da "Estrela Solitária". Para ambos, o poeta, destinado a uma missão superior, possui um caráter excepcional e divino.


Não sei qual a experiência que este jovem poeta tem da vida e nem qual o seu exato conhecimento das coisas. Mas julgo que, possivelmente, não ignora ele que o verdadeiro quinhão do poeta neste mundo, qualquer que seja sua maneira de pensar, é o sofrimento. Renegá-lo seria trair o que de mais íntimo e belo existe dentro de si. Renegá-lo seria mutilar uma personalidade que nunca poderia vicejar amplamente noutros terrenos da vida. Gostaria, no momento de fechar este artigo, saudar no poeta que acaba de estrear, um autêntico valor da moderna Poesia Brasileira. É que "O Véu da Manhã" parece-me conter realmente algo destinado a marcar o seu aparecimento como um dos acontecimentos literários dos últimos anos
".







O DISCURSO DE ELCIO XAVIER



"Boa noite, amigos e amigas!

É gratificante para mim ver este auditório repleto para um evento tão singelo: a entrega da segunda edição de um velho livro meu já esquecido no tempo.

Devo ressaltar que esta agradável reunião se deve ao persistente trabalho de persuasão do dinâmico Dr. Gino Bastos, superando os obstáculos que lhe antepus, sobretudo, o de rever meu passado de atividade literária.

Dessa batalha nasceu a segunda edição de "O Véu da Manhã". A este prêmio acrescento dois fatos relevantes:

1o.) a oportunidade de estar em Bom Jesus, neste templo da cultura - o antigo Colégio Rio Branco - hoje o vitorioso Espaço Cultural Luciano Bastos, que engrandece e valoriza de maneira altamente expressiva a tradição cultural de nossa cidade, e me apresentar aos meus conterrâneos, relembrando aquele tímido professorzinho-aluno do Instituto Euclides das Cunha;

2o.) o ensejo de esclarecer que a saída de minha terra natal naquele longínquo ano de minha mocidade, foi imposta pela necessidade de obter o certificado de reservista, sem o qual estava impedido de trabalhar. Vale lembrar que eu partira para meu exílio, mas levara comigo o puro amor da mais bela, mais culta e mais inteligente jovem bonjesuense: Gedália, professora brilhante, poetisa de grande inspiração, por quem clamo incessantemente.

Deixei esta cidade para uma ausência de dez meses, que se prolongou por três longos anos, em decorrência da Grande Guerra, retido no Forte de Copacabana. A saudade era cruel e nos transformara - Gedália e eu - em especiais autores de cartas, belas cartas, que ainda hoje me comovem e emocionam.

No Forte encontrei uma excelente biblioteca que me enchia as noites de um marulhar monótono e sem fim. Ali fiz bons amigos, também saudosos de suas terras, que me levaram aos sebos cariocas, grandes feiras de bons livros. Ali escrevi meus primeiros versos.

Em dezembro de 1944, após o término da Guerra, incluíram-me na primeira exclusão do contingente do quartel. Ocasião em que recebi a oferta de um emprego que me permitiria cumprir no Rio de Janeiro as juras de amor eterno com minha alma gêmea. Meu caminho no mundo das letras seguia com abundante produção e a convivência com amigos cuja amizade o tempo só reforçou.

Em 1945 já dispunha de dois livros montados, que transformei no "O Véu da Manhã". Publicá-lo foi muito difícil... sem recursos financeiros, amealhei por anos o capital para a primeira edição, que circulou em 1951, com ótima repercussão. O segundo, "Rosaquarium", fez parte da coleção de livros de poesia, conto e teatro, impressos em prelo manual, na sede da Revista Branca, grupo especial ao qual estive ligado por vários anos e onde fiz um círculo de amigos de grande fidelidade. Uma severa autocrítica me transformou em um poeta bissexto, reduzindo drasticamente minha produção, mas não impedirá que ainda lance meu novo livro.

Para concluir, reitero meu agradecimento ao dr. Gino e à sua irmã, dra. Cláudia, pela galhardia com que me receberam. Deixo também meu abraço fraternal ao Dr. Ayrthon, à Dra. Neumar, à Dra. Nísia, especiais membros da cultura bonjesuense e brasileira, assim como meu pleito de amizade e admiração pelos amigos não menos importantes Athos e Delton, bem como a outros autores de minha terra que escapam à minha velha memória.

Junto ao meu livro vocês receberão também o livro da minha filha Raquel, há dois anos longe de nós. Jornalista, professora de Inglês/Literatura, poetisa, contista premiada e, nas horas vagas, pintora de reconhecida inspiração, ela nos deixou este livro - "Alma Inquieta" - que é a história fiel do tormento que lhe causou sua grave doença, o lúpus eritematoso, que ora a deixava plena de alegria, seu temperamento normal, ora em profunda depressão.

Agradeço a presença de todos, pedindo desculpas pelas falhas de minha memória nonagenária".         








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