Foram memoráveis as noites dos dias 6 e 7 de agosto, no ECLB (Espaço Cultural Luciano Bastos), dando início à maratona cultural do 6º Circuito Cultural Arte Ente Povos em Bom Jesus do Itabapoana.
No dia 6, ocorreu o lançamento histórico do cd "Bom Jesus de Corpo e Alma", em comemoração aos 25 anos do Grupo Amantes da Arte, produzido pela Editora O Norte Fluminense dentro na Coleção Músicas Bonjesuenses.
O Grupo canta 12 (doze) canções tradicionais de Bom Jesus, entre as quais a Marcha a Bom Jesus, de Salim Darwich Tannus, que é conhecida como o Hino de Bom Jesus do Itabapoana, Rio de Minha Terra, de Oliveiro Teixeira, Tertuliana Simão Teixeira (Zita) e Ana Maria Teixeira Baptista.
Integra o cd, também, o Hino da Alva Pomba, composição de Padre Delgado, da ilha de São Miguel, Arquipélago de Açores (Portugal), do século XIX, trazida por Padre Mello e incorporada à Festa do Divino.
Pode-se dizer que o corpo e a alma de Bom Jesus têm voz.
Ana MariaTeixeira Baptista: a idealizadora do Amantes da Arte |
Nestas noites memoráveis, o artista bonjesuense Gerson Carlota apresentou, no pátio do ECLB, seus admirados desenhos.
O artista bonjesuense Gerson Carlota foi, mais uma vez, destaque do Circuito Cultural |
O brilho de Anderson Brandão |
OS LIVROS LANÇADOS
Dois Pontos: Pontuando o viver
Pontuando a mim mesmo
A respeito da obra de Adilson Figueiredo, a poeta Beatriz Escorcio Chacon assinalou que "o lirismo é o tom marcante neste livro aberto. Pinta manhãs, madrugadas, muitas tardes. É o aconchego: flor vermelha na sala, luar na janela, alegria saborosa do chá e do pão, um simples guardanapo, o café!". Ao final, arremata: "Adilson se entrega à aquarela pulsante no lar e nas cidades".
O poeta Paulo Roberto Cecchetti, membro da Academia Niteroiense de Letras e idealizador do movimento cultural Escritores ao ar Livro, registrou, por outro lado, que "só os poetas iluminados aparecem assim.../ ágeis e leves./ Levam a gente para os saberes do coração/.../Alma aberta/Descobertas".
Adilson Figueiredo |
Adilson Figueiredo e Fátima Marotta Henriques, diretora da Casa de Oliveira Viana, de Niterói (RJ) Obras Selecionadas de Padre Mello |
O segundo livro lançado na noite, foi "Obras Selecionadas de Padre Mello", que pretende dar início ao resgate da vida e obra do pároco português, que o escritor bonjesuense Delton de Mattos reconheceu ser "um gênio da civilização e da cultura".
Gino Martins Borges Bastos apresentou o livro "Obras Selecionadas de Padre Mello" |
Dra. Nísia Campos compôs a mesa, pois foi a primeira escritora a publicar um livro sobre Padre Mello. Nesta obra, a autora procurou registrar depoimentos de pessoas que conviveram com Pe. Mello, o que faz da obra um importante trabalho histórico.
Dra. Nísia Campos foi a primeira a lançar um livro sobre Padre Mello |
AS PEÇAS DE TEATRO
Os Cavalos de Zebinho
Em seguida, foram apresentadas duas peças de teatro: "Os Cavalos de Zebinho", escrita por Padre Mello, em 1926, e "De repente, vozes", de Norberto Seródio Boechat, que compõe o livro "Escritos de Lembranças".
Todos os artistas são de Guaçuí (ES) e realizaram interpretação impecável, que valeu, ao final, aplausos de pé.
Os Cavalos de Zebinho foi interpretada por João Paulo Rodrigues, Jamila Correa, Alessandro Vaillant, Carlos Daniel Pereira e Indianara Raymara.
Os Cavalos de Zebinho, de Padre Mello
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De repente, vozes
Em
seguida, os jovens Bianca Gonçalves e Hyago de
Paula, continuaram a encantar o público com a peça "De repente, vozes",
de Norberto Seródio Boechat.
De repente, vozes, de Norberto Seródio Boechat: atuação magistral de Hyago e Bianca |
A artista Bianca Gonçalves |
CIRCUITO
CULTURAL ARTE ENTRE POVOS
AQUECIDO PELO PASSEIO CULTURAL Lucília Stanzani
Lucília Stanzani (centro), ladeada por Georgina dos Santos, presidente da Associação dos Amigos do Memorial Governadores Roberto e Badger Silveira, e Cintia Nunes, diretora do Memorial |
No dia 08 de agosto
de 2015, por ocasião do 6º Circuito Cultural Arte entre Povos, surgiu a
oportunidade de conhecer um pouco mais dos encantos do município de Bom Jesus do
Itabapoana.
O Circuito Cultural
Arte Entre Povos, iniciativa ímpar, que teve sua abertura no dia 06 de agosto
no Espaço Cultural Luciano Bastos, nos remete a um método simples e evoluído de
cultivar e resgatar memórias, trazer à baila pensamentos de união, fraternidade
e solidariedade através da cultura e integração pura e simples dos artistas participantes,
colaboradores e público presente.
Grupos distintos de pessoas aglutinadas, unidas
por um ideal de amizade entre todos os povos, partem em busca da realização de
um projeto que passou a ser sonhado junto para pouco a pouco tornar-se
realidade.
Minha oportunidade, quase
interrompida por um inconveniente, foi estar somente no dia 08, fato este que não
me derrubou, haja vista a grande expectativa de receber o calor humano
existente no Sítio Rio Preto, onde, no ano passado, foi lançada a pedra
fundamental do Memorial dos Governadores Roberto e Badger Silveira.
Assim, pela
comemoração de um ano do memorial, fomos recepcionados com um belíssimo almoço,
com comidas típicas do interior desse nosso Brasil, feitas por mãos amorosas de
sábias e dedicadas senhoras sob o comando de Dona Georgina. Além disso, o carinho
e dedicação dos membros da Associação do Memorial foi demonstrado não somente
pelos gentis sorrisos estampados logo na chegada, ao som de boas-vindas, mas
também, pela agradável disposição de mesas e decoração, demonstrando o carinho
com que tudo foi organizado sob a supervisão de Cintia Nunes, Diretora do Memorial.
A união, já exposta
na chegada, foi mais uma vez observada na tenda onde foram expostos e vendidos
produtos da terra, bem como trabalhos manuais, execução de mãos habilidosas que
delicadamente tecem, bordam, costuram e fazem o lar ficar mais doce. E que
grande variedade de doces!
Emoção foi o momento
de resgate da memória do passado para alguns dos presentes que, ao se depararem
com um pilão de fazer paçoca, voltaram a ser crianças. Minha mãe, uma destas, contou-nos
de sua infância, reviveu os momentos, fazendo ali seu regresso ao passado,
época, como disse ela, em que pilar era trabalho sempre voluntário das
crianças, que podiam ver a casca do arroz sair, sentir o cheirinho do café ao fazer
o grão virar pó, e, no auge de seus 78 anos, vê com importância o resgate da
memória, e se pronuncia: “hoje, as facilidades afastam as pessoas. Naquele
tempo, podíamos brincar até na hora de pilar um arroz, e tudo era uma festa da
família”.
Embalados pela suave
voz da Cantora Chilena Vasti Michel, cantamos e nos alegramos durante o almoço
de confraternização.
O
ponto alto deste
incrível dia foi a chegada do grupo de Caxambu Alegria de Viver, da
Comunidade Quilombola de Vargem Alegre - Cachoeiro de
Itapemirim (ES), e a mestra,
Canuta Caetano, a Dona Canutinha, que nos contou como foi que sua avó,
Estelita Maria da Conceição Caetano, saiu de Vargem Alegre – região de
Pirapetinga de Bom Jesus, ainda escrava, vendida para
amamentar os
filhos de fazendeiros na comunidade de Alto São Vicente (Cachoeiro de
Itapemirim- ES). Lá, conheceu o Sr.
Canuto, escravo ‘forro’, casando-se, originando assim, a família que
hoje
habita a região e mantém a tradição do Jongo – Caxambu.
Fazendo uma analogia,
foi um belo resgate histórico do Caxambu Alegria de Viver, que alimentou de
energia os presentes, com cantoria e danças, recuperando um fio quase perdido
da história, transformando a sordidez do passado, que levou a mulher Estelita à
venda para alimentar com seu leite materno os filhos de fazendeiros, em alegria
de viver.
O Caxambu é uma
herança cultural transmitida por gerações em que, na maioria dos casos, está
inserida no interior dos núcleos de parentesco, com suas raízes nos saberes,
ritos e crenças dos povos africanos, especialmente de Angola. Não se refere
apenas à dança, mas também às cantigas que o acompanham, muitas vezes com uma
linguagem metafórica, que serve para transmitir mensagens, podendo ser cantado
e tocado de diversas formas, dependendo da comunidade que o pratica.
Extasiados pela presença
marcante do Alegria de Viver, seguimos em caravana para continuidade de um
passeio cultural pelas cercanias da localidade.
Agora, em Arraial Novo, onde
foi inaugurado o Memorial Coronel Quinca Bento e Padre Antônio Alves de
Siqueira. Lá fomos recepcionados por familiares e amigos dos homenageados que,
emocionados, agradeceram ao organizador e a todos os presentes pela oportunidade
de resgatar a memória familiar.
Seguimos em caravana
cultural para o Museu da Imagem de Pirapetinga de Bom Jesus. Maria Lúcia Seródio Boechat, a Lucinha,
administradora do museu, nos recebeu com carinho, lanche e poesias no lindo Museu
de Imagem, com 21 anos de existência.
Pontuo aqui a
descrição do meu dia, para, num breve relato, evidenciar que a Caravana do
passeio Cultural é uma das etapas do Circuito Cultural em Bom Jesus do
Itabapoana. Minha participação, iniciou-se no ano de 2012 e, com isso, pude
perceber o quão importante é o trabalho conjunto. São agrupadas pessoas que se
disponibilizam a levar em seus veículos todos os que quiserem participar,
aquecendo a integração entre conhecidos e desconhecidos.
Desta forma, com a
caravana do passeio cultural, o Circuito Cultural Arte entre Povos, além de
apresentar manifestações culturais como arte pronta, seja ela visual, falada ou
através da musicalidade e oficinas, passou também a colaborar para o crescimento
turístico da região, fortalecimento de amizades e integração regional, pois, a
cada novo passeio, novos integrantes vão se juntando, e com grande entusiasmo
podem participar e colaborar ativamente com o projeto idealizado a partir de
Bom Jesus do Itabapoana e que, esperamos cresça a cada ano contribuindo para
uma sociedade mais humanizada.
Todo
o dia foi de entusiasmo, o que me faz recordar por instantes o texto escrito
por Padre Antônio Francisco de Mello, conhecido como Padre Mello, na obra Vitória do Gênio, que peço licença para
citar duas estrofes, que, como todo o texto, descreve o espírito do desbravador:
do tormentoso mar navegadores,
esses que à Pátria como aos Evangelhos
deram com igual peito iguais amores,
se a terra vos aplaude o empreendimento
o céu vos abençoa e dá alento
na vida histórica dos povos traça
as linhas principais. Sois a sequência
dos bons representantes desta raça.
Pedro Álvares e Gama abriram mares,
Vós um novo caminho abris nos ares” (Padre Mello)
Lucilia
Ribeiro Stanzani
Advogada
Cachoeiro
de Itapemirim (ES)
Colaboradora
do Circuito Cultural Arte Entre Povos
Foi um prazer enorme ter podido participar dessa noite memorável!
ResponderExcluirSempre de parabéns Os Amantes da Arte! Excelente a apresentação de teatro!
ResponderExcluirFoi gratificante participar do lançamento do livro do amigo Adilson Figueiredo.
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