sábado, 10 de abril de 2021

Os 91 anos de Toninho do Tupy

   Toninho do Tupy e seus famosos bonecos

Toninho do Tupy, cujo nome é Antônio Francisco de Paulo, completou 91 anos no dia 8 de abril passado. Ele nasceu na rua Guilherme Mathias, em Bom Jesus do Itabapoana. Teve 6 irmãos: Geraldo, José Carlos, Maria José, Neném, Odete e Aidê.

Depois da 2a. Guerra Mundial, Toninho mudou-se para o lado capixaba, onde seu pai, João Adão de Paulo ("João de Dão"), conseguiu uma casa, indo nela morar juntamente com sua mãe Rosa Maria da Conceição.



Conta Toninho que onde hoje funciona o SICOOB, estava estabelecido antigamente o prédio do Armazém Capixaba, de propriedade de José Mansur. Nos idos de 1958, Toninho, juntamente com Benedito Ramos, o Taioba, e Eron Tardin alugaram o prédio para criarem a ESCOLA UNIDOS DO SAMBA.

Posteriormente, quando Toninho disse a seu pai a respeito do desejo de adquirir uma casa na rua dr. Manoel da Silva, onde mora atualmente, em Bom Jesus do Norte, também de propriedade de José Mansur, o mesmo desaconselhou-o: "Você vai passar vergonha!". Mas outras pessoas o aconselharam a prosseguir em sua ideia. Havia, contudo, outro comprador interessado em adquirir a casa: "era João Alves, mas José Mansur deu preferência a mim, e fiquei pagando 80 contos por ano". Depois que Toninho perguntou a José Mansur a respeito de "qual fiador iria querer?", José Mansur respondeu: " Quem é filho de João de Dão não precisa de avalista!". Toninho se recorda que "fiquei com as pernas tremendo, de tanta responsabilidade".

José Mansur não costumava fornecer qualquer recibo, uma vez que a relação entre ambos era baseada na confiança mútua. Em 1961, José Mansur faleceu.

Posteriormente, o seu filho Adib, chamou-o e lhe disse: "embora meu pai não tivesse dado recibo a você, ele registrava tudo no livro. Observo aqui que só faltam duas parcelas. Mas você só precisa pagar uma. A outra eu lhe dou de presente para pagar as despesas". Ao final, Toninho acabou ainda entrando como "herdeiro de José Mansur para facilitar a escritura". Foi a partir daí que resolveu mudar-se para sua atual residência.

Toninho costumava ir sempre ao Rio de Janeiro, oportunidade em que marcava presença constante no "Clube Tupy", localizado na Rua Tiradentes. Foi inspirado neste agremiação que Toninho deu nome ao Clube que fundou, com localização no prédio contíguo à de sua residência. "Comprei a parte de Erlan e de Benedito, do Unidos do Samba, e mudei-me para esta casa. Mais tarde, abri o clube para os sócios contribuintes. A ata de fundação do Tupy Dancing Club foi feita pelo Dr. Luciano Bastos".Toninho se recorda, ainda, do apoio que sempre teve de "Zezé Borges, José Carlos Pereira Pinto, Jorge Assis de Oliveira, Sá Tinoco,  dr. Manuel Pereira das Neves e José Carlos Pereira Pinto", completa.

Toninho se recorda que pelo Tupy passaram várias orquestras, como a de "Cícero Ferreira, Parnaro de Muriaé e Samuel Xavier e Orquestra, além de outras de Campos dos Goytacazes".





BONECOS DO TUPY

Em relação aos famosos Bonecos do Tupy, Toninho diz que, em 1958, "foi um nordestino de pré-nome Rubens que veio visitar um compadre de pré-nome Bedenor. O compadre veio para a casa de Bedenor e, com a ideia de construirem bonecos gigantes para desfilarem no Carnaval, arranjaram material e fizeram juntos, na rua Carlos Xavier, dois desses bonecos: 1) Careca Barrigudo e 2) Boneca. O fato é que os bonecos foram um sucesso na Unidos do Samba e deram o início à tradição. Depois os bonecos aumentaram para seis. Construí também outro Boneco que fez grande sucesso, conhecido como 'Mula Rosada' ". Foi assim que Toninho aprendeu a fazer os bonecos, integrando a cultura nordestina à da região.

Posteriormente, pesquisadores da FAOP (Fundação de Artes de Ouro Preto -MG), com o apoio do SEBRAE, ministraram a Toninho e outros artesãos uma oficina para aperfeiçoarem a técnica  de fazer Bonecos Gigantes

Hoje, Toninho é reconhecido como artesão especialista em construir Bonecos Gigantes utilizando material reciclado.


                          André Luiz de Oliveira, em nome de O Norte Fluminense, acertou com Toninho do Tupy o retorno dos bonecos ao carnaval de 2017, organizado pelo secretário de cultura Raul Travassos


PERSEGUIÇÃO AO CLUBE

O Tupy funcionou, sem qualquer problema, por cerca de 3 a 4 anos. "Foi a partir daí que a Polícia começou a perseguir o Clube". Por este motivo, "o dr. Luciano Bastos sugeriu que eu registrasse o clube". Toninho chegou a ir até à casa do Promotor de Justiça reclamar da perseguição e levou consigo o estatuto do clube. O Promotor orientou-o a que, "quando a Polícia fosse lá, dissesse que era para irem, primeiramente, à Promotoria de Justiça".

 Toninho se recorda indignado que, certa vez, a Polícia entrou no Tupy e "prendeu as dançarinas. Acusaram-nas de vadias. Além disso, disseram que havia menores e que haveria quartos para alugar. Por este motivo, fecharam o clube".

Toninho resolveu, então, ir "até o Juiz de Direito em São José do Calçado e denunciou que, se haviam fechado o Tupy pela suposta presença de menores, havia também menores nos bailes do Centro Cívico, mas ninguém em Bom Jesus do Norte falava nada". O juiz teria respondido que "o negócio é com o Promotor. Fale com o Promotor". Segundo Toninho,  um "Desembargador de Vitória mandou investigar o que estava acontecendo e, ao final, pude reabrir o Clube".

"Cheguei a enviar carta denunciando a arbitrariedade ao presidente João Figueiredo e ao Secretário de Segurança", diz Toninho.

Segundo Toninho, tudo não passou de "perseguição". Toninho lembra  que convidou o Promotor de Justiça a vistoriar as dependências do Clube e verificar se haveria quartos para alugar. "Depois que constatou que não havia nada de ilícito, o Promotor passou inclusive a ser meu amigo. Foram quatro anos de perseguição!", desabafa Toninho.

           Phillip Johnson entrevistou Toninho para um documentário


As atividades do Tupy ficaram paralisadas  uma vez que o Clube ficou  sem teto, "por causa do cupim". Toninho chegou a colocar as ferragens para reerguer os pilares de sustentação."Se as pessoas ajudassem, seria possível reinaugurar o Tupy", acrescenta. Após a entrevista, O Norte Fluminense recebeu notícia de que o referido prédio teria sido vendido, encerrando o sonho de restabelecimento do Tupy.

"As pessoas, ainda hoje me perguntam: Por que acabaram com a tradição dos famosos Bailes do Tupy?" Toninho tem "saudades dos áureos tempos da Festa de Agosto. Mas não sou só eu", finaliza.



Em 2017, o jornal O Norte Fluminense acertou com Toninho do Tupy o retorno dos bonecos ao carnaval daquele ano.  Além disso, patrocinou um documentário sobre Tononho. Resgatou-se, assim uma tradição importante de nossa cultura.




2 comentários:

  1. Que estória linda, Andrezinho!!! Parabéns ao Sr. Toninho do Tupy, um grande abraço!!!

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  2. Um sonho jamais acaba meu amigo Toninho Um grande abraço do amigo de hoje e sempre.Aylton Cotts

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