terça-feira, 6 de julho de 2021

FRANCISCO DAS CHAGAS DE OLIVEIRA FRANÇA

 

Desembargador Antônio Izaías da Costa Abreu


Francisco das Chagas de Oliveira França era natural da Província de Minas Gerais, tendo nascido, provavelmente, nos primeiros anos do século XIX. Em 1830, já encontrava-se no Rio de Janeiro, dirigindo o jornal “O Tribuno do Povo”, órgão direcionado aos princípios liberais de combate ao absolutismo monárquico.

Participou de forma atuante na Noite das Garrafadas do movimento eclodido no Rio de Janeiro, entre brasileiros e portugueses, em 15 de março de 1831. No mesmo ano, D. Pedro I estava sendo alvo de movimentos liberais republicanos e ficou sem alternativa a não ser abdicar do trono em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara. Após a abdicação, Francisco das Chagas de Oliveira França, pouco permaneceu na Capital do Império, tendo retornado à Província de Minas Gerais, de onde era natural.

Nas Gerais, Francisco Chagas percebeu não ser mais compensadora a extração aurífera e vislumbrou uma nova fonte de riqueza que surgia no Brasil: a cultura do café e, em busca desta, centenas de mineiros migraram com suas famílias para a província fluminense. Assim, ele também partiu para a região, que já contava com uma população considerável, porém dispersa pela vasta área, e se ressentia da ausência de um núcleo urbano que pudesse proporcionar assistência social, educacional e religiosa, ou seja, um arraial.

Ninguém melhor que Francisco Chagas, homem culto e de grande visão, para se colocar à frente de tão arrojado empreendimento. Das terras que adquiriu destinou trinta alqueires geométricos para a edificação de uma capela em louvor à Santa Rita de Cássia, um cemitério e um arraial. Esse primeiro projeto de um núcleo urbano veio a dar origem à cidade de Bom Jesus do Itaboapoana, cuja emancipação –se deu por meio do decreto nº 150 de 24 de novembro de 1890. As criações do município e da comarca se deram em 6 de julho de 1891, por meio do decreto n. 280 e as respectivas instalações, em 15 de agosto de 1891. Entretanto, tudo foi extinto com o decreto n.8, de 19 de dezembro de 1891. Quase meio século depois é que o município de Bom Jesus do Itaboapoana ressurge, com o decreto n. 633, de 14 de dezembro de 1938 e, a reinstalação da comarca ocorreu em 31 de dezembro de 1943, com a edição da Lei n. 1056.

Pelo que consta, em 1855, aquele templo em louvor de Santa Rita de Cássia já se achava concluído, visto que Maria, filha de Carlos Rodrigues Firmo e Maria Madalena Figueiredo Firmo, e neta do alferes Silva Pinto nele recebeu o sacramento batismal.

Francisco Chagas se tornou um dos mais importantes cafeicultores da região e um forte comerciante, tendo acumulado considerável fortuna, o quer pode ser comprovado por meio de pesquisas realizadas nas publicações do Almanaque Laemmert, editado (1844 a 1884).

Importante mencionar que, por ocasião da epidemia do cholera morbus que grassou na região, eliminando a metade da população, Francisco Chagas fez, em sua fazenda, um bem montado hospital e o colocou à disposição das autoridades de Campos para tratamento dos doentes, fato notório nas províncias fluminense e do Espírito Santo.

Francisco Chagas e sua mulher encontram-se sepultados no cemitério por ele criado. Não foi localizada a data de seu falecimento, no entanto é certo que ocorreu após 1875.

O capitão Francisco Chagas viveu com bravura, honradez e dignidade, virtudes que pontuaram a sua existência.

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