domingo, 29 de dezembro de 2024

"JUÇARA: A MÃE DISCRETA E PODEROSA DA MATA ATLÂNTICA", por Fábio Alexandre Miranda de Sousa

 


Este é meu pé de Juçara. Fica no meu quintal. Este é um tempo chuvoso. Eu, literalmente, estou ficando velho. Por isso aprecio a chuva e o Juçara. Eu cresci vendo esses pés de coco no quintal… Não me importava muito com eles… Mas agora, depois de meio século, eu os nomeio mães da Mata Atlântica. 

Essa planta é uma maravilha! Parente do açaí (dá sim para fazer suco da fruta madura, meu padrinho já fez até vinho), ela tem os seguintes poderes: não cai (só se derrubar), portanto não oferece risco à construções; é de uma resistência absurda às condições climáticas (prefere os brejos, mas resiste à seca muito bem); não provoca sombra significativa; atrai as mais diversas aves quando dá frutos: quase todos eles engolem o caroço inteiro e a dispersam sua semente pelas fases (com exceção das maritacas que roem os frutos) além de, ao chegarem, dispersam as mais diversas sementes de outras frutíferas. Ah, ainda produz um uivo muito característico (às vezes assustador), quando sob os ventos fortes.

Pelo fato de atrair aves que a dispersam e que dispersam as outras sementes ao seu redor, sendo uma fonte de alimento segura para estas e outros animais (roedores que comem no solo), nas estações de escassez, é que eu digo que merece o título de mãe da Mata, lembrando-me do verso de Djavan, que aponta o açaí como guardião, seu parente Juçara, nestas matas aqui, também merece a honraria.

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