domingo, 9 de novembro de 2025

O desenvolvimento da parte alta de Calheiros promovido por descendentes de italianos

 

Retorno do jornal O Norte Fluminense após 13 anos

"Nasci no café" (Francisco Ridolphi Degli Esposti)

 Degli Esposti significa ‘abandonado" (Professor Paulo Ridolphi Degli Esposti)

Francisco Ridolphi Degli Esposti, seu filho Mathias José Souza Degli Esposti, Paulo Fernando Degli Esposti Ridolphi, Júlio Cesar Degli Esposti Ridolphi com André Luiz de Oliveira e Paulino José Rocha de Souza



O jornal O Norte Fluminense retornou à Fazenda Santa Rita, na parte alta de Calheiros, terra dos ex-governadores açordescendentes Roberto e Badger Silveira, após treze anos. O reencontro com a paisagem e com as histórias locais reacende a memória das reportagens de 2012, quando foram publicadas as matérias “Café brasileiro com pão italiano de Calheiros” (25 de junho) e “Uma saga italiana em Bom Jesus do Itabapoana” (22 de julho).

Naquele tempo, a objetiva do jornal registrou Francisco Ridolphi Degli Esposti e seu filho Mathias José Souza Degli Esposti, ainda criança (ver foto abaixo). Desta vez, ambos estavam acompanhados de Paulo Fernando Degli Esposti Ridolphi, Júlio Cesar Degli Esposti Ridolphi e do professor Paulo Ridolphi Degli Esposti. Os descendentes das famílias italianas Ridolphi e Degli Esposti têm como patriarca o italiano Cesário Degli Esposti, cujo nome permanece vivo tanto nas narrativas familiares quanto nos sulcos dos cafezais que atravessam gerações.

A Fazenda Santa Rita mantém, como batimento constante, a cultura do café, que segue sendo a grande vocação da região. Ao redor, o gado pasta com a calma que o relevo permite, e outras culturas surgem como notas secundárias de um mesmo compasso rural. A agropecuária continua sendo o eixo econômico local, e o café, seu brilho mais intenso. As boas práticas de cultivo, como o adensamento do cafeeiro arábica, ampliam a produção sustentável e elevam a renda dos produtores, consolidando a região como ponto turístico reconhecido por suas plantações. A bovinocultura de corte e leite, forte em toda a área, complementa essa paisagem produtiva.

Nos últimos anos, desponta também o cultivo de cacau, enquanto culturas de menor escala, cana-de-açúcar, aipim, hortaliças e frutas como banana e abacaxi, alimentam a agricultura familiar e diversificam o horizonte agrícola da comunidade.

Quem vive aqui afirma, quase em uníssono, a satisfação de permanecer neste território onde o tempo corre sem pressa, e a vida se desenrola com dignidade e tranquilidade. "Aqui ninguém pensa em morar na cidade", afirma Francisco, com um modo de se expressar orgulhoso.

Os sinais de prosperidade surgem discretos, mas firmes. A pequena Capela de Nossa Senhora de Lourdes, elevada em 2023 à condição de Paróquia Pessoal de Nossa Senhora de Lourdes, arrecadou cerca de três toneladas de produtos agrícolas em setembro passado, destinadas ao Abrigo dos Velhos José Lima, gesto coletivo que revela a força social da região.

Após as fotos, o jornal O Norte Fluminense retorna às palavras e imagens publicadas há treze anos, resgatando fragmentos da memória local.








André Luiz de Oliveira e o Professor Paulo Ridolphi Degli Esposti



Igreja Matriz da Paróquia Pessoal de Nossa Senhora de Lourdes, erguida entre o café e o sopro verde da mata


Café brasileiro com pão italiano de Calheiros

25 de junho de 2012

Os italianos que aportaram no Brasil no final do século XIX vieram, em grande parte, para trabalhar nas lavouras de café. Na Fazenda Santa Rita, em Calheiros, essa história permanece viva na figura de Francisco Ridolphi Degli Esposti, descendente das famílias Ridolphi e Degli Esposti. Neto de Cesário Degli Esposti e filho de Geraldo e Antônia Degli Esposti, Francisco vive do café ao lado da esposa Terezinha de Fátima Degli Esposti e dos quatro filhos: Maria Mabiani, Matias, Jeanna Bernadete e Gabriela de Lourdes.

“Nasci no café”, afirma, enquanto prepara os grãos recém-colhidos no terreiro em frente à casa. Ele relata sua participação, desde o ano anterior, no projeto Bule Cheio, do Ministério da Agricultura, que impulsionou a produção e elevou a qualidade do café: “Antigamente não fazíamos análise do café; agora mudamos até a técnica de plantio, e os resultados aparecem.”

Culinária italiana

A reportagem adentrou a casa da matriarca Maria Ridolphi, filha de Prudência Capacci e do italiano Fernando Ridolphi, para provar o café da fazenda e o autêntico pão italiano.
Conta-se que os deuses, ao oferecerem o ambrósio a um mortal, despertavam nele uma felicidade profunda. A degustação do café e do pão preparados por Terezinha e Penha Degli Esposti, sob a orientação de Maria, permite imaginar que um fragmento desse manjar divino foi preservado ali: o pão italiano da Fazenda Santa Rita, herança saborosa que atravessa o tempo.


Uma saga italiana em Bom Jesus do Itabapoana

22 de julho de 2012

Subindo a serra, chega-se à Fazenda Santa Rita, onde se encontram descendentes das famílias Degli Esposti, Ridolphi, Bompani e Capacci. Segundo relata o professor Paulo Ridolphi Degli Esposti, seus bisavós italianos, Carlos Degli Esposti e Maria Bompani, vieram de Crespelano, província de Bolonha. O avô, Cesário Degli Esposti, também italiano, casou-se com Ernestina Bondrini e chegou ao Brasil ainda criança, em 1897, no navio Agordat, acompanhado dos irmãos Terezinha e Augusto.

Instalaram-se inicialmente na Fazenda Pavão, perto da Braúna, e depois em Independência e São Benedito, localidades de Água Limpa, distrito de Calheiros.

Na casa da Fazenda Santa Rita, onde café, milho, leite e ovos sustentam a rotina, vivem Paulo, sua mãe Maria Ridolphi Degli Esposti, e os irmãos Penha Ridolphi Degli Esposti, Filomena Catarina Degli Esposti, Lúcia Ridolphi Degli Esposti e José Francisco Ridolphi.

Maria, nascida em 29 de agosto de 1929, é descendente dos Capacci. Lembra-se dos avós italianos, embora admita que “ninguém entendia o que eles falavam”. Seu relato preserva o fio da memória imigrante que ainda pulsa na região.

Paulo estudou a origem da família e registrou sua história. O  jornal O Norte Fluminense transcreve trechos autorizados desse documento:

“Carlos Degli Esposti nasceu na Itália. Foi criado em orfanato e não conheceu pai nem mãe. Aos que eram criados no orfanato, dava-se um sobrenome: Degli Esposti significa ‘abandonado".

Carlos era casado com Maria Bompani. Ambos eram de Crespellano, província de Bolonha. Migraram para o Brasil desembarcando no Rio de Janeiro em 2 de julho de 1897, no navio Agordat, com os filhos Augusto, de sete anos; Teresa, de quatro; e Cesário, de dois. Todos nasceram e foram batizados na Paróquia de Crespellano.”


Fotos das matérias publicadas no jornal O Norte Fluminense, "Café brasileiro com pão italiano de Calheiros" e "Uma saga italiana em Bom Jesus do Itabapoana", há 13 anos 

Francisco Rodolphi Degli Esposti e seu filho Mathias José Souza Degli Esposti

Maria Rodolphi 

Penha e Terezinha Degli Esposti: habilidade italiana na cozinha

Os deliciosos pães italianos 


Paulo Ridolphi Degli Esposti e uma antiga máquina usada para formação de mudas de café, na Fazenda Santa Rita

No dia 07/07/1897 o navio Agordat partiu de Genova, Itália, com destino ao Rio de Janeiro
     

O patriarca Cesário Degli Esposti e netas, na Fazenda Santa Rita, em 1975


A Tragédia Cultural de um País que Virou Pipoca

A Sofrida Derrota da Cultura Brasileira

Hoje só temos músicas que não enfrentam nada, não contestam nada, não protegem nada

Hoje, lamentavelmente, caminhamos por um Brasil onde as músicas parecem ter esquecido o próprio país.

Atravessam nossos ouvidos leves como espuma, sem carregar nada além de um brilho raso, feito pipoca que estoura rápido e some, um gosto que não alimenta, só distrai.

Enquanto isso, longe do nosso litoral e das nossas distrações tropicais, no Festival Internacional Intervision, a música brasileira canta a pipoca que estoura a dor enquanto a vietnamita diz que tem que escrever a história hoje, e vence a competição (as letras das canções brasileira e vietnamita estão ao final deste texto). 

O Vietnam canta sua história, sua dor, sua resistência.

Canta o amor pela nação como quem segura um bambu no meio da tempestade: firme, flexível, invencível.

E nós?

Nós, que desde o nascimento fomos banhados por um rio interminável de canções, flutuamos sem perceber que esse rio nunca correu livre.

Ele sempre foi canalizado, represado, desviado por mãos invisíveis, e outras muito visíveis, que decidiram o que merecíamos ouvir.

Essas músicas que tocaram nas rádios, nos programas de auditório, nas novelas, nos jingles de propaganda…

Todas elas formaram um grande guarda-chuva sobre nossas cabeças: um abrigo colorido, confortável, mas que nos impediu de olhar o céu.

Impediu que víssemos a chuva verdadeira, a chuva das questões urgentes, dos gritos abafados, das lutas não cantadas.

Durante décadas, gravar uma música no Brasil não foi um gesto íntimo entre o artista e sua arte.

Foi um pacto com o poder: o poder das gravadoras, dos produtores, dos programadores de rádio que decidiam quem merecia voz, e quem permaneceria silencioso.

Nada nunca foi espontâneo.

Nada nunca foi tão inocente quanto as melodias azuis que embalavam nossas noites de novela.

O sucesso, como sempre, foi arquitetado.

Moldado.

Minerado.

Pago.

Sim, pago, como se o gosto popular fosse uma conta bancária que pudesse ser abastecida com publicidade, repetição e persuasão.

Afinal, o que é uma música repetida cem vezes no rádio senão uma verdade inventada que a gente acaba acreditando?

E assim crescemos: ouvindo sem escutar, cantando sem compreender, aceitando sem escolher.

Hoje, quando procuramos canções de crítica social, consciência, indignação, encontramos repetições longínquas, quase fantasmas de um Brasil que um dia cantou sua fome, sua luta, sua utopia.

Agora, predominam canções neutras, leves, anestesiantes.

Músicas que não enfrentam nada, não contestam nada, não protegem nada.

Músicas que, no máximo, fazem companhia, mas nunca fazem pensar.

Quem sabe por isso o poema do bambu vietnamita soa mais alto: porque lembra que a música pode ser arma, memória, história, escudo.

Pode ser coragem.

Pode ser nação.

E talvez, só talvez, esteja nos faltando isso: músicas que não estouram e desaparecem, mas que finquem raiz.

Músicas que nos devolvam o céu que o guarda-chuva da indústria cultural escondeu.

Músicas que não tenham medo de dizer aquilo que, há tanto tempo, fingimos não ouvir.



Duc Phuc venceu o Intervision 




Seguem as letras das músicas brasileira e vietnamita
.


PIPOCA COM AMOR 

Taís Nader e Luciano Calazans


Todo dia María 

Se veste de alegria

Canta pra animar

Dança pra desestressar

Põe comida na mesa

se veste da certeza

que vai prosperar

pois vai trabalhar

Atô Nã 

Faz, ela faz

E faz mais, muito mais

Faz, ela faz

O que é que Maria faz?

Pipoca com Amor

Pipoca pra sonhar

Pipoca estoura a dor

Leva

Um Sopro de prazer

Pra a dor de um país

Um sonho de ser mais feliz



PHU DONG THIEN VUONG (herói vietnamita)

Duc Phuc


(Introdução)

Desde quando o bambu é verde?

A velha história há muito tempo homenageia o bambu verde

Seu tronco esguio e folhas frágeis,

Mas como ele se torna uma fortaleza, ó bambu.


(Refrão)

O cavalo relincha, investindo ferozmente.

Como uma tempestade furiosa e um vento selvagem 

Com a coragem de um jovem no campo de batalha 

Balançando o chicote de bambu em todas as direções.


(Ponte)

O cavalo relincha atacando ferozmente de 

Como uma tempestade furiosa e vento selvagem 

Com a coragem de um jovem no campo de batalha 

Balançando o chicote de bambu em todas as direções 


A história registra por milhares de anos que 

Um jovem salvando a aldeia 

Ele cavalga o vento em volta aos céus

 Sua fama se espalhando por toda parte 

E assim que nos levantamos 

Marchando com orgulho sem fim 

Hoje à noite temos uma história a escrever 

Estamos escrevendo a história hoje.







sábado, 8 de novembro de 2025

Djalma Pereira Campos: a Luz que Amanheceu no Cachoeirão

 

Djalma Pereira Campos completou 18 anos de idade 


Djalma Pereira Campos amanheceu maior de idade, e a data parece iluminar o Sítio São Sebastião como se o Cachoeirão inteiro respirasse mais fundo para recebê-la. Desde cedo, parentes e amigos cruzaram a estrada entre café e pasto, trazendo abraços, vozes, votos de futuro. A casa, na parte alta de Calheiros, parecia expandir-se para acolher o afeto que chegava em ondas.

O Cachoeirão, dono de colinas generosas, faz brotar café, gado e colheitas que sustentam o alto do município, mas há muito também produz outra riqueza: histórias. E Djalma, filho desse chão, faz parte da nova safra de escritores e poetas que voltam o olhar para a própria terra e dela extraem matéria viva.

Ainda tão jovem, já brinda Bom Jesus do Itabapoana com um feito raro: “O Novo Legado, Um Mistério em Bom Jesus”, seu primeiro romance, lançado com brilho pela Editora O Norte Fluminense. Nele, caminha um casal que atravessa dores antigas e desafios presentes, como quem percorre as estradas sinuosas da região, sempre guardando, porém, a centelha da esperança, essa que nenhum vendaval consegue apagar.

Neste dia especial, a equipe de O Norte Fluminense chegou ao sítio para saudá-lo. A tarde, então, ganhou ares de celebração mansa, dessas que se inscrevem na memória como um risco de luz.

Que Djalma siga traçando caminhos com palavras. Que seu talento inspire outros jovens a descobrir na leitura e na escrita um modo de abrir janelas no mundo. E que a cultura, nutrida por mãos como as dele, siga sendo a casa possível da paz.






Paisagem de Um Novo Tempo em Bom Jesus do Itabapoana





Ergue-se no bairro Lia Márcia um edifício de prováveis dez andares, largo como um gesto aberto, alto como uma prece que insiste em tocar o céu. No terreno onde um dia ressoaram máquinas da fábrica de doces Xamego e motores da antiga concessionária Volkswagen, instala-se agora outra cadência: a do futuro que chega devagar, mas decidido.

A poucos passos da UniFamesc, o prédio insinua um novo centro de gravidade para a cidade, um ponto de encontro anunciado antes mesmo de existir por completo. Sua presença demarca mais que um endereço; oferece medida concreta do ciclo econômico que renasce.

Para quem viveu o silêncio angustiado causado pelo fechamento da Casa de Saúde Aurora Avelino, pela partida da concessionária Volkswagen e pelo quase apagamento do Hospital São Vicente de Paulo, esta construção, somada à consolidação da Faculdade, ao renascimento do Hospital e a outros empreendimentos de destaque, representa uma alegria profunda, quase uma reparação. Bom Jesus volta a encontrar a própria vocação de crescer, de se reinventar, e nisso o movimento cultural acompanha, guiado por tantos que dedicam seus dias e noites ao que acreditam.

O que desponta, portanto, não é apenas o edifício físico, mas um edifício interno e coletivo: estrutura erguida de memória, identidade e pertencimento. Como se cada tijolo do prédio novo despertasse também a arquitetura secreta da cidade, essa que vive dentro de quem a habita.





 


 




'Sacrifício não valeu a pena': Veterano da 2ª Guerra lamenta situação atual do Reino Unido


O veterano Alec Penstone, então com 98 anos, presta continência enquanto discursa diante da estátua do Marechal de Campo Montgomery durante a cerimônia do Spirit of Normandy Trust em Coleville-Montgomery, França, às vésperas do 80º aniversário do Dia D, em 5 de junho de 2024.


Alec Penstone afirmou em entrevista à mídia britânica que o país "está muito pior" do que quando defendeu sua liberdade.


O mundo gira, mas nem sempre avança. Há épocas em que o relógio da História parece fazer tic-tac ao contrário, como se a promessa de um futuro mais luminoso tivesse sido escrita a lápis, fácil de apagar, fácil de esquecer. A teoria do progresso contínuo, tão confortável quanto ilusória, imaginou que a humanidade seguiria uma linha reta, semelhante à evolução descrita por Darwin. Mas a biologia nunca garantiu virtude, e a sociedade nunca garantiu sabedoria.

O progresso tecnológico cumpriu sua parte: elevou máquinas, conectou continentes, ampliou vozes. Contudo, enquanto circuitos se sofisticam, consciências parecem embrutecer. A contradição dói: cresce o alcance das mãos, encolhe a grandeza dos gestos.

É nesse cenário que o depoimento de Alec Penstone, veterano centenário da Segunda Guerra, ecoa como um lamento antigo que de repente soa atual. Ele viu a barbárie de perto, atravessou o frio cortante da Normandia e carregou consigo a fé de que valia a pena lutar por liberdade. E agora, diante do país que ajudou a salvar, confessa que o sacrifício “não valeu a pena”. Suas palavras são duras porque vêm de quem já viu o fundo do abismo e reconhece, com tristeza, que a borda se aproxima novamente.

A reflexão se estende para além do Canal da Mancha. Também aqui, onde a cordialidade é mito e a polarização se fez hábito, dois lados se devoram como se a nação fosse campo de batalha permanente. A crítica virou crime simbólico; a discordância, ameaça. Cancelam-se pessoas como quem apaga arquivos: rápido, sem remorso. A liberdade de expressão, que deveria ser espaço arejado, tornou-se sala estreita vigiada por sentinelas de todos os espectros.

O retrocesso civilizatório não acontece de uma vez. Ele se insinua no tom de voz, nos rótulos fáceis, no medo de falar, no silêncio escolhido para evitar feridas que já não cicatrizam. É assim que sociedades se encolhem. É assim que democracias perdem cor.

Alec Penstone, aos 100 anos, olha para trás e para frente ao mesmo tempo. Viu jovens morrerem por um ideal e agora vê o ideal perder sentido para muitos. Sua tristeza não é apenas memória: é advertência.

Talvez a crônica do nosso tempo seja esta: a tecnologia corre, a civilização manca, e cabe a nós decidir se continuaremos tropeçando, ou se ainda haverá alguém disposto a reconstruir, com paciência e lucidez, o país e o mundo pelos quais tantos lutaram.

Segue a matéria postada em



O veterano britânico Alec Penstone, de 100 anos, declarou que vencer a Segunda Guerra Mundial "não valeu a pena", diante do que considera o atual estado de deterioração do Reino Unido. A afirmação aconteceu durante o programa Good Morning Britain, nesta sexta-feira (7).

"Meu recado é que consigo ver claramente aquelas fileiras e fileiras de pedras brancas e as centenas de amigos que deram a vida. Para quê? Para o país de hoje? Não, sinto muito, mas o sacrifício não valeu a pena pelo resultado atual", afirmou Penstone.

Questionado sobre o que quis dizer, o veterano acrescentou: "Lutamos por nossa liberdade, mas agora está muito pior do que quando lutei por ela".

Os apresentadores agradeceram a Penstone por seu serviço e prometeram "continuar construindo o país pelo qual ele lutou". Emocionado, o ex-combatente respondeu: "Fico muito feliz em saber que existem pessoas como vocês que podem difundir a informação".

Durante a transmissão, uma integrante da banda D-Day Darlings, conhecida por interpretar músicas da época da guerra, presenteou o veterano com um novo álbum, "como um presente especial".

"Para agradecer a você e a outros como você por seus muitos e corajosos anos de serviço", afirmou a apresentadora.

Penstone tinha apenas 15 anos quando a Segunda Guerra Mundial começou, em 1939. Ele se voluntariou como mensageiro entre 1940 e 1941 e, posteriormente, ingressou na Marinha Real britânica, participando do desembarque da Normandia em junho de 1944.

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Meu cantinho da poesia!!!

 

Wilma Martins Teixeira de 


Na imensidão do deserto 

Onde nada se semeia

Fiz a minha oração 

E vi Jesus na areia


Vi flores em cercania

Vento e muita poeira

Jesus continuava lá 

Andando sobre a areia


É um milagre meu Deus!

No deserto só tem areia!

Foi Jesus que ali plantou

Para que você nele creia


WilmaMTC

09/08/2015




ENCANTOS GIL com a CIA CORRE COXIA: 11 de novembro

 


A Consagração da Trajetória Premiada do Mestre Daniel de Lima





Na noite de 6 de novembro, em Rio das Ostras, a arte ganhou novos contornos de celebração. O Mestre Artesão Daniel de Lima, escultor do barro e lapidador de destinos, recebeu três honrarias da Organização Mundial dos Defensores dos Direitos Humanos (OMDDH), títulos que soam como uma coroação a décadas de trabalho silencioso, paciente e profundamente humano.

O primeiro, “Destaque Cultural 2025”, reconhece sua dedicação às artes plásticas e sua devoção à escultura em barro como expressão de identidade e memória. O segundo, “Notável Saber em Artes Visuais”, celebra a grandeza de suas obras, espalhadas pelo Brasil como testemunhos de uma sensibilidade rara. E o terceiro, “Mérito Educacional 2025”, chancela seu papel formador: mestre que molda não apenas peças, mas futuros, profissionais, cidadãos, sonhadores.

Cada título ecoa o mesmo entendimento: o trabalho de Daniel é mais que artístico; é social, espiritual, comunitário. Seja criando peças de primor técnico, seja conduzindo oficinas que transformam curiosos em artesãos, seja articulando e fortalecendo a categoria, Daniel promove vida. Ele eleva renda, autoestima e horizonte. Em suas mãos, o barro encontra destino, e as pessoas, oportunidade. Sua trajetória constrói, pouco a pouco, um mundo mais humano e menos desigual.

Nascido em Recife, no bairro Afogados, em 1º de abril de 1977, Daniel começou sua jornada artística por acaso, ou providência. Aos 12 anos, ao acompanhar os pais até Tracunhaém, terra consagrada do artesanato em argila, testemunhou as filmagens de uma novela da TV Globo. Imaginou-se artista, pediu ao pai para ficar ali, entre parentes, na esperança de novas gravações. Mas o destino tinha outro roteiro: viu crianças modelando passarinhos de barro retirado das margens do rio e vendendo a turistas. Fascinado, imitou o gesto. E ali começou a alquimia entre suas mãos e a argila.

Em Tracunhaém, observando mestres e participando do Núcleo de Produção Artesanal, aprendeu a moldar, queimar e finalizar peças. A cidade, berço de grandes nomes do barro, foi sua escola viva. Ali também produziu obras em Nossa Senhora do Ó, ampliando repertórios e técnicas.

Depois, sua estrada o levou pela Paraíba, Sapê, Alhandra, por Brasília e, enfim, ao Rio de Janeiro, onde passou por Campos dos Goytacazes, Casimiro de Abreu e Rio das Ostras.

Desde então, sua obra ganhou amplitude, reconhecimento e, por vezes, fronteiras internacionais. Paralelamente, suas oficinas formaram gerações de novos artesãos, contribuindo para a transformação social de comunidades inteiras.

No barro, o Mestre Daniel de Lima escreve histórias. E agora, com estas honrarias, a sociedade escreve a dele.



















"Bailinhos na Garagem", por Rogério Loureiro Xavier

 


Olá 🖐 pessoa amiga e do bem. 


*"Bailinhos na Garagem"*


*'(Fizeram parte da minha infância)"*


Velhos Tempos... Belos Dias!


...E a elegância e carinho das meninas e meninos, com seus sonhos e desejos, "sem culpa" dos primeiros flertes???


Que tempo bom.... recordar me faz voltar ao tempo em que eu era feliz e não sabia.

O tempo passou muito depressa, que pena... mas Valeu! Tudo tem o seu tempo certo. Amei e amo todos os meus momentos, mesmo aqueles traiçoeiros. (Momentos que serviram e servem de ensinamentos e crescimento)


*"Momentos eternizados que o tempo levou deixando boas e sadias marcas no meu coração."*


Como dizem os poetas: 


"Os destinos estão escritos nas estrelas e não têm acordo."


Sigo em frente, quando olho para trás, sinto saudade... 


*"Sou alma e arte de um poeta sonhador."*


*"✍️ ... Rogerio Loureiro Xavier"*

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

O Clamor da História: A Esperança de Restaurar o Palacete para um Centro de Memórias

 O artesão que via arte onde outros viam ruínas: o legado de João Vermelho e o sonho de restaurar o antigo Palacete do Malvino Rangel em Bom Jesus do Itabapoana

Croqui, elaborado gentilmente por João del Fiume para o jornal O Norte Fluminense, previu a recuperação da fachada do Palacete do Malvino Rangel em Bom Jesus do Itabapoana



Em 2017, ao ser procurado pelo O Norte Fluminense, o especialista em obras de arte e no tradicional “círculo ordem romana”, João del Fiume, o conhecido João Vermelho, de Guaçuí (ES),  deixou registrada uma convicção que ainda ecoa como um chamado: “é possível restaurar a fachada do prédio do Palacete do Malvino Rangel, onde funcionou o antigo Fórum de Bom Jesus do Itabapoana”. Palavras firmes, ditas como quem toca uma herança com as mãos e com a memória.

João nasceu em 18 de novembro de 1928, na localidade de Santiago, zona rural de Guaçuí. Filho do italiano Américo del Fiume e de Diolinda del Fiume, nascida em Porciúncula (RJ), cresceu em meio a uma família numerosa: Altália, Tereza, Francisco, Maria da Penha, Bárbara, Maria Aparecida, América, Ativila, José Atílio e Maria José compunham o coral afetivo de onze irmãos que moldaram sua infância.

Aprendeu com o pai o ofício de pedreiro, mas foi no trabalho com a madeira que seu talento encontrou fluidez. João transformava matéria bruta em gesto artístico, como se cada peça guardasse um silêncio que só ele sabia despertar.

Explicava, com simplicidade, que o “círculo ordem romana” era “um artefato de obra de arte, como estátuas de leão e peixe, normalmente utilizados em peças de arquitetura”. E ao falar, revelava que ali havia mais que técnica: havia história, cultura, simbolismo.

Licenciado pelo CREA durante 35 anos, em um tempo em que a arquitetura ainda não estruturava presença institucional em muitas regiões, João dizia com naturalidade que sempre fora chamado para obras em Igrejas, espaços onde fé e estética se encontram. Seu currículo incluía inclusive trabalhos para a Caixa Econômica Federal, reafirmando a confiança que conquistara ao longo de décadas.

Ao  jornal O Norte Fluminense, naquele mesmo ano, João Vermelho ofereceu mais que uma opinião técnica: ofereceu um gesto de pertencimento.
“Coloco-me à disposição dos bonjesuenses para apoiar na restauração”, afirmou, com a serenidade de quem enxerga na preservação arquitetônica um dever de memória.

O sonho permanece vivo. Espera-se que a EMOP-RJ, Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro, possa, algum dia, restabelecer a fachada do histórico Palacete do Malvino Rangel. A proposta inclui a criação de um Centro de Memórias em uma das salas, um espaço que conte a trajetória do prédio e os fatos marcantes que ali ocorreram, como a visita de Getúlio Vargas Filho a Bom Jesus do Itabapoana.

Fato digno de ser perpetuado foi a realização do primeiro júri em nosso município, que ocorreu naquele espaço, e teve como advogado Boanerges Borges da Silveira, pai dos ex-governadores Roberto e Badger Silveira.

Também se deseja que ali sejam lembradas as personalidades presentes na despedida do antigo fórum, entre outros: José Borges Filho, Dr. Elcy de Souza, Ronaldo Almeida, Yolle Mello Teixeira, Hélvio Almeida, Ronei Almeida, Elói, Filhinho Barreto Loretti, Dr. Sebastião Freire Rodrigues, Dr. Geraldo Batista, Carlos Quintino, Dr. Francisco Batista de Oliveira, Braz Cyrillo, que trabalhou na construção do novo prédio, Leonides Catharina, Dr. Guth Gallo, Dr. Nivaldo Valinho, João Batista Vieira (Bulaia), Dr. Luiz Alberto e Paulinho Lupinha.

Cada nome desses é uma página viva. Cada tijolo do antigo prédio, um capítulo ainda palpitando. E cada palavra de João Vermelho, uma promessa de que, mesmo quando o tempo castiga, a memória sabe resistir.


Permanece a esperança de que a fachada do antigo Palacete do Malvino Rangel seja restabelecida, como projeto de resgate da história e fixação de um Centro de Memórias 

A despedida do Palacete do Malvino Rangel: José Borges Filho, Dr. Elcy de Souza, Ronaldo Almeida, Yolle Mello Teixeira, Helvio Almeida, Ronei Almeida, Elói, Filhinho Barreto Loretti, Dr. Sebastião Freire Rodrigues, Dr. Geraldo Batista, Carlos Quintino, Dr. Francisco Batista de Oliveira, Braz Cyrillo (trabalhou na empresa que construiu o novo prédio), Leonides Catharina, Dr Guth Gallo, Dr. Nivaldo Valinho, João Batista Vieira (Bulaia), Dr. Luiz Alberto e Paulinho Lupinha

 João Vermelho: vida de idealismo em Guaçuí

João del'Fiume, conhecido como João Vermelho, considerou possível a restauração da fachada do Palacete do Malvino Rangel