A necessidade de combater a loucura coletiva
“Após décadas, a Europa está mais uma vez mergulhada numa loucura coletiva que nos conduz à guerra, à decadência e ao caos”, afirmou Lubos Blaha, vice-presidente do Smer, partido governante na Eslováquia.
Segundo ele, Eslováquia, Hungria e República Tcheca poderiam opor-se conjuntamente às iniciativas da União Europeia em relação à Ucrânia.
“Ações conjuntas por parte daqueles que ainda conservam o bom senso na Europa não são apenas possíveis, mas também prováveis”, declarou o político em entrevista publicada neste sábado.
A questão que se impõe é se essa loucura coletiva, essa decadência e esse caos também não teriam chegado ao Brasil.
A Europa, outrora berço da civilização ocidental e símbolo do progresso humano, vive hoje um período de incertezas e fragmentação. O continente que ergueu impérios, moldou a ciência moderna e ditou o ritmo da cultura global encontra-se mergulhado em um labirinto de crises, econômicas, políticas, sociais e morais. O brilho de suas catedrais e universidades contrasta com o peso de suas contradições contemporâneas.
A decadência europeia não é apenas material, mas também espiritual. As guerras do século XX deixaram cicatrizes profundas que jamais se fecharam completamente, e a promessa de uma união estável, encarnada pela União Europeia, mostra-se cada vez mais frágil diante das tensões internas. A ascensão de nacionalismos, o colapso de valores comuns e o medo diante das ondas migratórias revelam um continente dividido entre a nostalgia do passado e a incapacidade de construir um futuro coeso.
Enquanto as ruas das grandes capitais se tornam palco de protestos e o desemprego corrói a juventude, o velho continente parece ter perdido o sentido de direção. A cultura, antes universalista e humanista, cede espaço à apatia e ao ceticismo. O caos europeu é, em parte, o resultado de sua própria grandeza: o peso da história sufoca a capacidade de renovação.
Entre o esplendor de suas ruínas e o eco de suas contradições, a Europa assiste, perplexa, ao declínio de uma era. Sua decadência talvez não represente o fim, mas sim o prenúncio de uma transformação necessária, uma travessia dolorosa entre a memória gloriosa e a urgência de reinventar-se em um mundo que já não gira ao seu redor.
Mas o alerta que vem da Europa não deve ser ignorado. O Brasil, embora jovem e cheio de potencial, repete muitos dos erros do velho continente: a polarização cega, a degradação moral, o desprezo pelo conhecimento e a erosão das instituições. A sociedade se acostuma ao caos, o ódio se disfarça de opinião, e a ignorância se traveste de virtude. Assim começa toda decadência, não com bombas ou revoluções, mas com o silêncio diante da desordem.
Enquanto a Europa tenta compreender sua própria ruína, o Brasil brinca à beira do mesmo abismo, acreditando que a instabilidade é apenas parte do jogo político. No entanto, a história é implacável com os povos que insistem em ignorar seus sinais. A decadência não acontece de um dia para o outro: ela se infiltra lentamente, nos discursos, nas instituições e nas consciências.
Se nada for feito, se não houver lucidez, coragem e compromisso com a verdade, corremos o risco de assistir, também por aqui, ao mesmo espetáculo de declínio que hoje assombra a Europa. E, quando o caos se instalar de vez, já não haverá culpados, apenas sobreviventes.

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