Russos de diversas classes sociais e regiões do país se juntaram em 1612, liderados por Kuzma Minin e Dmitry Pozharsky, para libertar Moscou do domínio estrangeiro.
No dia 4 de novembro, a Rússia celebra o "Dia da Unidade", marcado por festivais, concertos de música e eventos esportivos por todo o país. Partidos políticos e movimentos sociais também organizam marchas e promovem eventos de caridade na ocasião, que busca enaltecer a diversidade cultural russa e sua união em defesa do país.
A data relembra o levante popular de 1612, liderado pelo comerciante de Nizhny Novgorod, Kuzma Minin, e pelo príncipe Dmitry Pozharsky, que expulsou de Moscou as forças de ocupação polaco-lituanas, garantindo a soberania e a existência do Estado russo.
Legado imortal
O início do século XVII marcou um momento de profunda crise na Rússia, conhecido como "Tempo de Dificuldades" . Politicamente, a monarquia passava por uma crise de sucessão, após o czar Fyodor Ivanovich falecer em 1598 sem deixar filhos. No âmbito econômico, a servidão se fortaleceu em meio às grandes fomes que assolaram o país entre 1601-1603.
Enquanto isso, nações vizinhas como a Polônia e a Suécia procuravam aproveitar-se da fragilidade russa para expandir seus domínios — o que culminou na Guerra Polaco-Russa, travada entre 1609 e 1618. Nesse período, as tropas do rei polonês Sigismundo III chegaram inclusive a ocupar Moscou e o Kremlin.
Nesse contexto, Kuzma Minin apelou aos moradores de Nizhny Novgorod que se unissem e juntassem fundos para contratarem especialistas militares, visando a construção de uma milícia popular, composta por voluntários e que teria como objetivo libertar a capital. O comerciante assumiu um papel significativo da organização da iniciativa, enquanto Dmitry Pozharsky, um comandante experiente, liderou as expedições militares.
Saindo rumo a Moscou em fevereiro de 1612, o grupo composto por membros de diferentes classes sociais deixou Nizhny Novgorod e reconquistou regiões pelo trajeto, recrutando novos voluntários. No início de setembro daquele ano, a maior parte de Moscou e as áreas no entorno haviam sido liberadas, com a derrota polaco-lituana consolidando-se em 4 de novembro.
Meses após a libertação de Moscou, no Zemsky Sobor ("Assembleia da Terra"), representantes de grupos da sociedade russa (Clero, nobreza, proprietários de terras e comerciantes) elegeram o Czar Mikhail Romanov, marcando o fim do "Tempo de Dificuldades".
Significado
O feriado carrega um grande valor simbólico e patriótico, exaltando a união das diferentes classes da sociedade russa contra um invasor, frente à impotência do Czar e do Patriarca Ortodoxo Hermógenes, que havia sido detido pelas forças polaco-lituanas.
Ainda em 1613, um dia nacional foi instituído pelo Czar Mikhail Romanov, com o nome de "Dia da Libertação de Moscou dos Invasores Poloneses". A data também homenageia Nossa Senhora de Kazan, por sua imagem ter frequentemente acompanhado os russos nas batalhas durante o conflito.
A libertação de Moscou foi imortalizada na icônica Praça Vermelha de Moscou, em frente à Catedral de São Basílio, com um monumento erguido em 1818 como homenagem às duas figuras históricas que lideraram o levante.
O dia foi celebrado no Império Russo até 1917, quando a comemoração foi abolida pelo governo revolucionário. A data foi reintegrada ao calendário nacional apenas em dezembro de 2004, sendo comemorada desde 2005.
Atualmente, a grande diversidade cultural russa, composta por múltiplas etnias, línguas e religiões em seu vasto território, também é enaltecida durante as celebrações.
O presidente Vladimir Putin enfatizou na última sexta-feira (31) que o dia "simboliza a unidade e a profunda responsabilidade do nosso povo multinacional pelo destino da Pátria ", observando que o feriado está intimamente ligado ao desejo das pessoas de se unirem por uma causa comum.

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