quinta-feira, 20 de novembro de 2025

A Luz de Isac Nascimento no Dia da Consciência Negra

Isac do Nascimento: Farol da Igualdade em Rosal

Isac Nascimento: Um Homem Que Ilumina Muitos



No calendário das lutas e das memórias, o Dia da Consciência Negra não é apenas uma data: é um clarão que insiste em atravessar séculos de sombras. É o gesto de abrir janelas para que entre o vento forte daqueles que, antes de nós, caminharam com os pés feridos, mas mantiveram a cabeça erguida e o coração aceso. Nesse cenário de reverência e reconhecimento, o jornal O Norte Fluminense se irmana aos organizadores do 21º Evento Cultural de Consciência Negra de Rosal para prestar justa homenagem a Isac do Nascimento.

Isac não é apenas um nome, é uma presença, daquelas que chegam devagar, como quem não quer ofuscar ninguém, mas acabam iluminando tudo ao redor. Há pessoas que nascem fazendo barulho; outras, como ele, nascem fazendo sentido. E é esse sentido, profundo, necessário, urgente, que hoje celebramos.

A voz de Isac Nascimento é feita das manhãs de rádio, de risos e esperanças, de histórias contadas quando o sol ainda se espreguiça sobre os telhados. Por vinte e sete anos, ele fez da palavra um abrigo e da música um território de encontro.

Fundador da Rádio Nova Cultura, com o apoio do Jornal O Norte Fluminense, ergueu um altar para o som da alma regional, esse som que palpita nas feiras, nas praças, nas ladeiras do coração.

Radialista, produtor, jornalista, Isac é também um semeador de reflexos. Pelas suas mãos e pelos seus fones, nascem melodias, documentários, canções. Da TV Alcance ao Alcancy Áudio Estúdio, há mais de uma década ele molda o invisível: dá forma ao que vibra e corpo ao que apenas se sente.

Mas sua arte vai além da técnica. É fé em forma de som, ponte entre o sagrado e o cotidiano, gesto de quem acredita que cultura é cura, e que resgatar tradições é um modo de permanecer vivo.

Em Isac, homenageamos também todos os negros que iluminam o mundo com sua luta serena ou combativa, com passos de dignidade e sonhos insistentes que se levantam mesmo quando o mundo tenta empurrá-los para baixo. A história é mais leve porque eles a carregam. E é mais justa porque eles a contestam.

Isac representa o menino que descobriu cedo que a pele pode ser território e também bandeira; o jovem que aprendeu que cada conquista exige dobrar o destino; o adulto que sabe que igualdade racial não é favor, mas fundamento. Ele é o rosto de muitos: dos ancestrais que romperam correntes, dos contemporâneos que rompem silêncios e dos futuros que romperão injustiças.

No palco de Rosal, sua homenagem ecoa como canto coletivo, não apenas reconhecimento, mas gratidão. Gratidão por ser farol onde há descuido, firmeza onde há dúvida, poesia onde a vida insiste em ser prosa dura.

Assim, neste Dia da Consciência Negra, quando o país inteiro respira a memória de Zumbi e o sopro de milhões, celebramos Isac: sua coragem tranquila, seu caminho que inspira, sua luta que amplia horizontes.

E, ao celebrá-lo, celebramos todos os que, como ele, carregam no corpo a história e, na alma, a esperança.

Que a luz de Isac, essa luz que não se vangloria, mas nunca se apaga, continue a iluminar nossos passos rumo a uma sociedade justa, igualitária e plenamente humana, que ainda estamos aprendendo a construir.




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