terça-feira, 18 de novembro de 2025

De Diarista a Artesã: A Jornada de Maria e o Mestre Artesão Daniel de Lima



Maria das Dores, a que molda o mundo


Maria das Dores Azevedo dos Santos carrega no nome a força das Marias que sustentam o mundo, e, nos gestos, o brilho de quem transforma o comum em encanto. Nasceu em Mamanguape, terra quente de vento doce, mas há 17 anos finca raízes em Rio das Ostras, onde aprendeu a dobrar o tempo entre cuidar da casa, criar filhas, trabalhar na roça e dar conta das muitas casas onde é diarista requisitada.

“Orgulho de ser diarista”, diz ela, como quem reconhece que há dignidade no suor e poesia no cotidiano. Mas dentro do peito algo sempre sussurrou um chamado antigo: a arte.

E foi assim que, como quem reencontra um caminho deixado pela própria alma, Maria se aproximou do barro, matéria primordial, início e fim de todas as coisas. Sob a orientação do Mestre Artesão Daniel de Lima, suas mãos começaram a aprender a linguagem silenciosa da argila.

Barro é terra que pede calma, pede escuta. E Maria, acostumada ao ritmo exigente da vida, descobriu no molde uma nova respiração.

“Quero trabalhar em casa, no conforto do lar… quero vender o produto do meu trabalho. Não quero me aposentar como diarista, mas como artesã”, ela diz, com a firmeza de quem já viu muitos passos difíceis, mas não perdeu a esperança de trilhar os mais belos.

Porque a arte, afinal, é isso: um modo de contar o que a vida não dá conta de dizer sozinha.

Cada pessoa é uma história, e algumas, como Maria, são histórias que pedem para ser moldadas em barro quente. Histórias que se levantam do chão com a forma de sonhos.

E enquanto existirem mestres como Daniel de Lima, que carregam no olhar a vocação de transformar saber em semente, existirão Marias dispostas a florescer. Ele passa adiante a arte ancestral do barro; elas devolvem ao mundo peças que não são apenas peças, são pedaços de humanidade cozidos no forno da esperança.

No fundo, talvez seja essa a grande obra: cada mão ensinando outra mão a construir um mundo mais humano.

E Maria, que um dia foi só Maria, agora é também artista em nascimento, uma mulher que descobre, no silêncio entre as tarefas, que o barro a reconhece. Que o barro a chama. Que, no barro, ela se eterniza.



















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