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Joãozinho Borges e Gino Martins Borges Bastos, na Panificadora Borges, 11 de julho de 2014 |
Quando meu pai, Luciano Augusto Bastos, faleceu, no dia 8 de fevereiro de 2011, me vi no desafio de dar continuidade ao jornal O Norte Fluminense, para manter a tradição. Meu pai sucedera o irmão Ésio Martins Bastos, que fundara o periódico em 25 de janeiro de 1946 e faleceu em 2003.
Me recordo que, desde criança, meu pai me estimulava a produzir pequenos textos e poesias para serem publicados no jornal. O ambiente jornalístico e literário sempre esteve, portanto, ao meu redor.
Aceitei, então, o desafio e uma das primeiras tarefas a que me dediquei foi buscar informações sobre os nomes de bonjesuenses e bonjesuistas que eram frequentemente mencionados, especialmente por João Batista Assad, o Andorinha, notável diretor comercial do jornal.
Certa vez, em 2014, em uma passada à antiga Panificadora Borges, encontrei com o saudoso Joãozinho Borges, filho de José de Oliveira Borges, o 1º prefeito de Bom Jesus do Itabapoana após a 2ª emancipação, empossado no dia 1º de janeiro de 1939. Solicitei, então, que ele pudesse contar causos sobre nosso município e ele prontamente aceitou.
Apresento, agora, aos leitores, três desses relatos.
PROVA
"Quando meu pai, Zezé Borges, ia deixar a prefeitura, um amigo o procurou solicitando um emprego de faxineiro num Grupo Escolar. Na época, contudo, era necessário que o interessado fizesse uma prova. Esse amigo foi, então, a Niterói, realizar o teste. O examinador disse a ele: "- para o senhor passar, terá de escrever o nome de Bom Jesus do Itabapoana, colocar a data e dar o nome de outros três municípios do estado do Rio de Janeiro". O candidato não conseguiu, contudo, indicar os municípios. O examinador disse, então: "- dê, então, dois nomes de municípios". Como o candidato também não conseguiu, o examinador afirmou: "- escreva ao menos um nome de município". O candidato ficou em dúvida. E o examinador: " - escreva, então, o nome do município onde você mora". E o candidato escreveu: "- Bom Jesus do Norte (ES)". E o examinador finalizou: "- aprovado!".
LÉ E O POSTE
"Lé era descendente de libaneses e costumava estacionar o táxi perto de um poste de luz, na Praça Governador Portela. Quando meu pai era prefeito, Lé pediu a ele que, quando morresse, pusesse o poste ao lado de sua sepultura. Quando Lé morreu, meu pai atendeu seu pedido. Aproveitou a reforma da iluminação que estava sendo feita na Praça e colocou o poste ao lado de sua sepultura".
AMADOR BUENO
"Amador Bueno não era bonjesuense. Era alto, mulato e vendia bebidas, tecidos e outras miudezas que trazia do Rio de Janeiro.
Por conta disso, ele nunca tinha despesa com almoço, uma vez que costumava aparecer nas casas para vender suas mercadorias na hora do almoço. Além disso, era costume das famílias oferecerem refeição aos visitantes.
Um dia, Amador foi realizar vendas em Rosal. Como ficou tarde, acabou dormindo por lá. No dia seguinte, bem cedo, montou o cavalo e veio embora para Bom Jesus. Ao passar por um atalho da Serra do Quinca Reis, na divisa com a fazenda de Alfredo Borges, ele olhou o relógio que apontava 10h10min. Pensou em ir imediatamente a esta fazenda, uma vez que, na roça, costumavam almoçar cedo. Ao chegar, pediu um copo d'água e ficou por lá até as 11h30min. Como ficou com fome, perguntou ao menino da fazenda: "- Não vão servir o almoço, não?" E o menino respondeu: " -Vão sim. Só estão esperando o senhor ir embora".
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