quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Pão do Padre: Culinária Açoriana em Bom Jesus



O Pão do Padre é produzido em Bom Jesus do Itabapoana 


No dia 25 de abril, por ocasião das comemorações do Mês de Padre Mello, um Gênio da Civilização e da Cultura, será servido, no Sarau Açoriano, na residência da Família Borges Bastos, uma culinária tipicamente açoriana: o Pão do Padre. O resgate foi realizado em 2015, por uma contemporânea de Padre Mello: Ruth Fragoso de Azevedo Silveira, em entrevista histórica ao JONF (Jornal O Norte Fluminense), que publicamos a seguir.


A ORIGEM DO PÃO DO PADRE 
(Testemunho de Ruth Fragoso de Azevedo Silveira)

"A irmã de Padre Mello, Maria Júlia de Mello, conhecida como Dona Mariquinha, veio com ele para Bom Jesus, no dia 18 de junho 1899, juntamente com Dona Cândida, mulher de posses e patroa de Mariquinha, que ajudou Padre Mello em sua ordenação. Mariquinha e Dona Cândida costumavam fazer um delicioso pão caseiro que era muito apreciado pelo pároco. Além disso, todos os dias, por volta das 15h, elas também vendiam o pão, para ajudar a manter os serviços da Igreja. Por este motivo, ele passou a ser chamado de Pão do Padre.

Eu conheci Padre Mello quando eu era muito pequena. Nasci em 18 de agosto de 1923. Fui batizada por ele, assim como minhas quatro irmãs.

Foi ele quem oficializou o casamento de meus pais José e Hermínia, e das minhas irmãs mais velhas. Não realizou o meu, por ter sido levado ao descanso eterno. Padre Mello se adaptou ao convívio da nossa Vila, por ter encontrado pessoas como ele vindas das belas paragens de Portugal.

Convivia com os meus avós paternos e maternos, por eles serem conterrâneos. Intelectual, além de sacerdote que com muito zelo conduzia seu rebanho para o bem.

Matemático, escritor, poeta, agrimensor, professor. Por algum tempo, ministrou aulas de português no Colégio Rio Branco. Exigente com a nossa língua, nos dava muita bronca quando não sabíamos conjugar um verbo, ou não sabíamos análise sintática.

Guardo suas poesias com carinho. Ele era apaixonado pela Festa de Agosto, ocasião em que a Igreja distribuía alimentos aos pobres. Era frequentador do lar de meus avós Manoel Antônio de Azevedo Mattos e Dª Terezinha. Meu avô, como bom português, sabia receber seus visitantes com bons vinhos.

Minha avó materna, filha de portugueses, era casada com o professor José Cândido Fragoso, e, ambos, tinham o vigário como um grande amigo, que sempre frequentava sua residência.

Todos os filhos de meus avós foram batizados por ele. Por ocasião da morte de minha tia Inhá (Maria Tereza), sua presença foi primordial naquele momento de tanta dor. Sua afeição por minha família era de muito amor. Deixou, para aliviar nossa dor e sofrimento, um lindo poema intitulado 'Gottas de Balsamo', escrito em 1902.

Padre Mello fez voto de pobreza. Seus pertences eram doados por amigos. A partir de certa época, ele foi morar em um pequeno quarto localizado ao lado da Igreja Matriz. Foi ali que ele faleceu, na mais absoluta pobreza.

Está aí o relato da vida deste Padre Mello que se tornou um mito em nossa cidade".

A saudosa Ruth Fragoso de Azevedo Silveira resgatou a história do Pão do Padre, em 2015. Mariquinha, irmã do pároco, e a acoriana Cândida, vendiam o pão, apreciado por Padre Mello, para custear as obras e despesas da Igreja


Arquivo de 2017


Pão do Padre em Bom Jesus do Itabapoana 



Padre Antônio Francisco de Mello, um Gênio da Civilização e da Cultura 

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