Ir. Josenira Rodrigues |
Irmã Josenira Rodrigues, nascida em Bom Jesus do Norte (ES), completou 26 anos de Congregação das Irmãs de Jesus na Eucarista e 23 de votos. Postamos, a seguir, seu lindo testemunho de vida.
“O amor Divino vos deve bastar, este sim deve ser forte,
penetrante no vosso coração para que vos dê a força de tudo sofrer por amor Dele. ” (Madre Gertrudes de São José)
Sou
a filha mais velha de um casal, que tem 2 filhos. Meu pai, José Maria
Rodrigues e minha mãe, Walnira de Souza Rodrigues, de família simples mas
cheios da graça de Deus. Desde pequena, fui inserida na vida da comunidade
eclesial, participando da catequese, das celebrações, dos momentos de formação
dos grupos de círculos bíblicos. Meus pais sempre muito católicos, deixaram-me
uma herança de princípios e valores humanos e cristãos, do qual, na
simplicidade e na generosidade, fui aprendendo a doar minha vida para que o
Reino de Deus pudesse acontecer.
Minha
mãe conta que, quando pequena, tirava o lençol do meu berço e colocava na
cabeça e saia pela casa rezando e ainda puxava meu irmão, Josimar de Souza
Rodrigues, pouco mais novo do que eu, para ir comigo rezando. Sinto que Deus já
sinalizava minha vocação, aos poucos Deus foi lapidando em mim a vocação à Vida
Religiosa.
Ir. Josenira, com os pais Walnira e José Maria, e o irmão Josimar |
Ir. Josenira e os pais José Maria e Walnira |
Logo
após a minha Primeira Eucaristia, com 7 anos, fui convidada para ser coroinha. O
que foi crescendo em mim o amor à Eucaristia. Todas as vezes que ia servir no
altar, era como se eu fosse inserida no mistério eucarístico de forma tão densa
e única que renovava em meu coração o desejo de consagrar minha vida a Deus.
Fui crescendo com esses sentimentos em meu coração. Participava de tudo o que
era possível na Igreja, levava muito a sério meus estudos e ajudava meus pais
nos afazeres de casa. Muitas pessoas falavam que eu era uma adolescente
diferente, sempre muito envolvida nas coisas da Igreja. Não tive interesse por
namorar, por farras, festas ... mas isso não me fez melhor ou pior do que as
meninas de minha idade. Só me sentia com sonhos e interesses diferentes.
Como
sempre gostava de ler, sempre procurava as revistas "Missão Sem Fronteiras" na
casa paroquial para ler e me encantava com os relatos missionários. Sentia que
era esse o estilo de vida que desejava. Tive um pouco de dificuldade, por parte
de minha família e alguns amigos, em aceitar minha decisão, mas nunca
desanimei. Buscava na oração força para ir descobrindo o que realmente Deus
queria de mim. Também me sentia interpelada pela realidade difícil de algumas
crianças que iam na padaria do meu pai pedir pão. Sempre pensava que um dia
poderia ajudá-las a ter uma vida diferente. Comecei a trabalhar como professora
dando aula particular, muito cedo. Sempre amei a profissão de professora e
acreditava que a educação iria mudar a sociedade.
Ir. Josenira na Capela do Centro de Formação Martina Torloni, em Vila Velha (ES) |
Aos
16 anos, conheci uma religiosa da Congregação das Irmãs Paulinas que me fez o
convite para conhecer a vida da congregação. Me interessei e comecei a fazer o
acompanhamento vocacional. Gostava muito do material que recebia para estudo e
procurava fazer tudo da melhor maneira possível. Mas sentia que meu coração
não era todo feliz, pois achava a vida missionária delas um pouco diferente dos
meus anseios, pois sempre gostei de trabalhar com crianças e em escola.
Aos
poucos, fui entendendo que, meu amor à Eucaristia, meu desejo de ajudar as
crianças que pediam pão na padaria de meu pai e o amor pela educação eram
aspectos do meu carisma pessoal que precisava ir configurando com o carisma
congregacional. Daí, o carisma das Irmãs Paulinas não era o que buscava.
Um belo dia, Padre Rogério Beber, que me
acompanhava na minha caminhada vocacional, me disse a respeito de uma Congregação que havia em Cachoeiro de Itapemirim, as Irmãs de Jesus na Eucaristia. Era uma Congregação de fundação
brasileira e capixaba, irmãs de vida simples e com trabalho voltado para os
pobres e em colégio. Me orientou a participar de um encontro em Jerônimo
Monteiro e que lá poderia conhecer melhor a Congregação. Fui participar desse
encontro e lá conheci a Irmã Enédia Caliman que, ao expor o carisma da Congregação, me encantou pela
simplicidade, pelo amor com que ela falava da Madre Gertrudes de São José,
fundadora da Congregação e o fato da Congregação ter o carisma Eucarístico e
trabalhar com educação. Pronto! Estava diante do caminho que Deus apontava para
mim. Fiz o acompanhamento vocacional durante 6 meses e, no dia 4 de fevereiro de
1991, ingressei na Congregação das Irmãs de Jesus na Eucaristia como
Postulante, em Colatina/ES. Durante o ano, fui conhecendo melhor a Congregação
e trabalhando o chamado de Deus em minha vida. Ajudava na Obra Social Pio XII,
como professora de datilografia, e nas atividades com as crianças eu ministrava as oficinas, assim como acompanhava as Irmãs
nos atendimentos às comunidades da Paróquia da Catedral. Em 1992, fui admitida
ao Noviciado, no bairro PTB, em Betim/MG. Esse é um tempo mais dedicado à oração, aos estudos da Congregação e da Vida Religiosa e, quando possível,
acompanhava as comunidades da Paróquia Imaculada Conceição. No ano seguinte,
fiz meu estágio vocacional em Teófilo Otoni/MG, ajudando na catequese,
juventude, liturgia e visita às famílias. Tempo muito importante onde fui
configurando a missão congregacional com minhas aptidões.
Em 31 de janeiro de
1994, no Centro de Formação Martina Toloni, em Vila Velha/ES, professei os
primeiros votos, sendo acolhida como Juiniorista na Congregação. Fui enviada em
missão para ajudar na formação de novas jovens e na pastoral na Paróquia Senhor
Bom Jesus, em Xique Xique/BA, por onde permanecei durante 3 anos. Meu trabalho
era voltado para a catequese, juventude e acompanhando às comunidades rurais.
Tempo de muitos desafios, principalmente o confronto com a pobreza e a miséria.
Depois, retornei para me preparar para fazer a graduação. Passei um tempo em
Belo Horizonte/MG, fui para Vitória/ES e, em agosto de 1997, passei a residir em
Cachoeiro de Itapemirim/ES, no Colégio Jesus Cristo Rei. Esse tempo foi muito
importante para minha formação, pois, na Casa Mãe, pude beber da fonte
inspiradora de Madre Gertrudes de São José. Como ela mesma afirma em uma de
suas cartas: “A Deus nada
é impossível porque Ele é o dono de todos os corações, e pode virá-los como Ele
quiser...” Assim, Deus também foi conduzindo minha vida. Meu trabalho
missionário no Colégio como professora de filosofia e religião e apoio nas
atividades pedagógicas fortalecia ainda mais meu carisma pessoal configurando com
o institucional. Ao optar pela Pedagogia, tinha a certeza de que, como Madre
Gertrudes, acreditava que a educação é sim um espaço transformador e a escola é
um espaço propício à missão, principalmente o lugar onde você tem um grande
contato com a criança e a juventude. Além dos trabalhos no Colégio, acompanhava
uma comunidade de periferia e projetos sociais do Colégio.
Sempre apaixonada pela vida de Madre Gertrudes,
seus escritos e a vivência na Casa Mãe, fui dando os passos necessários na
minha formação. Após a conclusão da graduação, fui enviada em missão para a
comunidade em Teófilo Otoni, onde trabalhei no Centro de Pastoral e como
voluntária em uma creche municipal. Depois, fui contratada para coordenar uma
casa de apoio a criança em situação de vulnerabilidade. No dia 29 de julho de
2003, em Vila Velha, professei os Votos Perpétuos. Em 2005, fui enviada para o
Colégio Nossa Senhora do SS. Sacramento, em Pirapora/MG. Aqui, assumi a missão
como vice-diretora e coordenadora pedagógica por 5 anos. Em 2010, assumi a
direção geral. Todo o meu trabalho busco realizar a partir do que acredito ser
uma escola católica, sempre procurando nos escritos de minha Fundadora
inspiração e encorajamento frente aos desafios. Além do trabalho no Colégio que
por si já é bem exigente e desafiador, procuro dar uma pequena contribuição na
comunidade eclesial da Paróquia São Sebastião como Ministra da Eucaristia,
Liturgia e Pastoral da Comunicação. Pela Forania, atuo na Pastoral da Educação
e Pastoral Vocacional. Além de auxiliar grupos de jovens, adolescentes e casais
com palestras e formação para catequistas.
Sou muito feliz na minha opção de
vida. Se tivesse que escolher, não teria
dúvida de que na Vida Religiosa é o meu lugar. Sou muito realizada no trabalho
missionário na educação, procuro
estar sempre atualizada, acompanhando as evoluções e mudanças no processo
educacional, me sinto próxima aos funcionários, assim como aos alunos. Sei que
ainda preciso aprender muito para que a gestão compartilhada possa ser sempre
uma realidade em nossa Escola, mais também tenho consciência de que grandes
passos já demos. Somos uma escola grande para nossa realidade, com mais de 660
alunos, da educação infantil ao ensino médio, com uma excelente aprovação em
vestibulares e em outros processos seletivos, várias premiações no esporte regional,
classificações em olimpíadas nacionais do conhecimento e reconhecimento de
gestão empresarial Nota 10. Em 2015, passei a coordenar também um projeto
social da Congregação “Espaço Madre Gertrudes”, em um bairro de periferia da
Cidade. Todo esse crescimento se dá por que somos uma equipe, buscamos o mesmo
objetivo e lutamos pelo mesmo ideal a partir do grande Mestre, Jesus Cristo e
fundamentada na filosofia de Madre Gertrudes de São José.
“A
gratidão é virtude que não pode faltar no coração de uma boa religiosa”. Com
essa frase de minha querida Madre Gertrudes, expresso minha gratidão a Deus,
por me chamar ao discipulado e me confiar uma missão nesse mundo, não por meus
méritos, mas pelo amor que Ele tem por mim. Gratidão a todas as pessoas que me
acompanharam, desde minha família às minhas formadoras e ao povo de Deus sempre
presente em minha caminhada, à Madre Gertrudes pelo legado deixado a nós e a
cada Irmã de Jesus na Eucaristia. Gratidão à Maria, minha companheira de todas
as horas na busca da fidelidade a Deus e ao seu Reino.
A
você, jovem, que deseja assumir um projeto de vida radical, venha seguir Jesus
Cristo, como Irmã de Jesus na Eucaristia.
Irmã
Josenira de Souza Rodrigues
Pirapora (MG),
19 de agosto de 2017.
Boa Tarde. Irmã Josenira, me lembro tanto de você quando eeu Morava em Carlos Chagas MG. Até fui visitada por você em minha casa.. minha mãe e eu ficamos muito felizes por sua presença. hoje moramos no estado de São Paulo. Há muito tempo. mas jamais me esqueço de você pois é pra mim uma pessoa muito importante. Obrigada por tudo. Com carinho Juliana.
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