terça-feira, 26 de abril de 2016

DR. JOSÉ SILVEIRA (um depoimento pessoal)


Francisco Verdan Corrêa Neto



Por volta de 1939, chegou a São José de Ubá o médico Dr. José Silveira, era o primeiro médico da localidade. Recém formado, trazia consigo um termômetro, um estetoscópio e um aparelho para medir a pressão arterial, e muita vontade de trabalhar.

uma senhora viúva - Dª Bajuta, filha de libaneses - lhe alugou parte da sua casa para moradia e instalação do seu consultório: a sala dela passou a ser a sala de espera do consultório, um quarto ao lado foi convertido no consultório propriamente dito. Outro cômodo passou a ser o quarto de dormir do Dr. José Silveira, e Dª Bajuta lhe proporcionou também as refeições. Acomodações  bem espartanas.

O Dr. José Silveira arranjou um pedaço de tábua e ele mesmo ali pintou "Consultório Médico" e a afixou à janela do seu improvisado consultório.

A notícia se espalhou. São José de Ubá nunca tivera um médico, apenas um farmacêutico, e os clientes começaram a chegar; uns pagavam  com galinhas, outros com ovos, outros com produtos de roça... A falta de dinheiro para consultas não era obstáculo para atendimento. Quem ficou mais feliz foi o farmacêutico, pois sua drogaria cresceu potencialmente.

Poucas semanas depois a esposa de um fazendeiro estava muito mal, e ele mandou alguém a cavalo levando outro cavalo arreado, chamar o Dr. José Silveira. Assim este chegou à fazenda, examinou a doente, escreveu uma receita (que deve ter assustado o farmacêutico) e determinou fosse ela imediatamente aviada São José de Ubá (que acordasse o farmacêutico e que não retornasse o portador sem os remédios. Telefone não havia. Pagamento, depois.

Isso demoraria algumas horas, e enquanto aguardava, o Dr. José Silveira fez-se de enfermeiro e foi tomando outras providências urgentes.

Quando os remédios chegaram, o Dr. José Silveira passou o resto da noite controlando o tratamento, e só depois a sair no dia seguinte quando a paciente demonstrou reais melhoras, com a recomendação de aparecer dias depois no consultório.

Então a surpresa: O fazendeiro em pagamento lhe ofereceu o cavalo (aquele que o conduzira na véspera) arreado, para que o Dr. José Silveira pudesse atender a sua clientela a domicilio. E o Dr. Silveira passou a ser um "santo milagreiro".

Dias depois uma pessoa estava castrando porcos numa casa ao lado, e lá estava o Dr. Silveira observando a operação. Depois de vir castrar um macho e uma fêmea, ele disse: " Agora é comigo!" e ele começou a castrar outros e outras, sob a admiração dos presentes e de quantos ou vários a história (onde já se via um médico castrando porco!?). E ele era veterinário também.

Naqueles tempos eu tinha uns 8 anos e morava na zona rural do alto Cubatão (Município de Itaperuna), a uns 500 m da divisa com São José de Ubá. Da minha casa a São José de Ubá são 9 km e para Itaperuna 15 Km. Isto posto, em toda aquela região fronteiriça tudo se fazia em São José de Ubá: registro de nascimento, batizados, casamentos, sepultamentos e pequenas vendas e compras (galinhas, ovos, sal, querosene, aviamentos de costura, minha mãe era costureira, roupas etc.).

Em Itaperuna só a venda de colheita, banco e compras de vulto.

Naqueles dias, a minha irmã Dalva estava com 2 anos e adoeceu gravemente. Os remédios caseiros e os de 3 farmacêuticos (Osvaldo Natividade, do Limoeiro, Rui Leite, do Toiama e o farmacêutico de São José de Ubá) nada resolviam, parecia que o óbito era certo.

Foi quando apareceu em São José de Ubá o Dr. José Silveira. Durante meses ele visitou a nossa casa para cuidar de minha irmã. Foi a primeira vez que ouvimos falar em sulfa, que curou a minha irmã.

Por volta de 1950 o Dr. José Silveira mudou-se para o Paraná. O resto é história.

Creio que pouca gente ficou sabendo o seu nome completo.

São José de Ubá ainda não resgatou a dívida que tem com o seu primeiro médico: a perpetuação do seu nome numa rua da atual cidade de São José de Ubá, rua Dr. José Teixeira da Silveira. 




Zequinha Silveira 

Nota de O Norte Fluminense: José Teixeira da Silveira, por ocasião da internação de seu irmão, o ex-governador Roberto Silveira, foi incansável na prestação de cuidados ao mesmo. 

Casou-se com Auta Silveira, tendo os seguintes filhos:

1) Heleno José da Silveira, advogado, médico e fazendeiro. Faleceu ainda jovem deixando dois filhos: Ana Caroline Milhomem Silveira, com 20 anos de idade, e Caio Milhomem da Silveira, com 12 anos. Sua mulher: Renata Milhomem;

2) Herval José da Silveira, médico casado com Diane de Lima Silveira, médica, com dois filhos: Herval José da Silveira Filho, médico, e Bruna de Lima Silveira;


3) Roberto da Silveira Sobrinho, médico.

Biografia resumida de Zequinha Silveira



José Teixeira da Silveira foi vereador, deputado estadual, deputado federal pelo Paraná e primeiro prefeito do município de Nova Esperança (PR)

 José Teixeira da Silveira, filho de Boanerges Borges da Silveira e Maria do Carmo Teixeira da Silveira, a Biluca, e irmão dos ex-governadores  Roberto e Badger Silveira,  nasceu, no Sítio Rio Preto, Calheiros, Bom Jesus do Itabapoana, no dia 15 de agosto de 1918.
 
Estudou na Escola Municipal da Barra do Pirapetinga, com a professora Olga Ebendinger. Posteriormente, estudou com a professora Amália Teixeira e no Colégio Rio Branco, em nossa cidade.

Cursou medicina na Faculdade Fluminense de Medicina a partir de 1943. Foi vereador entre 1935 e 1937, no município de Cambuci (RJ). Exerceu, ainda, o mandato de vereador, entre 1947 e1951, no município paranaense de Mandaguari.
Foi eleito o primeiro prefeito de Nova Esperança (PR), cargo que exerceu entre 1951 e 1954. Foi eleito, ainda pelo Paraná, deputado estadual, cargo que ocupou entre 1955 e 1959 e deputado federal, cargo que exerceu até 1963, ocasião em que abandonou a vida política, em decorrência da morte de seu irmão Roberto Silveira, em atentado ocorrido no dia 28 de fevereiro de 1962. 

Zequinha Silveira, assim como seus irmãos, foi fruto de educação esmerada de seus pais Boanerges e Biluca. Foi um homem, tal qual seus irmãos, que soube conciliar a dedicação à família, com a vida devotada à construção da família da humanidade. Faleceu no dia 16 de agosto de 2009, mas permanece presente na memória e no coração de todos os que acreditam na construção de um mundo diferente.

UMA CORRESPONDÊNCIA DE ZEQUINHA SILVEIRA PARA LUCIANO BASTOS, ADVOGADO, DIRETOR DO COLÉGIO RIO BRANCO, MEMORIALISTA



Edição de O Norte Fluminense, de agosto de 2002

Em 2001, Zequinha Silveira, ex-deputado federal pelo Paraná, e um dos mais brilhantes irmãos da Silveirada, como costumava ser chamada a reunião dos irmãos Roberto, Badger, Zequinha, Dinah e Maria da Penha Silveira, enviou correspondência para Luciano Bastos, diretor do jornal O Norte Fluminense e do antigo Colégio Rio Branco, informando sua biografia.



Ali, ele confirma que nasceu em Calheiros, na época conhecida como Santo Antônio do Rio Preto, narrando fatos relevantes de sua vida.

O bonjesuense Zequinha Silveira é, como toda a Silveirada, um exemplo de que uma política diferente é possível.






José Teixeira da Silveira foi vereador, deputado estadual, deputado federal pelo Paraná e primeiro prefeito do município de Nova Esperança (PR)

ZEQUINHA SILVEIRA VIVE!




 

 





















2 comentários:

  1. Sr. Francisco Verdan Corrêa Neto, que alegria enorme ler seu comentário sobre meu querido tio. Zequinha, como o chamávamos realmente foi um grande médico. Lendário, segundo seus colegas de profissão. Era muito comum médicos enviarem todos os exames para que ele chegasse a um diagnóstico e ele sempre o fazia com grande precisão.
    Minha irmã caçula, renal crônica, tratava-se com o famoso Dr. Jayme Landman, que foi colega de turma do Zequinha. Ele sempre nos dizia: "Eu era primeiro aluno junto com o Zequinha, mas devo reconhecer, ele era melhor que eu! Ainda não tínhamos terminado o curso e muitos médicos pediam a opinião dele; poucos pediam a minha!".
    Lamentavelmente ele abandonou a prática da medicina, mas mesmo até quarenta anos depois, com todo esse aparato moderno, seus colegas não abandonaram suas observações, em casos de dúvidas.
    Coedialmente, Ana Maria Silveira.

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  2. Linda história! digna de um Silveira filho de Bom Jesus

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