sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Ó SORTE DE OLHAR MESQUINHO



Ó sorte de olhar mesquinho

E gestos de despedida,

Apanha-me do caminho

Como a uma coisa caída...


Resvalei à via velha

Do colo de quem sonhava.

Leva-me como na celha

O sabão de quem lavava...


Quem quer saber de quem fora

Quem eu fora se outro fosse...

Olha-me e deita-me fora

Como quem farta de doce.


Fernando Pessoa.


Enviado por Antonio Soares Borges

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