segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

A Princesa Isabel e a Quase destruição do Quilombo do Leblon

 


Em 1886, um incidente quase provocou o fim do Quilombo das Camélias do Leblon, administrado pelo abolicionista português José Seixas Magalhães, e protegido pela Princesa Isabel e por Pedro II


Um grupo de abolicionistas amigos de Seixas, decidiram comemorar seu aniversário no quilombo com um grito imprudente: 


"Vivam os escravos fugidos!" 


Alarmando os vizinhos, o temido chefe de polícia João Coelho Bastos foi chamado para investigar.


Era conhecido na imprensa da época pela brutalidade com que tratava prisioneiros e escravos fugidos, ganhou o apelido de “rapa-coco” porque mandava raspar a cabeça dos Escravos fugidos e bandidos presos pela polícia.


Temendo sua prisão, Seixas e outros abolicionistas fugiram para a casa da Princesa Isabel em Laranjeiras.


A princesa ouviu-o com interesse e tranquilizou-o que falaria ao Imperador. Realmente a autoridade não devassou os rosais do Leblon. 


O incidente morreu num dialogo risonho. Foi em São Cristóvão.


O barão de Cotegipe encontrou D. Pedro II preocupado. 


“Que tinha havido no Leblon?” 


A presença de Isabel advertiu o presidente do Conselho da natureza da interpelação. 


Explicou, minucioso: 


“Os rapazes abusavam da tolerância do governo dando vivas sediciosos. Ademais, o Seixas asilava negros fugidos e não dissimulava essa cumplicidade.”


Dom Pedro II então perguntou que horas ocorreu o incidente. 


“Meia noite, majestade” 

“Ah, tão tardei” 


E trocando olhares com a filha:


-“Não; tão tarde assim, ninguém ouviu. . . ninguém ouviu...”


Cotegipe sorriu. 


Olhou o Imperador, que parecia bem humorado, e a princesa, com o rosto iluminado pela emoção que recalcava; compreendeu; e aprovou, levemente irônico:


“Se Vossa Majestade diz...” 


e a polícia acabou não investigando o incidente.


Seixas Magalhães no dia seguinte mandou as suas mais belas camélias para o Paço Isabel em Laranjeiras.


A Princesa apresentou-se em publico com uma daquelas flores a que os jornais da causa, com intenção dúplice, para lisonjeá-la e amofinar o ministério, deram o nome de "Camélias da Abolição".


Fonte: Princesa Isabel. A Redentora. De Pedro Calmon.



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Enviado por Antonio Soares Borges

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